Contador:
Atualizada em: Mar/2023

Prólogo

23 de dezembro. Um dia antes da véspera de natal.


— Eu não vou trabalhar com ela! — disse.
— E quem disse que eu quero trabalhar com você? — retrucou com uma pergunta.
Os dois se olharam e houve um fuzilamento mental de ambos.
— Eu não consigo acreditar que meus dois melhores funcionários são duas crianças. — O chefe bufou.
— É natal, senhor Carter! — choramingou.
— Eu sei! — Falou enquanto levantava as mãos em defesa. — Vocês serão muito bem remunerados. — Tentou persuadir.
Fazia, exatamente, quarenta e cinco minutos desde que os três estavam naquela gigantesca sala tentando entrar em um acordo. A Signature, marca de vinho muito famosa em Nova York, estava desesperada, pois, precisava de uma campanha para o Natal faltando dois dias para o mesmo.
— Essa conta é do , por que ele não pode fazer sozinho? — A garota sorriu sem mostrar os dentes.
— Ele jamais conseguiria terminar uma campanha tão rápido sozinho. — Carter olhou para que abaixou a cabeça. — É por isso que eu gostaria que vocês se ajudassem. — Explicou.
— Você, realmente, é um perdedor! — Ela fez questão de provocar.
— Você é tão madura, certo? — Perguntou, estreitando os olhos.
— Bem, eu conseguiria fazer sozinha. — Disse em um tom debochando enquanto levantava as sobrancelhas.
— Eu não preciso dela. — voltou seu olhar para o chefe e travou o maxilar.
Por uns segundos, sentiu um desconforto. Desde que chegara na empresa, há alguns meses, tinha visto um lado competitivo dele, mas, tudo que conseguia ver agora era alguém disposto a fazer ela se arrepender de cada palavra. O sadismo nos olhos dele anunciava que sentiria muito prazer quando provasse que ele era muito melhor do que ela no que eles faziam.
— Por que vocês não podem agir como profissionais? — Carter se irritou. — Essa competição idiota entre vocês é simplesmente ridícula e atrapalha a porra do meu trabalho. — Gritou.
— Ele que começou! — gritou levantando-se da cadeira. — Desde o dia que pisei aqui tudo que ele faz é encontrar algo para me tirar do meu ponto de equilíbrio e me irritar profundamente ao nível de eu querer cometer um assassinato e não pensar nas consequências que isso me traria. — Ela falou em uma velocidade absurda, então puxou o ar e respirou fundo.
riu, o que atraiu a atenção dela.
Ele riu porque pensou que não era muito difícil tirar do sério, uma pessoa volátil como ela estava propícia a situações em que facilmente poderia ser manipulada pelos outros e isso acontecia com bastante frequência. A garota caia quase que sempre no jogo psicológico dele, mesmo que por muitas vezes conseguia sair por cima.
Não entendia o motivo de toda aquela implicância dele. Observava, constantemente, seu comportamento com os outros funcionários e ele parecia ser indiferente, mas, com ela, desde o primeiro dia que adentrou a agência, bastou apenas adquirir sua primeira conta com uma marca e a perseguição começou. Pensou que talvez ele tivesse medo de perder o posto de melhor publicitário, visto que a cada dia mais, ela se destacava.
— Você se acha muito boa, não é mesmo, ? — Ele sorriu cínico.
A garota permaneceu em silêncio.
— Eu até deixaria você se colocar nesse lugar de vítima, se você não fosse tão insuportável. — Revirou os olhos e deu uma risada fraca.
— Como é? — Perguntou incrédula.
— É isso que você ouviu! — Ele se levantou da cadeira e eles puderam ficar frente a frente. — Você é ridícula com esse complexo de perseguição, como se não revidasse tudo que faço para você. — Gesticulou círculos com o dedo indicador ao redor do rosto dela.
— Complexo de perseguição? — O fitou com raiva.
— É! — Confirmou. — É até divertido porque você, talvez, seja a única que está no meu nível, nesse lugar. — Umedeceu os lábios. — Mas, eu acho que acreditei demais no seu potencial! — Debochou.
— Se sente tão ameaçado por mim? — Cruzou os braços com um sorriso intimidador.
— Como eu poderia? — Retrucou.
— Realmente precisa me diminuir para se sentir como alguém que é bom no que faz, quando você é um péssimo profissional? — Fez um bico, sendo sarcástica.
— Eu preciso te diminuir para colocar você no seu devido lugar. — Estufou o peito. — Você não é nada, ! — Balançou a cabeça negativamente. — É engraçado você dizer que conseguiria fazer essa campanha sozinha quando quase chorou por ter que trabalhar no Natal, você é fraca! — Cuspiu as palavras sem pensar em como elas atingiriam sua colega de trabalho.
Após ser bombardeada com tanta rispidez, por um momento, não soube o que responder. Ela já sabia que jogava sujo, então para sair por cima precisava ser alguém que não era, várias vezes, para as pessoas ao redor entenderem que a garota não era frágil.
O grande problema dele com a morena começou com o indesejado comportamento dela se achar o centro do universo, apesar de ser doce e atenciosa, prontamente, uma pessoa conseguia extrair o seu pior com o mínimo esforço possível. O seu lado negativo era movido pelo seu emocional, então para ele foi simples enxergar o quanto volúvel ela poderia ser se atingida no local e momento certo.
Já para garota era difícil decifrar o rapaz a sua frente, não conseguia entender de qual lugar havia tirado a ideia de que ser melhor que ela e obter todas as contas possíveis da agência era o retorno de que ele era um bom publicitário, não entendia quando foi que virou um padrão de medida para o mesmo.
Acordou do seu devaneio com o som da voz de ecoando novamente na sala.
— Eu não preciso dela! — Olhou para o senhor Carter que assistia a discussão até o atual momento. — Consigo entregar a campanha amanhã. — Assentiu com a cabeça e deu as costas em direção a porta.
— Nós podemos apresentar duas propostas, a melhor vence. — falou sem pensar muito.
, por favor, não! — Joseph respirou fundo.
— Eu aceito! — disse voltando o olhar para ela.
— Vale tudo? — Sorriu.
— Você quer dizer trapacear? — Perguntou ansioso.
— Fracos não trapaceiam, certo? — Questionou e a encarou por alguns segundos. — Vou te mostrar que fraqueza e o sobrenome não andam juntos. — Aproximou-se dele o suficiente para sentir a respiração pesada em seu rosto. — Você sempre gosta quando eu jogo sujo. — Colocou as duas mãos para trás.
De alguma maneira, podia jurar que ela estava tentando seduzi-lo.
— Eu já deveria esperar você querer trapacear. — Disse, chegando mais perto dela. — É o único jeito de você ganhar. — Mordeu o lábio.
— Ainda bem que você sabe! — O fitou de uma maneira tão sexy que pode sentir seu coração acelerar.
— Vocês dois, eu não vou tolerar...
— Está valendo! — O rapaz interrompeu seu chefe e respondeu .
— Eu desisto! — Carter jogou o corpo na cadeira.
A essa altura ele havia entendido que sua presença ali, não fazia mais diferença alguma. Observou seus funcionários deixarem sua sala sem ao menos se despedirem, pois, estavam ansiosos demais com mais um jogo estúpido que eles tinham inventado. Ainda que fosse bom vê-los sempre tentando extrair o máximo um do outro, não acreditava que esse comportamento poderia ter algum tipo de final feliz. Por outro lado, e se direcionavam as suas salas, tentados a destruírem qualquer possibilidade de vitória um do outro.
! — A garota o chamou, antes do mesmo entrar na sala dele. — Só não venha chorar quando perder a Signature para mim. — Ele apenas sorriu com o comentário e adentrou ao seu espaço.
Ao contrário da confiança que estava transparecendo, a garota morreria a qualquer momento, já contava até os segundos para tal feito acontecer. Enfrentar desse jeito permanecia sendo um hábito e por mais que tentasse ignorar, a tensão sexual entre os dois era gritante quando eles estavam nessa posição.
Após fechar sua porta, pode respirar um outro ar que não fosse o mesmo que o dele, sentia-se como se fosse envenenada toda vez por um vírus de um tesão reprimido que a perseguia por quilômetros e a deixava, sempre, sem uma saída para as baboseiras dele.
— Por que você sempre tem que ser tão burra? — Perguntou a si mesma.
O segundo estágio do misto de sentimentos que ele a causava, era a negação da sua falta de inteligência quando se tratava dos jogos psicológicos que o seu colega de trabalho fazia com a própria. sempre estava preparada para fazer o que queria, mesmo que sem querer.
O fato de que ele só precisava dizer que não achava ela o suficiente ou capaz de algo, apenas fazia com que todos os gatilhos possíveis dentro dela fossem ativados. No fundo, talvez, ela o deixasse acreditar que tinha algum tipo de poder sobre a mesma ou talvez, ele realmente tinha poder o bastante para cegá-la e entrar sem perceber nessa competição que o próprio começou.
Saiu do transe quando ouviu seu celular tocar.
— Oi, mãe! — Ela atendeu.
— Que animação é essa? — A senhora ironizou do outro lado da linha.
— Eu estou normal, mãe. — Resmungou.
— É natal! — Louise disse. — É o seu feriado favorito! — Justificou.
— Eu sei! — Suspirou.
— Querida, eu sei que não vai conseguir vir a Itália esse ano e que está morrendo de saudades do papai, mas, a família da Olivia vai te acolher exatamente como acolheríamos você. — Tentou acalmar a filha.
— Eu sei mãe, eu sei... — Respirou fundo. — É só que eu vou ter que trabalho no Natal e...
— O quê? — Interrompeu a garota. — Isso é um absurdo, trabalhar em um feriado tão importante, é quase como se fosse pecado. — riu com o argumento da mãe. — Eu estou falando muito sério!
— Eu poderia recusar, senhora , eu não estou sendo forçada. — Fechou os olhos enquanto procurava as palavras certas. — Eu só pensei que como não estaria indo ver vocês, poderia focar em outra coisa para não sentir tantas saudades. — Foi doce e sutil na sua explicação. — E eles vão me remunerar, então só uni o útil ao agradável.
— Apenas me prometa que não vai ficar trancada nesse escritório. — Pediu.
— Eu prometo que irei tentar. — Foi sincera.
— Eu amo você, meu bebê! — Louise falou com o coração apertado.
— Eu também, mãe! — Repetiu. — Boa noite na Itália! — Deu uma risada fraca e finalizou a chamada.
A saudade tomava conta do coração de , ter seus pais de forma presente em sua vida era algo que ela achou que nunca abriria mão, porém quando ambos decidiram voltar ao seus país de origem, não havia muito o que ela pudesse fazer, visto que já era adulta e podia se virar sozinha. Nascer e crescer em Nova York, provavelmente, foi uma das melhores coisas que já aconteceu a garota, apesar de ter visitado a Itália algumas vezes, sentia que não conseguiria se encaixar lá de qualquer forma.
Decidiu buscar conforto no notebook a sua frente. Começou a montar todos os esquemas da campanha de acordo com as ideias que já tinha em mente, pois, jamais começaria uma competição com , se não tivesse ao menos o esboço de alguma coisa.
Enquanto se desesperava em sua sala, pois, não tinha uma ideia sequer. Reclamou em seus pensamentos em como a Signature fazia campanhas de última hora, era algo que ele odiava com todas as forças possíveis, pois, sempre ficava preso no trabalho preparando as benditas peças para redes sociais ou produzindo vídeos comerciais de um dia para o outro.
Era diferente agora, pois, a intrometida da tinha que ter metido seu nariz de novo em suas coisas, apenas, para tentar provar que era melhor que ele e ficava bem difícil quando ela tinha um nariz tão bonito, não que ele prestasse atenção em partes do corpo dela, talvez só olhos ou o cabelo, que a garota sempre fazia questão de colocar por trás dos ombros quando eles estavam discutindo, mas, certas coisas eram impossíveis de não notar.
— Por que você aceita isso? — Questionou, apoiando seus cotovelos na mesa a sua frente e escondendo o rosto com a mãos.
Ao mesmo tempo que ele pensava no quanto era manipulável, ele da maneira mais fácil, constantemente, estava aceitando e acatando as confusões que sua colega de trabalho propunha. Estava começando a acreditar que qualquer dia perderia o juízo se ficasse tão perto dela como encontrava-se fazendo ultimamente.
Pegou seu celular e posicionou na sua frente, em um bom ângulo, para realizar uma chamada de vídeo. Após uns segundos, seu irmão atendeu.
— Eu vou matá-la! — disse impaciente.
— Sobre o que você está falando? — Nate perguntou confuso. — Deixa eu adivinhar, é a , não é? — Questionou risonho, depois que entendeu sobre o que, ou melhor, quem era o motivo da ligação.
— Ela é tão, tão... — Tentou achar as palavras.
— Gata? — O homem provocou.
— Cala a boca, seu idiota! — Disse irritado.
— Eu não entendo a sua implicância com essa garota. — Falou.
— Ela me irrita! — Mordeu o interior da bochecha. — Fica andando pelos corredores da agência como se fosse dona de tudo. — Bufou.
— Ok! — Revirou os olhos. — Bem, eu preciso trabalhar...
— Você acredita que ela agora quer competir para ver quem vai entregar a melhor campanha de Natal para Signature? — O fitou incrédulo pela tela do celular. — E por acaso essa é minha conta. — Proferiu as palavras arqueando as sobrancelhas.
— Eu acho que é justo! — Sorriu.
— O quê? — Indagou surpreso.
— Você prendeu a garota em um elevador da última vez e fez ela perder a apresentação dela para roubar a dela. — Nate expos sua opinião.
— Você supostamente não era para ser o irmão mais velho? — Segurou o celular e aproximou-se da tela. — Por que está defendendo ela? — Perguntou.
— Pare de ser um bebê chorão! — Pediu. — , mas, campanha de Natal? Isso significa que não vai chegar a tempo? — Suspirou.
— Eu vou ficar preso por aqui hoje e amanhã só consigo ir depois da minha apresentação. — Explicou.
— É o segundo natal seguido, a mamãe vai te matar. — Falou ansioso.
— O que eu posso fazer? É o meu trabalho! — Coçou a cabeça.
— Poderia dizer não! — Retrucou.
— E perder para ? — Questionou e o irmão bufou do outro lado da tela. — Eu prometo tentar chegar antes do jantar. — Forçou um sorriso. — Eu tenho que ir!
Despediu-se do irmão e desligou o telefone.
O fato é que tentava a todo custo evitar contato com o seu pai desde que havia cancelado o noivado com sua ex, Melissa, no último natal em família. Tudo o que o seu genitor sabia falar quando via o filho era sobre ele ter deixado escapar a única mulher que seria capaz de aguentá-lo. Na verdade, o velho não se importava se ela estava atrás de dinheiro ou não, só queria expor para o resto da família como o troféu de filho obediente.
Tornar-se um publicitário, na visão do pai, apenas tinha sido outro erro do filho, o mesmo sempre questionava os motivos de não agir como o irmão e seguir os negócios da família. E a razão era simples, ele queria paz e isso significava bater de frente com o senhor Harris e fazer o que ele gostava. Porém estava sem tempo para pensar nisso, deveria estar focando na campanha e consequentemente, na apresentação da mesma.
Os problemas de família dissiparam em sua mente e ele se dedicou apenas a Signature durante o resto da tarde, antes de sentir vontade de importunar a única pessoa dentro daquele lugar que respondia a altura suas implicações. Ficou sabendo que não deixou ninguém entrar no seu escritório, pois não gostaria de ser atrapalhada, então decidiu esperar mais um pouco para poder perturbá-la.
Umas horas depois conseguiu ouvir a voz da garota pelos corredores, achava impressionante como ela não se esforçava nem um pouco para disfarçar sempre que estava perto da sala dele, era quase como que gostasse que ele soubesse que ela estava lá. Porém dessa vez, mal sabia o que ela estava querendo aprontar.
— Sean, você tem o endereço do ? — Perguntou ao seu colega que estava sentado em uma mesa que ficava do lado de fora da sua sala.
— Para que você quer o endereço dele? — O loiro arqueou uma das sobrancelhas desconfiado.
— O senhor Carter está separando uns documentos confidenciais e quer mandar para casa dele, me falou que eram muito importantes para estarem sendo transferidos via e-mail. — Olhou para porta a sua esquerda, que era do dito cujo, e voltou seu olhar com um sorriso falso para o rapaz.
— Por que ele não entrega em mãos? O está na sala dele. — Indagou ainda confuso.
— Eu não sei Sean, será que deveríamos perguntar ao nosso chefe os motivos que ele tem para fazer as coisas? — Retrucou irritada.
— Jesus! — Resmungou. — Me desculpa, eu já te passo. — Fez um bico com raiva.
— Obrigado por fazer o seu trabalho! — Foi sarcástica.
Enquanto isso ouvia toda a conversa por trás da sua porta, como ele já havia dito anteriormente, ela não sabia disfarçar muito bem quando estava por perto.
— Pra que merda você quer o endereço da minha casa, ? — Perguntou a si mesmo em um sussurro. — Então, está disposta mesmo a trapacear. — Sorriu malicioso.
De certa forma, gostava mais quando via esse lado dela, tinha que admitir que ela ficava extremamente atraente quando estava planejando algo independente se fosse algo bom ou ruim. Mas, no caso dele, com certeza, coisa boa não estava em sua direção, nunca dava um ponto sem nó, ela definitivamente mandaria algo para sua casa para tirar ele do foco.
Resolveu pegar o que precisava e ir trabalhar em casa para que nada pudesse interferir seu caminho para vitória contra a garota. Após abrir sua porta, deu de cara com uma cheia de cinismo no rosto. Ela, definitivamente, estava aprontando alguma coisa, pensou.
— Você me assustou! — A garota murmurou.
— Ótimo! — Rebateu.
— Aonde você está indo? — Questionou após observar todo o material sendo carregado por .
— Para bem longe de você. — Ajeitou a alça de sua bolsa no ombro e chegou mais perto da garota. — Não importa o que você está tentando fazer, espero que arque com as consequências disso mais tarde. — A encarou por alguns segundos.
— Você entrou nisso porque quis. — A garota aproximou-se mais ainda dele, o suficiente para sentir a respiração dele sobre ela.
Sempre que discutiam, era como se fosse um hábito, eles faziam sem perceber, mas, sempre ficavam perto um do outro para diferir palavras enquanto podiam sentir as respirações de ambos se envolvendo em qualquer que fosse a discussão. As palavras podiam mentir, mas, ações nunca mentiriam. Eles gostavam daquilo seja lá o que fosse.
chegou mais perto da orelha dela.
— Quem me dera entrar em você! — Sussurrou malicioso no ouvido de .
Quando queria tirá-la do eixo, só bastava falar algo bem obsceno em um simples sussurro, era o suficiente para ela perder toda a pose de marrenta e mandona. E para desconfigurar ele, a garota só precisava ser doce e gentil como era com os outros, mas, nunca com ele, porém, na maioria das vezes que ele tinha esse tipo de atitude, ela não conseguia revidar na mesma moeda.
— Pervertido. — Disse com raiva, empurrou ele pelo ombro e seguiu caminho de volta para sua sala enquanto ouvia rir.
— Diga a Carter que eu fui mais cedo para casa para finalizar a proposta da Signature, por favor! — Pediu ao colega a sua frente.
— Não precisa se preocupar. — Sean respondeu. — Ele já liberou todos para o Natal, só está aqui quem ainda está resolvendo algumas pendencias para as campanhas desse fim de ano. — Explicou.
— Ele liberou todos para véspera também? — Questionou.
— Sim, apenas você e sua rival estarão aqui amanhã para apresentar a campanha para Signature. — Bufou. — Ridículo como eles sempre pedem tudo de última hora, não é? — assentiu.
Tentou pensar no que estava aprontando, mas, ignorou quando lembrou que havia muita coisa para terminar e que precisava ensaiar a sua apresentação no dia posterior. Então só dirigiu para sua casa e tentou seguir o cronograma que realizou mais cedo.

24 de dezembro. Véspera de natal.


acordou com o barulho da sua campainha tocando absurdamente.
— Eu estou indo! — Respondeu enquanto ainda tentava acordar.
Ainda confuso, acabou tropeçando em algo no meio do caminho, o que fez com que o rapaz do lado de fora do apartamento continuasse apertando o botão. Sabia que era véspera de Natal, mas, não imaginava alguém bater a sua porta as sete da manhã,
— Entrega especial de Natal para . — O entregador a sua frente anunciou.
— Mas, eu não pedi nada. — Disse desorientado.
— É por isso que é especial, é uma surpresa! — O jovem rebateu.
— Claro! — Ele assentiu, impressionado com a audácia do garoto. — Sabe dizer ao menos quem mandou? — Questionou.
— Infelizmente não, mas, imagino que há um bilhete dentro. — Sorriu. — Feliz natal, senhor! — Agradeceu de maneira terna e deu as costas.
segurou a cesta de uma maneira que ela não caísse até chegar a cozinha, não conseguia imaginar quem mandaria um café da manhã com uma temática natalina, sabendo que o próprio não gosta do Natal devido aos últimos acontecimentos. Respirou fundo antes de abrir a embalagem e ver de quem era o recado, desejou que fosse de qualquer pessoa nesse mundo, menos de sua ex.
Melissa havia parado de assediá-lo, querendo conversar ou indo atrás dele para que ele mudasse seu pensamento, então, não duvidava que ela pudesse mandar um presente como esses, justamente, em um dia como esses, esperando mais compaixão da parte dele. Apressou-se em apoiar a cesta em cima da mesa, retirar o pequeno envelope de dentro e abri-lo.
“Feliz natal para meu perdedor favorito!”
.
O primeiro nome que veio a sua cabeça foi esse, obvio que ela o provocaria de alguma maneira, ele até estranhou o comportamento silencioso da garota de ontem para hoje. Mesmo com o comentário desnecessário, foi uma atitude suficiente para desconcertar um pouco, era só disso que ela precisava para ele fugir do lado maquiavélico dele, ser doce e gentil da mesma maneira que ela agia com os outros ao seu redor.
— Então... — Ficou pensativo ao olhar para o lindo presente. — Era para isso que você queria meu endereço? — Posicionou uma mão na cintura enquanto passava levemente o papel pela boca. — Você não seria tão boazinha assim, seria? — Indagou.
Esfregou os olhos, ainda sem acreditar na gentileza dela, a conhecia o suficiente para saber que isso não era por acaso. Ela sabia exatamente o que estava fazendo, queria tirá-lo da jogada e como mais poderia fazer isso se não fosse sendo a pessoa que queria que ela fosse. Mesmo assim, mesmo que fosse uma mentira, ele não podia fugir do sentimento de que havia gostado daquilo.
— Muito fofo, ! — Sorriu segurando o bilhete. — É uma pena que eu odeie o Natal. — Jogou o cartão de volta para dentro da cesta.
Optou por deixar a surpresa de lado e tomar apenas uma grande xicara de café preto, o bastante para mantê-lo acordado o resto de dia, não demorou muito para fazer o suficiente e beber enquanto escolhia a roupa que usaria na apresentação para Signature.
Após tomar um banho quente, vestiu-se com uma camisa social azul escuro e uma calça jeans preta, gostava dessa combinação, pois, normalmente, utilizava nos dias que precisava de sorte e sempre dava certo, mas, ele não podia o que ainda estava por vir.
Direcionou-se para o estacionamento do seu prédio em busca do seu carro, um tanto ansioso, sabia que tinha criado uma boa proposta, mas, não sabia se a melhor. Reprendeu a si mesmo por ter tomado tanta cafeína, toda agitação presente no seu corpo poderia ter sido resultado da sua atitude. Fechou os olhos, tentou respirar fundo e expelir o ar da maneira mais leve possível.
— Hoje não, por favor! — Ele disse após abrir os olhos e ver um dos pneus furado.
Correu em direção ao automóvel para conseguir ver mais de perto o que tinha acontecido e, só então, deu-se conta que não apenas um, mas, os quatro pneus haviam sido furados e não vinha outro nome a sua mente, a não ser Green. Era nítido que ela não seria gentil com ele, porque ele se deixou pensar que poderia ser diferente. Era possível sentir o ódio o corroendo por dentro.
— Sua vadiazinha de merda! — Proferiu as palavras com uma raiva enorme no peito. — Eu sabia que você ia jogar sujo, por que fui tão estupido? — Colocou as duas mãos na cabeça, desesperado.
Mesmo que chamasse um carro por aplicativo, jamais chegaria na hora certa, pois, havia perdido tempo demais, admirando a porcaria de surpresa que a senhorita problema o mandou. Pegou seu celular e não pensou duas vezes antes ameaçar a garota.
“Eu vou matar você!”
O celular vibrou em cima da mesa da sala de reuniões e sorriu ao ver a mensagem na tela, com a sensação de missão cumprida, ela soube que não conseguiria apresentar sua proposta e que independente de ser a melhor ideia ou não, ela venceria, pois, não havia com quem competir.
— Então senhores, é exatamente isso o que queremos comunicar, que o vinho pode nos trazer esse conforto ao lado da pessoa que amamos. — Sorriu serene e utilizou um controle para pular no sentido do slide final. — Você pode ter uma noite em família, como também uma noite calorosa com o amor da sua vida, desde que a Signature esteja presente no seu Natal. — Finalizou a apresentação e aguardou os aplausos dos três homens a sua frente.
— Você é uma grande salva vidas, senhorita ! — Thomas a elogiou.
— Está sensacional! — Mitchel concordou. — Onde estava escondendo essa preciosidade, Carter? — Questionou o amigo ao lado e todos riram, inclusive ela.
— Fico feliz que tenham gostado e acho que realmente o não conseguirá mais comparecer a essa altura do campeonato. — Joseph disse sem graça.
— Sim, teríamos outra proposta para apresentá-los, mas o senhor teve um problema com o carro, infelizmente. — Reproduziu uma feição triste com o rosto.
— De qualquer maneira, ainda escolheríamos esse conceito que nos apresentou, tem tudo a ver com a nossa marca e para algo que pedimos em cima da hora está além de qualquer outra campanha que já tivemos. — Mitchel frisou o motivo de gostar tanto da ideia.
— E a partir de hoje, queremos que tenha o controle da nossa conta aqui na agência. — Thomas sorriu. — Não nos leve a mal, adoramos tudo o que o fez por todos esses anos, mas, a sua ideia nos cativou de um jeito que não conseguimos expressar em palavras.
— Eu não sei nem como agradecer, eu ao menos esperava que você fossem gostar tanto assim. — esboçou o maior sorriso que pode.
— Nós amamos senhorita , e esperamos que a partir de meia noite já esteja rodando em todos os lugares possíveis que foi nos apresentado. — O mais velho entre eles, Mitchel, foi direto. — Bem, feliz natal! — Desejou.
— Obrigado, novamente, Carter! — O mais novo agradeceu. — Senhorita , espero que nos perdoe por arruinar seu Natal! — Assentiu com a cabeça e um sorriso no rosto em forma de cumprimentá-la.
Depois de se despedirem Joseph e levaram os dois para o elevador e o chefe da garota só esperou as portas do mesmo fecharem para fazer uma pergunta para ela que não tirava o semblante de vitoriosa da cara, não pelo fato de ter conseguido entregar a campanha, mas, sim por ter vencido a aposta com .
— O que você fez? — Carter a questionou.
— Eu mandei uma cesta de Natal para distraí-lo tempo suficiente para ele não ver que eu havia furado os quatro pneus do carro dele. — Não conteve a risada.
— Ele vai matar você! — O senhor a sua frente disse com toda certeza.
— Eu sei! — Ela continuou rindo.
— E eu não quero estar aqui quando isso acontecer, então por favor, organize as artes e as envie o mais rápido possível para onde elas devem aparecer a meia noite, ok? — Chamou a atenção da sua funcionária.
— Pode deixar! — Concordou gesticulando com a cabeça.
Posteriormente ao desejar boas festas ao seu chefe, direcionou-se para sua sala, agora que havia conseguido o queria, finalmente com uma derrota, sentia-se vazia de alguma forma. Gostaria de entender a razão pela qual o seu inimigo fazia tanta questão de vivenciar essa sensação a todo momento.
— Você é uma vadia sem coração mesmo! — entrou gritando no escritório dela, fazendo com que a mesma se assustasse.
— Quem você pensa que é para me chamar de vadia? — Questionou com raiva.
— Quem, você... — Apontou o dedo para ela enquanto jogava a sua bolsa em um pufe rosa posicionado do seu lado esquerdo. — Pensa que é! — Travou o maxilar e a garota não pode evitar o frio na barriga.
— Não se atreva a chegar perto de mim! — Pediu, afastando-se para atrás e batendo na sua escrivaninha.
— Ficar longe de você? — Estreitou os olhos enquanto dava passos em direção a ela. — Além de perder a minha conta de anos para alguém como você, eu ainda vou ter um prejuízo enorme com a porra do meu carro. — Prendeu a morena contra a mesa que estava atrás dela.
— Você disse que valia tudo. — Ela justificou sem encará-lo. — Você já sabia que iria jogar sujo. — Falou baixinho.
— Jogar sujo? — Puxou o queixo dela fazendo com os olhos dela encontrassem os dele. — Jogar sujo é você me fazer acreditar que realmente me mandaria a porra de uma cesta de café da manhã. — Alcançou o rosto dela só para que pudesse sentir a respiração, como sempre fazia.
— Eu achei que sempre esperasse o pior de mim, então não achei que fosse burro ao ponto de acreditar que era sério. — Umedeceu os lábios, nervosa.
— Você me chamou de que? — a pressionou mais forte contra a mesa.
— Eu sinto muito! — Choramingou.
— Isso não é suficiente para pagar os danos do meu carro. — Ele a suspendeu em um súbito e a colocou sentada na escrivaninha, ficando entres as pernas dela.
— O que você vai fazer? — Engoliu seco.
não conseguia acreditar no que estava acontecendo. , definitivamente, estava fora de si, mas, ele nem imaginava que estava fazendo o sexo dela latejar com todo aquele comportamento e aquelas frases com duplo sentido, por um momento ela até esqueceu o quanto o odiava. Está na posição de garota indefesa estava despertando um tesão enorme nela.
— O que você acha que eu vou fazer, ? — Ele sorriu de uma maneira sacana.
E mesmo sem saber, poderia tê-la por inteira naquela mesma hora.
— Não me chame assim! — Tentou sair do lugar que estava e a encurralou mais ainda.
— Não gostou do apelido que acabei de criar para você? — Segurou o rosto dela para conseguir enxergar o que ela não queria demonstrar.
— O que você quer, ? — Perguntou irritada e pode perceber o quanto suas bocas estavam próximas.
— Tudo o que eu mais quero agora é te enforcar de um jeito que você vai ficar correndo atrás de mim igual a uma cachorra, implorando para que eu acabe com você aqui mesmo nessa mesa o resto da sua vida! — colocou as mãos na cintura dela e apertou com tanta força que foi possível escutar deixar escapar um pequeno gemido.
Um silencio predominou a sala. Era um tanto confuso explicar o que estava acontecendo naquele ambiente, mas, os dois se perguntavam se era normal sentir tanta excitação e desejo em uma questão de segundos. O que poderia ser compreendido era que não sabia o que estava fazendo, estava repleto de ódio, queria puni-la de alguma forma. Só não imaginava que ela gostaria de ser punida.
— Então faça! — sussurrou, esfregando os lábios no dele e partindo para um beijo.
A ação foi tão repentina que ele correspondeu da mesma maneira, era notável que ambos queriam isso há muito tempo só pelo jeito como se devoraram a cada milésimo. As línguas se encontrando com tanta ferocidade, a falta de ar, o calor correndo por todo corpo.
As mãos de que estavam na cintura a essa altura haviam subido para costas da garota, deslizando no tecido de seda da sua blusa. apartou o beijo, jogando a cabeça para trás, como sinal para que a tocasse no pescoço. Ele não demorou muito para percorrer toda a pele macia dela com a boca e depositar algumas mordidas.
Logo a morena o trouxe de volta ao encontro dos seus lábios e voltaram a se beijarem desesperadamente, eles podiam tentar disfarçar o quanto quisessem, mas, tanto ela quanto ele queriam que isso acontecesse. o puxou mais para perto comprimindo o corpo dele contra a intimidade dela, sem afastar sua boca da dele e não demorou muito para sentir uma ereção.
Foi a deixa perfeita para que entendesse o que estava acontecendo e se distanciasse da garota.
— Não! — Falou uma vez. — Não! Não! — Começar a falar sem parar com a mão na cabeça.
— O quê? — desceu da mesa nervosa.
— O que você fez? — A fitou surpreso.
— Eu achei que era isso que você queria, e-eu... — Gaguejou.
— Ai meu Deus! — Bufou. Pegou sua bolsa e saiu em disparada do local, deixando a garota completamente perdida.
Ela deve ter ficado paralisada em sua cadeira por no mínimo umas duas horas, tentava reconstruir a cena em sua cabeça e se perguntava em que momento ela achou coerente beijá-lo. Isso simplesmente mudava tudo e poderia até prejudicar os dois dentro da empresa.
A garota começou a se perguntar o motivo de mesmo sem querer ainda cometer os maiores erros da história da humanidade. Dramática, talvez. Mas, quando se tratava dela era o que normalmente deveríamos esperar, uma enorme quantidade de drama e vitimização pelos seus próprios erros.
Por mais que tentasse sair do escritório, não parecia uma opção viável para ela que se sentia demasiadamente envergonhada. Buscou em seus pensamentos uma maneira de consertar a burrada que tinha feito e logo que pensou em algo para amenizar a situação, foi rápida para entrar em contato com quem era necessário.
— Eu irei ficar muito agradecida se puderem deixar exatamente nesse endereço que eu disse. — Disse com o celular no alto falante já que estava concentrada no seu notebook com as artes da Signature. — Eu já efetuei a transferência, irei mandar o comprovante agora para vocês. — Agradeceu e desligou.
Já era perto das seis da noite quando ela começava a se organizar para poder ir para casa da família de sua melhor amiga Olivia e ouviu três batidas em sua porta. Uma pequena frecha foi aberta e ela pode ver o rosto de com uma feição triste, o que a deixou surpresa, já que esperava que ele não falaria com ela tão cedo.
, me desculpa. — A garota levantou-se da cadeira de supetão. — Eu...
— Pode parar! — Ele a interrompeu e abriu a porta, fazendo com que as sacolas que ele segurava entrassem no campo de visão dela. — Nós temos suco de laranja e comida japonesa. — Colocou tudo em cima da mesa de centro que tinha na sala enquanto falava.
— Comida japonesa? — Ela sorriu.
— Eu sei que é a sua favorita. — conseguiu encará-la após um tempo.
— Como você sabe disso? — Questionou chegando mais perto dele.
— Você sempre faz questão de dizer, não importa onde esteja. — Debochou da garota que era sempre previsível. — É uma oferta de paz! — Disse.
— Não era eu que supostamente deveria estar fazendo isso? — Indagou sem graça.
— Eu disse coisas terríveis a você, , e te tratei como um objeto. — Engoliu seco. — Minha mãe não se orgulharia disso...
— Você voltou aqui por causa da sua mãe? — Perguntou confusa.
— Não! — Disse impaciente. — Eu voltei aqui porque eu sinto muito, nós fizemos uma aposta, colocamos nossos termos e você ganhou dentro desses termos, eu não tenho direito algum de vir aqui e tentar te matar. — Gesticulou com as mãos.
— Você, realmente, iria me matar? — Questionou desconfiada.
— Se você não tivesse me beijado, eu não sei o que teria acontecido. — Ele a encarou.
Ambos riram por um curto período de tempo.
— Sobre isso... — tentou falar algo após cessar sua risada.
— Apenas vamos deixar para lá! — não deu tempo para ela se explicar. — Se eu fosse você também iria querer me beijar. — Justificou e a garota sorriu com a resposta porque era exatamente algo que ele diria se os estivessem em uma confusão.
— Claro, não é mesmo? — Falou como se fosse algo obvio.
Eles riram novamente até o silencio dominar outra vez aquele espaço.
— Bem, aproveite sua refeição! — Ele disse com um sorriso e assentiu.
Abriu as sacolas, enquanto observava ir em direção a porta.
— Nossa! — Ela riu nasalado e o rapaz olhou para trás. — Você trouxe comida para dois, estava esperando que eu te convidasse? — O encarou de forma irônica.
— Você vai me convidar? — Forçou um sorriso.
— Você quer ficar? — Respondeu ele com outra pergunta.
— Você está aqui sozinha, não prefere estar acompanhada? — Retrucou.
— Não iria para casa da sua família? — Questionou.
— Eu não curto muito o Natal. — Tentou se explicar. — Eu... — Respirou fundo para encontrar as palavras certas. — Por favor, você pode ser a desculpa a qual eu não precise ir para lá? — Pediu, sem graça.
— Por que? — Perguntou curiosa.
— Para ser honesto, eu prefiro estar aqui com você do que ter que ver o meu pai. — franziu o cenho, um tanto surpresa com aquela novidade e como ele havia se aberto para ela.
Seu celular vibrou, a impedindo de responder naquele momento.
“Cadê você? Sério que não vir para ceia de Natal?”
Era Olivia.
“Me desculpa!!! Presa no trabalho, produzindo aquela campanha que te falei!”
“Nossa! Que merda, hein?”
“Eu prometo passar por aí amanhã! Te amo! Feliz Natal!
“Feliz natal, babe! Te amo mais!!”
— Quem era? — perguntou após observar ela bloquear o aparelho.
— Era minha melhor amiga. — Sorriu.
— Você tinha planos com ela? — Questionou desconfortável. — Eu posso ir embora, eu não quero...
— Ela só estava me desejando feliz natal. — Ela o interrompeu.
Por mais que houvesse o sentimento de ódio entre eles, era perceptível que não estava bem, fora o fatídico acontecimento mais cedo entre os dois, ele ainda havia revelado um lado mais sensível a , problemas com o pai, odiar uma das maiores festas de tradição que existe no mundo, raiva excessiva, ou seja, todos os sinais possíveis que precisava de uma companhia diferente hoje.
— Vamos comer? — Questionou sorrindo com os olhos.
— Obrigado! — Ele assentiu com a cabeça.
Sentaram no chão, retiraram tudo o que havia trazido de dentro das sacolas e ajeitaram na mesa de centro. Não demorou muito para que pudessem atacar toda aquela comida na frente deles. Ambos não tinham comido nada durante o dia inteiro, apenas café preto. Não percebiam as semelhanças entre eles em relação a tantas coisas.
— Ainda deve um pedido de desculpas pelo meu carro! — resmungou de boca cheia.
— Nunca! — riu e foi acompanhada por um sorriso do rapaz a sua frente.
A garota percebeu que era a primeira vez que via sorrindo de forma sincera, tantas vezes, em um único dia, para ela.
— Você beija muito mal, por sinal! — Disse. — Eu acho que te odeio mais ainda agora! — Foi irônica, o que arrancou mais uma risada dele aquela noite.
De alguma forma, vê-lo feliz a deixou confortável. Ela sabia que quando voltassem ao trabalho após as festas, os dois ainda iriam brigar e quase se matar no dia a dia, mas, o agora estava valendo cada segundo, pois, era natal e parecia ter algum problema não resolvido com seu pai que estava o deixando mal, então se ele estava sorrindo perto dela, significava que ela estava fazendo a coisa certa.
— Você também beija muito mal, não me peça para falar sobre isso. — Disse e colocou mais uma peça de sushi na boca.
riu.
Por mais que a odiasse, sentiu que sua noite não poderia ser a mesma se ela não estivesse lá, foi a escolha certa ter voltado e não importava se depois eles iriam continuar discutindo ou pensando em cometer possíveis crimes passiveis, ainda valeria a pena se ele estivesse comendo sushi com ela em uma véspera de natal. Pensou em como gostaria de ter essa todos os dias e se arrependeu por ter passado a imagem errada para ela.
— O que está pensando? — Ela o questionou.
— Isso é real? — Fez um bico. — Nós dois comendo juntos, em uma véspera de Natal, mas, sem facas ou rastros de sangue ao redor. — Falou em um tom sarcástico.
— É porque você não tem um carro para colocar um corpo na mala. — Retrucou.
— Sim... — Olhou desconfiado para ela. — Mas, você tem... Isso significa que ainda pode estar planejando me matar. — Falou, fingindo está assustado.
— Definitivamente. — Ela respondeu.
E eles riram mais uma vez.
Não havia mais contagem para quantas vezes um fez o outro rir naquela noite.
Passaram horas conversando coisas bobas e sobre o trabalho, preferiram ignorar assuntos sérios, mas, na realidade, só estavam com medo de parecerem vulneráveis o bastante para expressem o que sentem de verdade. não evitou pensar que se tivesse trazido uma garrafa de gin ao invés de um simples suco de laranja, o beijo poderia ter terminado em outras ações.
Culpou a si mesmo por querer algo com alguém que mais gostaria de ter algo com ele, mas, se ela o odiava tanto assim, então por que tomou a decisão de beijá-lo? Ela se sentiu pressionada para fazer isso? Ou ela se sentiu coagida, pois, também tem desejos carnais assim como ele?
— Olá! — Ele acordou de seu devaneio ao ouvir ela estalar os dedos. — Você foi para um lugar bem longe, de novo. — Sorriu sem graça. — Tem certeza que está tudo bem? — Perguntou preocupada.
— Sim! Sim! — assentiu. — Me desculpa! — Pediu.
— Então, vamos? — Questionou apontando para saída do elevador.
— O quê? — Demonstrou um semblante confuso.
— Eu estava dizendo que ia te dar uma carona, seu esquisito! — Ela riu nasalado.
— É o mínimo que você pode fazer, visto que destruiu meu carro. — Arqueou uma das sobrancelhas.
— Você quer que eu te deixe no meio da rua? — Provocou.
— Você não quer assumir seus erros. — Revirou os olhos.
— Era uma aposta que valia tudo e você aceitou. — Disse com uma certa irritação.
— Você está certa! — Bufou. — Vai levar um tempo para eu aceitar essa derrota, apenas lide com isso. — Deu as costas a garota e seguiu em direção ao estacionamento a sua frente.
Após entrarem no carro dela, dirigiu sentido a casa dele. Não podia negar que havia sido um dia diferente para ela, ter no banco carona do seu automóvel não era algo que ela pudesse esperar que acontecesse. Pensou em como ele era imprevisível e perguntou a si mesma se alguma vez ele desejou a beijar assim como ela o fez.
Preferiu acreditar que não. Era mais fácil assumir que foi apenas um desejo carnal, uma coisa do momento, não podia negar o quanto ele era atraente do jeito dele, mas, tudo poderia simplesmente ser justificado como um desejo da sua carne, poderia ser qualquer um no lugar dele, ela ainda iria querer beijar não importa quem fosse.
Repetiu isso em sua mente durante todo trajeto para que seu corpo não pudesse enganar sua mente mais uma vez perto dele e desse jeito, não levou muito tempo para chegarem ao prédio de . Após para o carro em frente, olhou para o relógio no painel digital e percebeu que acabara de dar meia noite.

25 de dezembro. Dia de Natal.


sorriu, porque finalmente era natal e ela amava o Natal.
— É aqui que eu fico. — disse. — Poderia agradecer se não fosse a mesma maluca que rasgou os pneus do meu carro. — Reclamou.
— Não vai superar isso, não é mesmo? — Ela perguntou.
— Você sabe que não. — Sorriu gentil e retribuiu o sorriso.
, sobre o beijo... — Tento trazer o assunto novamente a tona e foi interrompida.
— Como eu disse, vamos fingir que não aconteceu. — Pressionou os lábios, nervoso, ao lembrar do toque macio da língua dela. — Foi apenas um momento louco, não sabíamos o que estávamos fazendo. — Disse sem graça.
— Não se preocupe! — A garota falou sem jeito. — Eu ainda te odeio! — Os dois riram fraco.
Ele abriu a porta do carro para descer e hesitou um pouco.
— Feliz Natal, ! — Riu nasalado. — Já faz um tempo que não digo isso de maneira sincera. — Ele a encarou. — Obrigado! — Agradeceu e desceu do automóvel o mais rápido que pode para não haver tempo para justificativas.
— Boa noite, ! — Gritou enquanto o observava passar pela porta giratória do prédio.
Decidiu não olhar para trás porque estava se sentindo estranho por dentro e era a maior causa desse sentimento. O dia havia sido um tanto louco e ele não sabia como definir em palavras. Entrou no elevador com a cabeça acelerada nos seus pensamentos em relação a ela, até seu celular tocar.
Era Nate. E ele respirou fundo antes de atender.
— Eu sinto muito! — Disse. — Fiquei preso no trabalho, inclusive cheguei em casa agora. — Justificou com uma pequena mentira.
Odiava mentir para seu irmão, mas, não havia muito o que fazer.
— A mamãe está bem triste, só liguei para fazer essa leve pressão psicológica com você. — O irmão mais velho suspirou.
— Eu vou dormir um pouco e prometo que vou aparecer para o almoço. — Tentou persuadir.
— Assim como prometeu ontem? — Questionou, triste.
— Eu prometi que tentaria ir e não que eu iria, são coisas diferentes. — Bocejou enquanto falava, pois, realmente estava cansado.
— Que seja! — Reclamou.
— Amanhã eu estarei aí! — Disse.
O elevador se abriu e deu de cara com quatro pneus e um gigantesco laço vermelho ao redor dele em frente à sua porta, agradeceu por ser um apartamento por andar em seu prédio, poderia facilmente ter sido roubado, pois, ninguém seria tão burro de deixar algo assim dando moleza, a não ser uma pessoa que ele conhecia.
? — Seu irmão chamou sua atenção.
— O quê? — Respondeu.
— Você ouviu o que eu disse? — Perguntou.
— Eu preciso ir, Nate, podemos nos falar amanhã assim que eu acordar, pode ser? — Deligou a chamada antes mesmo de uma resposta.
Sorriu.
— Você é realmente uma caixinha de surpresas! — Falou para que apenas o universo entendesse.
Foi em direção ao pequeno envelope que estava grudado no laço e retirou o bilhete que estava dentro do mesmo.
“Feliz natal para meu perdedor favorito!”


Capítulo 1

As palavras “” e “matar” rondavam a cabeça de nesse momento. Ele estava em uma grande encrenca, tudo que ela conseguia pensar era como esse babaca, resmungou em seus pensamentos, teve a coragem de simplesmente apresentar a sua ideia para ganhar a promoção da vez com o chefe deles. As discussões, provocações, troca de farpas e ambos se odiarem ela até aguentava, mas, isso era demais.
O barulho do salto em atrito com o chão começava a dar indícios que um buraco se formaria naquele lugar a qualquer momento. O coração dela estava repleto de ódio e nada poderia mudar isso, não quando o sentimento dela era procurar qualquer objeto que pudesse ferir alguém e matar aquele ser humano desprezível.
Observou a sua volta até seu olhar encontrar a tesoura dentro da caixinha que ficava em cima da sua mesa. Não pensou duas vezes: cometeria um assassinato. Aquilo era algo importante demais para ela e aquele verme sabia disso. Pegou o instrumento cortante com tanta força que poderia ter machucado a si mesma na hora, virou-se para ir em direção a sala dele, mas, assustou-se com a porta se abrindo.
— Hey, ! — a cumprimentou cheio de cinismo e com um sorrisinho sarcástico em seu rosto. — Estava planejando fazer algo de errado com isso na sua mão? — Perguntou apontando para peça que ela segurava, o que a fez direcionar o olhar para ferramenta.
— Sim! — Sorriu, transparecendo o ódio em seus olhos. — Meu plano era te ver em um caixão em algumas horas. — Disse irritada.
— Uma pena! — Fez um bico. — Seria um desperdício se esse rosto lindo não estivesse mais nesse planeta. — Ele falou enquanto umedecia os lábios com sua língua e aproximou-se retirando a tesoura dela.
— Por que fez isso comigo? — Questionou. — Você sabia que eu queria esse cliente. — Moveu as sobrancelhas em uma expressão de tristeza.
— Eu sabia. — Ele colocou uma mecha do cabelo atrás da orelha da garota e a observou por alguns segundos. — Assim como você sabia que eu precisava do meu carro para chegar cedo e fazer a minha apresentação para Signature aquele dia, mas, mesmo assim estourou os pneus do meu veículo para que eu chegasse atrasado. — Ele deu um peteleco de leve na testa dela que reclamou da dor com um pequeno gemido. — Estamos quites agora! — Falou vitorioso. — Eu perdi o meu cliente e você perdeu o seu. — Justificou.
— Mas, eu não roubei a porcaria da sua ideia! — Reclamou.
— Não, mas, eu sim! — Riu debochado. — A sua estava melhor que a minha e inclusive, você deveria mudar a senha do seu notebook. — Arregalou os olhos desdenhoso. — “1,2,3,4,5”? — Fez uma cara de reprovação. — Quem usa uma senha dessas? — Perguntou e ela revirou os olhos.
— Eu te odeio, ! — Ela tentou bater no peitoral dele, porém, ele foi mais rápido e a segurou pelo punho.
— O sentimento é recíproco, ! — O rapaz disse não muito amigável e a soltando.
— Você devia ir embora! — Ordenou.
— Claro! — falou indo em direção a porta. — A propósito, obrigado pela promoção! — Ele agradeceu de forma zombeteira e deixou aquele ambiente.
sabia exatamente o que fazer para tirar aquela garota do sério. Na realidade, desde que ela entrou na empresa, o espírito competitivo dela batia de frente com o que ele precisava, alguém no trabalho que o motivasse a ser melhor. Antes de , ele ganhava todas as promoções, notoriedade e atenção do chefe naquela agência, mas, a partir do momento que ela passou pelo hall de entrada, ele sabia que aquela morena roubaria dele as melhores campanhas publicitárias que ele poderia conseguir.
Era tudo flores no início, eles até conseguiam se cumprimentar educadamente, sem um ataque pessoal ou ameaça de morte. Porém, quando exibiu uma ideia para um dos clientes dele e os mesmo acataram a concepção do projeto da garota e decidiram que daquele dia em diante ela deveria tomar conta da imagem deles, ele percebeu que seria deixado de lado caso a subestimasse o suficiente apenas por ela ser uma novata ali.
As lembranças escaparam da mente dele quando o seu celular anunciou uma mensagem através do som agudo. Ele pegou o aparelho do bolso para desbloquear a tela e logo viu a mensagem no grupo da agência onde os colegas combinavam um happy hour depois do trabalho. Sorriu para tela após confirmar sua presença e obviamente mandar uma mensagem provocativa para no privado, com intuito de comemorar seu novo cliente.
“Não deixe de comparecer, sentirei sua falta se não for!”
“Você não cansa de ser insuportável?”
Era visível o sorriso na boca dele por ter sido respondido na mesma hora.
“Com você? Nunca!”
A garota também sorria para o telefone ao mesmo tempo que lia o recado de para ela, no fundo gostava de toda aquela provocação.
“Só estarei lá se devolver meu cliente, babaca!”
“Acho que vai ser difícil, já que o motivo de nos encontrarmos é festejar meu contrato com ele.”
bufou ao entender a resposta, pois, conseguia imaginar a cara que ele estava fazendo naquele momento. Decidiu que não daria mais atenção para o mesmo e focaria no resto dos seus afazeres, sem perturbações de alguém como ele ao seu redor.
Odiar talvez fosse o número um da sua lista de coisas a fazer no final de semana, por mais que tentasse, não estava se concentrando o suficiente para trabalhar no resto das suas campanhas, apenas pensando em como tinha sido tão burra em dar munição para ele roubar sua ideia. Era evidente que ele tentaria fazer alguma coisa e sobre a senha dela, o idiota estava certo, mas, a memória dela para esse tipo de coisa era péssima.
Deu-se por vencida no final da tarde, quando uma das outras funcionários veio chamá-la para que todos pudessem ir ao pub próximo ao edifício onde a agência funcionava. Arrumou sua bolsa com o pensamento de caminhar direto para sua casa. Não queria bater de frente mais uma vez com , estava muito cansada para isso, iria recusar o convite se não tivesse escutado que o próprio ficaria preso naquele lugar por pelo menos duas horas.
Agradeceu aos céus por ser tempo suficiente para que ela tomasse ao menos algumas cervejas; era sexta feira e depois do terrível dia seria como um presente. Direcionou-se para o local com seus colegas de trabalho e não demorou para começar a ingerir álcool e se divertir. Apesar de tudo, estava sentindo falta da energia caótica que a proporcionava quando estava por perto e na mesma hora repeliu os pensamentos ridículos na sua mente.
Por volta de uma hora e meia depois, o dito cujo chegou e foi recepcionado pelos seus amigos, mas, seus olhos procuravam mesmo a morena que tinha perturbado mais cedo. Era complicador mentir para si, principalmente, quando sabia que ela era a principal razão dele estar ali.
— Sean, você viu a minha rival que ainda não aceitou a derrota? — Perguntou para um dos colegas.
— Você quer dizer a ? — Ele riu. — Provavelmente, bem bêbada em algum lugar. — Deu de ombros. — Não parou de beber desde que chegamos.
— E ninguém está com ela? — Questionou preocupado.
— Ninguém a viu mais. — Luke disse após oferecer uma das garrafas de cerveja que tinha acabado de pegar no balcão para ele.
— Valeu, cara! — Recusou e os dois ao seu lado desconfiaram. — Eu estou dirigindo, vou ter que dizer não dessa vez. — Justificou.
Em seguida deu as costas e começou a buscar incansavelmente a garota nos rostos que inundavam o pub. Levou alguns minutos até ser capaz de pensar no banheiro e foi exatamente lá onde a encontrou. Ainda que estivesse alcoolizada poderia facilmente deixar qualquer mulher para trás no quesito beleza, pois, permanecia exatamente como há algumas horas quando estava expelindo ódio pelo olhar por causa dele.
— Sentiu minha falta? — Ele indagou assim que a mesma saiu pela porta.
— Estava me procurando? — Foi retrucado e não evitou sorrir.
— Posso dizer que sim? — Ele questionou e obteve a atenção dela com as palavras que saíram da sua boca.
Por um momento, todo o líquido que ingeriu poderia fazer com que ela fraquejasse e avançasse nele ali. Estava bêbada e carente, essa era pior combinação que poderia existir e para piorar conseguia ficar ainda mais bonito quando usava camisa social na cor branco, pois realçava o castanho dos olhos dele, era impossível não notar isso, ela deve ter ficado o encarando por alguns segundos.
? — Ele a tirou do transe.
— Sabe que eu odeio quando me chama assim. — Resmungou e mentiu, visto que ela gostava quando ele a chamava desse jeito.
— Você está bem? — Perguntou preocupado.
— Só um pouco enjoada. — Reclamou. — Me leva para casa, por favor! — Pediu tirando do seu ponto de equilíbrio, jamais imaginava ela solicitando algo assim para ele. — Meu carro está em casa, peguei um taxi para trabalhar hoje, imaginei que o pessoal sairia para beber. — Explicou.
— Então se preveniu. — Ele sorriu com a perspicácia dela. — Você realmente quer que eu te deixe em casa? — Precisava ter certeza.
— Eu pedi por favor! — Fez um bico e ele engoliu seco, pensando que se a beijasse agora não teria como inventar uma desculpa, pois, estava sóbrio.
Praguejou por querer beijá-la, era tão ridículo. Ela o odiava, inclusive tinha planos de matá-lo hoje mais cedo, estava fora de cogitação qualquer tipo de demonstração de afeto, outra vez, depois do natal entre eles. Então, ele apenas assentiu, passou seu braço pela cintura dela e posicionou um dos braços da garota por cima do seu ombro.
Ele a acompanhou até seu automóvel, abrindo a porta do mesmo com dificuldade, pois, ainda apoiava-se nele e a encaixou de maneira confortável no banco do passageiro, colocando o cinto de segurança nela.
— Não é irônico que você esteja pegando uma carona exatamente no carro que você furou os pneus? — Interrogou a garota que na hora soltou um leve soluço.
— Desculpa. — Ela falou baixando a cabeça.
— Pelo que? — A provocou.
— Por furar seus pneus. — Disse tentando ser indiferente.
— Eu gostaria de ter gravado isso. — Ele levantou o queixo da garota para que ela olhasse para ele. — Seria meu grande triunfo contra você em algum outro dia. — Proferiu as palavras sabendo que estava vitorioso naquela situação, mesmo entendendo que ela estava bêbada.
— Droga! — Ela gemeu ao mesmo tempo que o encarava e isso fez os pelos dele se arrepiarem.
Após isso ele retirou a mão do queixo dela, fechou a porta do carro e seguiu caminho para o lado do motorista com o intuito de leva-la para casa. A garota passou o endereço e encostou a cabeça no suporte do banco para descansar um pouco até chegar em casa, não deveria ter bebido tanto, a ressaca a mataria na manhã seguinte, ela podia sentir.
Minutos depois eles tinham chegado no destino e se viu na obrigação de ajuda-la, fez todo o processo de retirar do automóvel, pegar o elevador com ela pendurada no seu pescoço estava ajudando ele a odiar mais um pouco, pois, mesmo o álcool se fazendo presente através do cheiro naquele espaço, a essência de canela do perfume dela subia as narinas dele desenfreadamente.
Culpou-se pela distração que teve, pois se desiquilibrou e acabou deixando um arranhão em sua pele, o que fez ele reclamar, mas, segurar ela, prontamente, de maneira rápida. Ficou irritado ao pensar no que estava fazendo ali, ela não era obrigação do rapaz e, definitivamente, depois ainda o culparia por tê-la ajudado alegando o quanto sabe cuidar de si mesma. Bufou com seus pensamentos desconfortáveis.
— Eu sou um idiota! — Sussurrou para si mesmo.
— E um cuzão! — A garota complementou soltando uma risadinha.
— Um cuzão que acabou de ser arranhado por que está levando a bêbada para casa em segurança! — Falou sensato.
— Isso doeu! — Reclamou e agradeceu o elevador parar naquele instante, estava começando a acreditar que era mais fácil lidar com ela sóbria.
Eles saíram do espaço e seguiram sentido para entrada do loft dela. Colocou a garota sentada no chão, enquanto procurava a chave dentro da bolsa que estava carregando desde o momento que saíram do bar, agachado ao lado de , era realmente insuportável como ela cheirava canela, que por mera coincidência era sua especiaria preferida. Balançou a cabeça negativamente e focou em olhar dentro da acessório, quando encontrou o objeto ele o encaixou na fechadura, girou, abriu a porta e procurou o interruptor mais próximo.
Após acender a luz, olhou ao redor e gostou de ver que ela era realmente organizada como mostrava ser. Tudo estava em seu lugar. Voltou sua atenção para a garota quando escutou que a mesma tentava se levantar do chão sozinha, agilizou os passos e colocou ela novamente pendurada em seus braços, carregou a mesma até o sofá que encontrou na sala e a encaixou de maneira cômoda, deitada na mobília. Deu a costas para sair do local, queria ficar livre o mais rápido possível daquela situação, mas, ela murmurou algo, que ele não entendeu, em voz alta.
— O que foi agora ? — Ele abaixou-se na intenção de ficar mais perto e ouvi-la.
— Apaga essa luz! — Reclamou, estreitando os olhos.
— Eu vou apagar assim que sair da sua casa. — Retrucou. — Acha que consegue se virar sozinha a partir daqui? — Ele a questionou enquanto observava ela se aconchegar.
— Sim! — Concordou quase dormindo.
— Assim que acordar amanhã me manda uma mensagem para eu saber que você está bem. — Pediu, articulando as palavras devagar para que ela não esquecesse, sabendo que existia uma grande possibilidade disso acontecer.
— Pode deixar! — Ela sorriu levantando o polegar em sinal de “certo” e o fazendo cair na mesma rapidez que levantou.
O silêncio pairou e ela se viu na obrigação de abrir os olhos para ver o que estava acontecendo e foi impossível não dar de cara com os olhos de a observando intensamente, pois, ele estava de cócoras na sua frente. A garota começou a se ajeitar no intuito de encontrar uma posição confortável para sentar no sofá e, consequentemente, ele levantou-se para ajudá-la.
— É sério! — Ela trouxe barulho para aquela calmaria que estava a incomodando, jamais tinha ficado tanto tempo em silêncio com ele em um mesmo ambiente. E depois do que havia acontecido no natal, a situação era no mínimo, estranha.
— Tem certeza? — O rapaz perguntou tentando encará-la.
— Você pode ir, eu vou ficar bem. — Disse, desviando o olhar para esquerda.
? — Ele posicionou o indicador na testa da garota e empurrou a cabeça dela para trás fazendo com que os olhos deles se encontrassem.
— Por que me chama assim? — Ela questionou umedecendo os lábios, vendo que aquela ação deixou ele desconfortável.
— Porque você odeia. — Respondeu, curvando-se o suficiente para conseguir enxergar a pupila dela dilatar.
Era possível sentir a tensão no ar. Não existia só ódio ali e eles não sabiam qual outro sentimento era possível encaixar entre os dois, pois, as coisas tinham mudado um tanto após os acontecimentos no final do ano passado, então como lidar com algo que nunca foi o habitual? O desconhecido assustava, principalmente a Violet.
— Eu acho que você deveria ir embora. — engoliu seco e retirou o dedo dele, devagar, que ainda estava posicionado em sua testa.
— Ultimamente, você tem dito essa frase com sequência. — retrucou.
— Deve ser porque não quero você perto de mim. — Tentou justificar o mais rápido possível.
— Eu quis dizer que depois que te beijei no natal, você tem me evitado mais que o normal. — estreitou seu olhar para.
— Eu sempre te evitei! — Outra resposta rápida e ele não pode evitar a não ser dar uma risada. — O que? — Perguntou confusa.
— Você parece alguém que está fugindo de algo que quer. — Sorriu de maneira serena, sem mostrar os dentes.
— Como eu disse, você deveria ir embora. — Olhou para suas mãos, pois, encará-lo naquele momento estava fora de cogitação.
— Nem um “obrigado”? — Questionou enfatizando as aspas com os dedos, mudando o assunto e sentiu-se à vontade para lançar um olhar mortífero para ele e permanecer calada. — Típico! — Sorriu de lado. — Bem, não esquece de trancar a porta. — Ele falou e a morena balançou a cabeça seguramente.
O rapaz caminhou em passos lentos para saída e parou quando, novamente, o cheiro de canela exalou no apartamento dela, não bastava ter cuidado da garota alcoolizada, agora, também ele estava sendo hipnotizado por essa essência que ele tanto adorava, ela era o inferno na terra. Pensou um pouco em como aquele perfume harmonizava com ela, mas, ela jamais saberia disso.
— Hey, ! — A garota olhou por cima do ombro, revirando os olhos, por ouvir ele a chamar assim de novo. — Canela não combina com você! — Passou a língua pelos lábios e depois mordeu o mesmo.
— Vai se foder, ! — Ela disse pegando uma almofada e jogando nele, que na mesma hora desviou da peça, rindo e deixando o local.
sentia-se desconcertada com aquela situação, quando saiu, ela finalmente pode respirar fundo e se dirigir até a porta para trancar a mesma, por mais que seu corpo pedisse para chama-lo de volta, refletiu o quanto aquilo não terminaria bem quando acordasse no outro dia, pois era a carne falando mais alto, não existia sentimentos, então não conseguia entender o motivo pelo qual ela queria tanto beijar aquela boca, tentou convencer a si mesma que estava ficando louca ou muito bêbada.
Era o , o cara mais chato do universo. Foi ele quem roubou a sua ideia e a promoção que ela tanto almejava naquela semana. A imagem dele passando a língua pela boca correu pela mente dela e a própria não entendia por qual razão ela ainda estava supondo a possibilidade de sentir aqueles lábios outra vez. Não acreditava que tinha bebido tanto assim a ponto de querer se entregar a alguém como ele e a garota estava pensando em muito mais do que havia acontecido no escritório aquela noite.
Definitivamente, o álcool estava falando mais alto e ela pensou que poderia usar isso como justificativa depois, iria se aproveitar da situação mesmo que não estivesse pensando de maneira coerente ou responsável, mesmo que isso a trouxesse gigantescas consequências mais tarde.
Durante o tempo que ele esperava o elevador, ponderando a decisão de voltar e sentir aquele aroma que ela estava emanando, não tinha prestado atenção no trabalho mais cedo, pois nunca abaixava a guarda e era isso que fazia com que o rapaz não a enxergasse de outra forma. Ele percebeu que hoje, a garota tinha se mostrado tão vulnerável quanto no natal enquanto estava nos seus braços pedindo para ser beijada.
Soltou um suspirou e começou a dar passos voltando para sem saber o motivo ao mesmo tempo em que ela segurou a maçaneta, determinada a ir atrás dele, girou a mesma para abrir o acesso ao seu espaço e assustou-se quando deu de cara com ele parado ali em sua frente, com a respiração ofegante, claramente ansioso por algo. O rapaz também espantou-se ao vê-la. Isso queria dizer que os dois queriam o mesmo, pelo menos, naquela hora. Ambos se perguntaram isso.
— Onde estava indo? — Ele questionou a garota.
— Por que você não foi embora? — Indagou ela franzindo o cenho.
O rapaz não respondeu. Apenas entrelaçou seus dedos pelo cabelo dela e a beijou, sem pensar duas vezes. Apesar de surpreendida correspondeu, encostou seus lábios no dele em um encaixe perfeito. Ele desceu suas mãos pelas costas dela e a puxou para perto através da cintura. As línguas de ambos começaram a dançar em perfeita harmonia, no começo os dois puderam sentir uma serenidade e após um determinado tempo, algo feroz crescia o suficiente para que eles se afastassem para respirar.
... — Ela colocou a mão na boca. — Eu acho que vou vomitar. — Fez ameaça de regurgitar.
— O beijo foi tão ruim assim? — Ele perguntou com gracinha.
— É sério! — A garota virou-se, correu para o banheiro e ele a seguiu. foi rápida o bastante para chegar a tempo e se ajoelhar em frente ao vaso e colocar bastante coisa para fora. , que estava logo atrás dela, segurou o cabelo da garota para que ela não se sujasse. Ele só conseguia pensar o que estava fazendo ali e como isso seria aceitável sabendo que eles se odiavam, estava tudo confuso. Porque não estava nos planos dele, primeiro, beijar a sua maior inimiga do trabalho mais uma vez e segundo, segurar o cabelo dela enquanto ela vomitava.
Fechou os olhos com força, por um instante, ao sentir o odor que estava forte dentro do local, perguntando a Deus qual pecado tão grave teria cometido. Percebeu o quanto garota estava realmente mal e agradeceu mentalmente o fato de que não precisaria trabalhar no outro dia, pois já se sentia cansado o suficiente para dormir toda a manhã. não parava de resmungar, mas, pelo menos tinha parado de colocar quase todos os órgãos para fora, de maneira exagerada.
adiantou-se em soltar o cabelo dela para pegar a toalha de rosto que estava pendurada em um arco de metal acima da pia, abriu a torneira e molhou o pano para que pudesse limpar a boca da garota. Com todo cuidado ele passou o tecido ao redor dos lábios ao mesmo tempo que ela gemia, reclamando bastante.
— Por que está fazendo isso? — Ela questionou empurrando o rapaz.
Ele a ignorou e apenas continuou repetindo os mesmos movimentos no rosto dela, poderia odiá-la, mas, não deixaria nenhuma garota nesse estado. Tinha princípios, até mesmo quando se tratava de . Após um tempo mirando a garota sentada no chão, desnorteada, ele percebeu que a mesma havia caído no sono, depois de um bom período protestando a atitude dele para com ela.
a suspendeu nos braços, tentando acomodá-la o máximo possível. Foi em sentido a sala, pois, estava se sentindo um intruso e não queria bisbilhotar mais nada da casa dela. Colocou devagar no sofá, acolchoando as almofadas que estavam próximas a ela, a observou um pouco e sorriu pensando que, apesar do que aconteceu entre eles, se ela estivesse sóbria jamais se submeteria a essa situação novamente, principalmente, se soubesse que era ele quem estava a ajudando.
Viu algumas folhas com anotações e canetas espalhadas na mesa de centro e riu nasalado percebendo o quanto ela era viciada em trabalho, apesar de tudo admirava a mulher que ela era, por um momento até esqueceu em como ela tentou destruir seu carro e sua carreira ao mesmo. Revirou os olhos percebendo o quanto estava sendo bonzinho para garota.
Agachou-se para alcançar um papel e deixar um recado para .
“Quando acordar tome um banho, por favor!”
Depois disso, ele apagou a luz do cômodo, retirou-se do apartamento dela e foi para sua casa, com um pouco de dificuldade de dirigir pensando em como tinha gostado do beijo e por um momento sentiu ódio de si mesmo em pensar nela dessa maneira. Com o que ele estava na cabeça em ter voltado para ela daquele jeito e além do mais beijá-la como se realmente quisesse aquilo e ainda ter sentido algum tipo de prazer em tocar os lábios daquela criatura desagradável.
Lembrou por um vago segundo em como ela também tinha ido atrás dele, isso significava que ela queria aquilo também. Ele estava, completamente, desequilibrado emocionalmente, não existia uma razão sequer para que um mais um beijo entre eles estivesse mexendo tanto com a mente dele. Era apenas um beijo, poderia ser qualquer garota. E ainda por cima, era cômico lembrar que ele não estava sob efeito de nada, ela ainda tinha a desculpa da bebida dessa vez, mas, ele... Ele estava sóbrio.
— Merda! — Xingou, dando uma leve pancada no volante.
Na cabeça de , ele tinha cedido a garota de um jeito tão fácil que entrou em contradição consigo mesmo e agora ela poderia o ter na palma da sua mão se quisesse. Chegou em casa, tentando não pensar muito nisso, talvez ela nem lembrasse do que aconteceu, isso era o que ele esperava. Após tomar um banho, se esforçou para adormecer, mas, não conseguia encontrar uma posição confortável em sua cama.
A lembrança de como olhou para ele quando abriu a porta, o mesmo jeito que o encarou na véspera do natal, perdurava na mente dele e ele não entendia o domínio que aquela ação estava tendo sobre o que o dito cujo sentia pela garota. Era insensato acreditar que um dia eles conseguiriam ter uma boa relação depois de tantas palavras de ódio proferidas de um para o outro.
Então por que um beijo agora faria alguma diferença?
A pergunta ecoou no inconsciente dele pelas próximas horas que se passaram até que ele alcançasse o sono. Talvez fosse mais fácil lidar com todo o ocorrido depois que descansasse o suficiente para odiá-la quando ela ligasse para insultá-lo depois que acordasse e o pequeno recado que deixou na mesa de centro, fosse lido. Com toda certeza ela iria arranjar uma maneira de despejar o seu ódio em cima dele, visto que ambos estavam em um final de semana e só se encontrariam na segunda.
E foi exatamente isso que aconteceu.
foi acordada pelos raios solares, que atravessavam a enorme janela da sua sala, devido ao fato de ter dormido no sofá, seu sono foi cortado e ela ficou irritada pela sua falta de irresponsabilidade, pois, não lembrava ao menos como tinha ido parar ali. Bocejou ao mesmo tempo em que se sentava na tentativa de colocar a sua consciência e alma no lugar certo.
Fez uma cara feia ao sentir um cheiro forte de vomito percorrer pelo seu corpo e não pode deixar de imaginar que tinha feito bagunça outra vez em seu banheiro, choramingou manhosa pelo motivo de ao menos ter tomado um banho após ter cometido essa atrocidade. Levantou-se um pouco zonza ainda e tentou equilibrar-se para ir ao toalete.
Colocou a mão na cabeça pela importuna dor que começava a dar sinais de aparecer, respirou fundo com o objetivo de criar coragem para fazer algo ainda naquele sábado. Depois de se espreguiçar e direcionar sua cabeça para baixo, ela estreitou um pouco os olhos ao perceber algo a sua frente, na mesa de centro, desistiu de ir para onde estava indo para saber sobre o que aquilo tratava. Pegou o bilhete e na mesma hora que reconheceu a letra, sentiu seu corpo gelar.
— Não! Não! Não! — Começou a andar de um lado para outro com o papel na mão. — Você seria tão burra a esse ponto, outra vez, não esteve lá e que ele não a ajudou de alguma forma, pois, depois ela pagaria caro por isso. Não obteve sucesso. Sentiu outra pontada na cabeça e um pequeno flash dele com ela em seus braços, apareceu.
Para o infortúnio da garota havia resquícios dele por toda sua sala, seu banheiro e pelo seu corpo. Não estava acreditando que tinha feito algo com o pior ser vivo que habitava a terra, a frustração começava a dominar sua mente de maneira total e podia sentir o suor frio descer pelo pescoço. Ela com toda a certeza estava ferrada, pensou em como olharia para cara dele se algo realmente tivesse acontecido.
Decidiu acabar com sua ansiedade falando com o próprio, foi em direção até bolsa, procurou o celular movida a agonia e quando encontrou o aparelho viu que faltava apenas um pouco para que sua bateria acabasse, dirigiu-se para seu quarto, pegou o carregador que estava em cima da mesa de apoio ao lado da sua cama e encaixou na tomada. Buscou desesperada o número de na sua lista de contatos e ligou para ele, a cada toque da chamada o coração dela acelerava, talvez já tivesse mordido todo o interior da sua bochecha.
— Vamos, atende! — Suplicou.
não atendeu a primeira vez, era bem obvio que isso aconteceria, dado que ele havia ido dormir bem tarde depois de toda situação com a garota, mas, ela não sabia disso, pois, não lembrava de nada e o único flash que passou pela sua mente foi dele a carregando em seus braços. Odiou a si mesma por isso. Discou novamente para o rapaz e após ouvir aquele mesmo som pela quarta vez, ela escutou algo diferente.
— Alô? — Ele atendeu com a voz embargada.
, por favor não me diga que me trouxe para casa. — A garota falou rapidamente.
, vai com calma aí! — Reclamou. — Por Deus! — Olhou para o despertador ao seu lado. — São sete da manhã de um sábado, o que você tem na sua cabeça? — Questionou.
— O que aconteceu entre nós? — Indagou nervosa.
— Como assim? Do que você está falando? — Perguntou confuso, ajeitando-se em sua cama.
— Eu vi o bilhete que você deixou, eu reconheceria sua letra em qualquer lugar, . — Falou.
— E qual é sua preocupação? — Tentou descobrir o que estava se passando na mente dela e a lembrança do beijo veio a sua cabeça. Desejou não ter lembrado disso, então compreendeu o motivo de ela estar tão incomodada. Ela estava com medo. — Ah! — Um sorriso sacana surgiu em seu rosto quando entendeu a situação. — Não acredito que achou que eu ficaria com você de novo. — Ele falou rindo fraco e ela permaneceu em silêncio. — Sério?
— Eu não sei! — Falou irritada. — Eu não consigo me lembrar de nada, apenas de você me carregando em seus braços e tem esse seu bilhete estúpido e eu só cheiro a vômito, eu pensei...
— Pensou que eu me aproveitaria de você? — A questionou um pouco ressentido. Eles se odiavam, mas, não imaginou que ela poderia pensar algo assim dele.
, não é isso, é só que...
— É só que você se acha tão boa a ponto de ter qualquer um a seus pés, não é mesmo, ? — Perguntou sarcástico e ela engoliu seco, isso iria piorar a relação entre eles mais na frente.
— Eu não quis dizer isso... — Ele a interrompeu pela terceira vez.
— Olha, eu entendo, você está certa! — O rapaz levantou-se da cama enquanto falava. — Existe algo maior que impede vocês, mulheres, de confiar em nós, homens. — Foi compreensível. — Mas, eu não seria esse tipo de cara, nem se você fosse a última mulher que existisse nesse planeta. — Disse, tentando ser indiferente. — Além do mais, não valeria meu tempo! — Ele falou em um tom desdenhoso e ela revirou os olhos do outro lado da linha.
Sabia quando uma mulher o desejava e mostrou todos os indícios que o queria na noite anterior, não era possível que tudo fosse loucura dele ou só o álcool falando mais alto da parte dela, porém, se ela não lembrava do beijo, não seria ele quem iria fazê-la lembrar. Por mais que estivesse um tanto incomodado com tudo aquilo, entendia a garota e pensou que seria melhor se as coisas ficassem exatamente como estavam.
Preferiu crer que aquilo não faria diferença no resto dos seus dias, então não existia uma razão plausível para que ela soubesse, pois, não é como se aquilo mudasse algo entre os dois. No final, eles ainda se odiavam e deveriam permanecer dessa forma, mas, na verdade só estava tentando fugir do que estava bem na sua frente, ele gostou daquele beijo, não admitiria isso, mas ele gostou.
— Então por que você estava me carregando? — Ela indagou .
— Não é óbvio? Você estava completamente bêbada. — Explicou. — E para ser sincero, ninguém parecia preocupado com você...
— Você ficou preocupado comigo? — Não pode evitar sorrir ao fazer essa pergunta.
— O quê? — Proferiu nervoso. — Claro que não!
— Claro que sim! — mudou a entonação da voz. — Por qual outro motivo me traria para casa em segurança? — Mordeu seu lábio inferior.
— Para sua informação, você me pediu ajuda! — Ele exclamou exasperado.
— E você ajudou. — Por alguma razão pode sentir a felicidade disfarçada na fala da garota, ele realmente acreditava que estava ficando louco.
— E você ficou feliz com isso, não é mesmo? — O rapaz a questionou e o sorriso que estava no rosto dela foi desaparecendo. — Imagina quando souber que me pediu desculpas por ter furado os pneus do meu carro. — Disse triunfante.
— Eu jamais faria isso! — Retrucou.
— E vomitar na minha frente enquanto eu segurasse seu cabelo e depois te limpasse, acha que faria isso, ? — Ele perguntou risonho e ela ficou sem palavras.
Na cabeça dela, juntando todas as peças, ela tinha certeza que seria capaz de fazer isso, principalmente, pelas suas condições no momento. Sentiu mais uma pontada nas têmporas, fazendo com que ela levasse a mão até o local para massagear e outra lembrança veio a sua mente.
Dessa vez foi quando ambos estavam dentro do carro dele e ela o desejou ao vê-lo dirigindo. Fez uma cara de nojo, balançando a cabeça para espantar a memória que acabava de ter, não queria acreditar que era possível sentir algo a mais que ódio por ele. Saiu do transe quando ouviu a voz dele novamente.
— E se eu te disser que você gemeu para mim ontem? — Provocou a garota na maldade, passando a mão pelos cabelos e mordendo o lábio inferior, enquanto ela deixava o ar escapar pela boca esquecendo a mesma entre aberta. — O gato comeu sua língua, ? — Falou irônico.
— Você é um babaca, ! — O xingou. — Isso ao menos faz sentido para mim. — Desconversou.
Mas, faria sentido, visto que lembrou o quanto o desejou dentro daquele escritório no final do ano passado. Pensou no quanto aquilo poderia ser verdade e pediu aos céus que não, porém, não estava mentindo, apenas estava sendo exagerado. Mas, ela não sabia disso, pois, não conseguia recordar de tudo que havia acontecido.
Essa ideia a corroeu por dentro, significava que ele estava à frente dela, naquele momento. Fechou os olhos com força no intuito de lembrar mais alguma coisa que pudesse a tranquilizar, estava querendo matar a si mesma por ter bebido tanto a ponto de querer alguém que ela odeia.
— Não me faça ir na sua casa e te dar o que você tanto me pediu ontem. — Ele, realmente, gostava de a infernizar, mas, ela não ficaria por baixo na situação.
— Você não seria homem o suficiente para isso! — Foi a vez dela de o intimidar e por um segundo ele se deu ao luxo de acreditar que ela estava falando sério, mas, optou por fazer a psicologia reversa com a garota.
— Vou tomar um banho e em alguns minutos estarei aí, sugiro que faça o mesmo, você estava fedendo bastante ontem à noite. — Precisou despejar sua ironia antes de desligar o telefone.
? — o chamou. — ? — Perguntou novamente pelo rapaz e não obteve resposta.
Não sabia no que aquilo consistia, mas, a ideia dele comparecer à sua casa a tirou do eixo e fez seu coração acelerar, no que ele estava pensando, perguntou a si mesma, tentando procurar uma resposta para o que acontecia e uma explicação para aquele contexto um tanto caótico. Qual era o propósito de tudo aquilo, quando eles sabiam que não se gostavam. Nada estava fazendo sentido e a sua intuição gritava que sabia de algo, mas, não falaria.
O rapaz confirmou a sua teoria de que não estava louco. estava dando uns sinais estranhos, como ela poderia dizer que ele não era homem suficiente para algo quando não existia coisas a serem provadas da parte dele, a confusão predominava na mente de . E o que foi aquela ligação, questionou-se, não tinha lógica eles estarem flertando e por qual motivo eles fariam algo assim, ele se permitiu pensar, mas, só lembrou de todas as brigas e xingamentos entre ambos.
Até que o beijo veio a sua memória novamente e ele não evitou se irritar com todo o novo cenário entre ele e desde a situação com a Signature. O próprio tinha que carregar o fardo sozinho, pois, entrariam em um novo dilema se ela soubesse ou lembrasse que isso aconteceu. Jogou o telefone em cima da cama, nervoso, com as circunstâncias atuais.
Não alimentaria isso dentro de si, pois, resultaria em uma possível vitória de contra ele e poderia permitir muita coisa, menos isso. Ela era uma mulher como qualquer outra e não havia motivos reais para que desenvolvesse qualquer tipo de sentimento em relação a garota, a não ser uma atração simples e boba por conta da tensão sexual que era desencadeada através de toda aquela raiva entre os dois. Decidiu não pensar mais nisso e voltar a descansar.
Ele achava que ela estava apenas tentando se sobressair. Era obvio que não iria até o loft dela. Porém, talvez para , isso não tenha ficado tão obvio assim, ao contrário de ela apressou-se o máximo que conseguiu para arrumar o seu lugar e tomar um banho, pois, de fato, estava com um odor muito forte.
Ela, ironicamente, estava pronta para esperá-lo depois de uma hora e meia, sentada em seu sofá, checando seu celular de minuto a minuto, aguardando uma mensagem ou uma ligação. Três horas se passaram e finalmente entendeu que o rapaz não apareceria, sentiu-se burra por acreditar que ele falaria a verdade, quando eles nunca tiveram essa certa intimidade.
Frustração poderia não ser a palavra certa para usar, pois, como se frustrar com alguém como seu mero colega de trabalho, com o qual nunca houve uma relação sequer de amizade, sempre foi guerra atrás de guerra.
Então, por que acreditar que ele agiria diferente dessa vez?
A sua intuição gritava, repetidamente, que ele estava escondendo algo, mas, não deixaria que isso interferisse o seu final de semana, não iria deixar que ele interferisse a sua integridade mental, pois, não passava de um idiota que queria tirar vantagem em cima de qualquer situação que a envolvesse, nunca existiu algo que pudesse os unir fora do trabalho, isso queria dizer que essa seria só mais uma situação qualquer.
Resolveu mandar uma mensagem para Olivia, sua melhor amiga desde a faculdade, precisava sair aquele sábado e beber mais um pouco, o suficiente para esquecer o que ao menos lembrava da noite anterior, e não existia pessoa melhor para realizar esse seu desejo, a não ser a garota que dividia os mesmos neurônios que ela.
“Liv, o que vamos fazer hoje?”
Digitou a mensagem ansiosa, pois, ainda rondava os seus pensamentos e ela não fazia ideia do que ele estava fazendo lá. Assustou-se com o barulho anunciando a resposta da colega.
“Não vai ao menos perguntar se estou ocupada?”
“Até parece que não arranjaria tempo para mim, é por isso que somos melhores amigas e eu, de verdade, preciso de você.”
“Aconteceu algo no trabalho?”
Olivia perguntou preocupada, visto que nada tirava a amiga do seu ponto de equilíbrio se não fosse o trabalho.
“Talvez?”
“Tudo bem! Posso te pegar as 19h?”
“Pode me pegar quando quiser, já sabe disso.”
Após sua melhor amiga visualizar a mensagem, a morena dirigiu-se para o seu quarto e optou por tentar dormir até que chegasse o momento de se arrumar e esperar Liv chegar. Apesar de rolar diversas vezes na cama, acabou pegando no sono poucos minutos depois quando seu cérebro deu-se por vencido e preferiu desligar para que a garota descansasse.
Horas depois, ela acordou e tateou a cama procurando o celular, parecia tolice, mas, queria ver se existia alguma mensagem ou ligação de , não entendia a razão a qual estava tão ansiosa em relação a isso, poderia ser pelo fato de sentir que ele estava escondendo algo, ou simplesmente, porque seu ego estava a consumindo e, de fato, ela gostava da ideia de alguém como ele, que a odeia, completamente rendido por ela.
Talvez ele estivesse certo sobre isso.
Não perdurou muito nisso, existiria tempo suficiente para conversar sobre esses recentes acontecimentos com Olivia em alguns instantes, pensou. Então, levantou-se, tomou um banho, colocou um vestido curto e um salto, fez uma maquiagem leve, em razão de estar usando uma de suas roupas que mais possuía brilho.
Liv chegou um pouco depois, pegou a amiga e foi em sentido a uma das baladas de Nova York, sentiu que a mesma, sem dúvidas, precisava disso. Estavam bem felizes no local, a escolha da ruiva que acompanhava foi perfeita, a discoteca estava lotada e combinava efetivamente com que elas precisavam naquele momento. Uma conduziu a outra para o bar e pediram dois drinks, o álcool seria o melhor amigo delas aquela noite.
— Então, me conta o que está te assombrando. — Liv apoiou um dos cotovelos no balcão e olhou para amiga.
— Na realidade, eu decidi que só quero beber e paquerar. — Sorriu, pegando a bebida que o garçom acabava de colocar a sua frente e virando de uma vez.
— Pelo visto, beber é sua prioridade né? — Riu, bebericando o líquido e revirou os olhos. — Vamos, é melhor falar! — Encarou a amiga.
— É o ! — Bufou.
— Alguma novidade? — Olivia relaxou mais ao saber que o assunto era o mesmo de sempre.
— Ele esteve na minha casa ontem à noite. — disse e viu a melhor amiga se engasgar um pouco.
— O quê? — A questionou perplexa.
— Eu estava muito bêbada e...
— E o que? — Interrompeu a amiga nervosa.
— Eu não sei! — Respondeu estressada. — Ele me levou para casa e falou umas coisas estranhas. — Soltou o ar pesadamente.
— Que coisas estranhas ? — A amiga segurava a garota pelos ombros.
— Que em algum momento eu gemi para ele e que eu vomitei muito e ele ajudou a me limpar. — Liv a mirava boquiaberta sem dizer uma palavra. — Ele até deixou um bilhete com uma daquelas ironias ridículas dele. — Continuou irritada ao lembrar dele pedindo para ela tomar banho.
— Ai meu Deus! — percebeu a ruiva formar um sorriso na boca. — Você está tão ferrada! — Deu uma gargalhada e recebeu o olhar fulminante da morena. — Vocês...
— Não! — A garota a censurou. — Não quero acreditar que eu e ele... Você sabe! — Mordeu o lábio. — Ele disse que nada aconteceu, mas, eu não confio nele.
— Então acha que algo aconteceu, tipo um beijo ou algo assim? — Refletiu.
— Provavelmente! — Assentiu. — Eu só não entendo por qual razão ele poderia esconder isso, sei que não nos damos bem, mas, não acha isso um pouco estranho? — Perguntou e Olivia concordou com ela. — E a idiota aqui não lembra de absolutamente nada. — Voltou a ficar estressada.
— Não seria a primeira vez, não é? — A amiga relembrou o primeiro beijo deles e a garota a fuzilou com o olhar.
— Eu só não entendo por qual razão ele poderia esconder isso, sei que não nos damos bem, mas, não acha isso um pouco estranho? — Perguntou.
— Talvez ele só não quer a lembrança de que isso aconteceu outra vez entre vocês, já que, supostamente, vocês se odeiam. — A ruiva ironizou o final da fala.
— O que você quer dizer com suspostamente? — Questionou, irritada com sua melhor amiga.
— Você acha normal duas pessoas que se odeiam se beijarem duas vezes, porque eu nunca vi isso. — Foi sincera e engoliu seco querendo ignorar aquela possibilidade.
— Se a idiota aqui ao menos lembrasse de algo. — Voltou a ficar estressada.
— Você não tem medo de morrer? — Indagou a , depois de ter caído na real sobre a situação em si. — Ainda bem que ele te levou para casa, já imaginou o que poderia ter acontecido se ele não estivesse lá? — Repreendeu a garota.
— Me desculpa! — Suplicou.
— É sério, ! — Brigou. — E se ele fosse um homem disposto a te fazer mal, de verdade? — Referiu-se ao comportamento de .
— Mas, ele já faz isso desde que eu entrei na empresa. — Brincou para descontrair e recebeu um olhar reprovável da amiga — Tudo bem, não vai se repetir! — Fez um bico. — Vem, vamos dançar! — Puxou a amiga pela mão e a mesma impediu.
— Você vai, eu vou terminar meu drink. — Falou, apontando a cabeça para trás, fazendo a morena perceber que alguém estava dando em cima dela.
— Parece que a parte da paquera vai ficar com você. — Ironizou e deu espaço para amiga conversar com o cara que estava olhando para ela.
Após Olivia passar por ela, pediu mais um “sex on the beach” para o moço que estava a servindo, beberia para não deixar os mesmos pensamentos de mais cedo dominarem sua mente. Passou o dedo indicador na borda da segunda taça que foi provida para ela e suspirou olhando ao redor do local.
Por que estava a consumindo tanto sem ao menos estar perto dela?
Foi tirada forçada dos seus devaneios quando um homem aproximou-se dela de maneira sutil para perguntar seu nome. A mesma percebeu que ele já estava tentando falar com ela há algum tempo, mas, ela estava ocupada demais pensando em como resolveria uma situação sem ao menos lembrar do que tinha acontecido.
— Terra chamando! — Ele sorriu, alertando a garota.
— Sinto muito! — Ela riu desconfortável. — Eu estava distraída. — Explicou.
— Eu pude notar. — Sorriu novamente e só então ela pode contemplar a grandeza do homem a sua frente.
Ele era absurdamente lindo. Os olhos azuis brilhavam e a barba por fazer o deixava mais charmoso ainda. Não sabia que existia condições de chamar atenção de alguém como ele, por um momento imaginou que o mesmo estava se aproximando por achar que ela era acompanhante de luxo ou algo assim, arrependeu-se por colocar um vestido tão curto.
— Eu não faço programas. — Sussurrou no ouvido dele, envergonhada.
— Eu também não! — Respondeu com uma risada gostosa o bastante para fazer com que ela não parasse de o observar.
— Achei que tivesse me confundido...
— Com uma prostituta? — Ele a interrompeu. — Não me diga que pareço com esse tipo de homem. — Fez uma careta enquanto apoiou uma das mãos ao lado esquerdo no peito para simular uma pontada no coração.
— Não é isso! — Tomou um gole da bebida. — Você é muito bonito e está de terno. — O homem a fitou confuso. — Calma! — Pediu. — Para estar em um local como esse, significa que você pode ter algum poder executivo e quer passar despercebido. — Disse orgulhosa da sua teoria.
— Quer dizer que está me julgando pela minha roupa? — Indagou a garota e antes que ela pudesse responder, continuou a falar. — Agora faz sentido você achar que eu poderia te confundir com uma garota de programa, pensou que seu vestido falaria mais por você do que você mesma. — ficou sem saber o que responder, estava completamente constrangida. — Mas, na realidade, eu gosto do seu vestido. — Ele sorriu sem mostrar os dentes, sereno.
— Eu não quis julgar. — tocou a mão dele e sentiu a pele macia. — É só que eu entendo de moda e sei o quanto uma roupa dessas que está usando custa, sem falar no relógio em seu pulso. — Justificou.
— Eu sei! — Balançou a cabeça positivamente. — Em partes está certa, por esse motivo vou te perdoar. — Ele soltou a mão dela e tocou a ponta do nariz da garota com o dedo indicador.
A ação dele fez com que lembrasse de algo da noite anterior. tomava a mesma atitude que ele, a diferença é que seu dedo estava na testa dela e eles estavam próximos o suficiente para que pudessem se beijar, não conseguia recordar o que estava sendo dito entre os dois, mas, com certeza, qualquer coisa poderia ter acontecido ali.
— Você está bem? — O homem perguntou apreensivo e ela assentiu, ainda desconsertada. — Tem certeza? — Ele tocou a cintura da garota e ela voltou a realidade naquele instante.
— Sim, deve ter sido o álcool. — Disse, sentindo suas bochechas corarem e padecendo ao toque dele. — Meu nome é ! — Sorriu.
— Max. — Sorriu de volta, soltando a garota e se afastando um pouco.
— Então por que quer passar despercebido? — A morena fez um sinal para que o garçom a trouxesse mais um drink.
— Para saber se eu consigo ter uma conversa com alguma garota que não seja apenas sobre a quantidade de dinheiro que eu ganho. — Foi direto.
— Justo! — Concordou.
O silêncio pairou e eles devem ter se encarado por alguns minutos, com muita intensidade, o bastante para fazer desejar ir para cama com ele, havia algum tempo que não transava com alguém e o homem a sua frente estava demasiadamente convidativo.
— Então... você quer meu número ou o que? — Ela quebrou a calmaria com o som da sua voz.
— Eu quero você! — Respondeu sem desvios.
A garota ficou sem reação. Nas últimas semanas tinha se acostumado com o comportamento estúpido de em driblar as suas perguntas ou rebater as mesmas de maneira provocativa. Apenas havia respostas na ponta da língua quando precisava se defender ou tentar atacá-lo, então acreditou que sempre precisaria estar nessa posição até que alguém a desarmasse.
Max parecia o tipo de cara que faria isso, ele já havia feito, na verdade, então por que raios ela ainda estava pensando em ?
Fitou o homem quase que implorando com olhar para ele tomasse a atitude de beijá-la e aquele bastardo saísse da sua mente. Ele pareceu entender o que ela queria porque não demorou para agarrá-la e enfiar sua língua dentro da boca dela que concedeu cada segundo daquela ação. Agarrou a nunca dele, pressionando seu corpo contra o de Max.
Ele sorriu entre o beijo e mordeu o lábio dela, voltando a devorá-la de maneira feroz, poderia rasgar aquele vestido ali mesmo, era o que ele estava desejando, desceu uma trilha de mordidas por todo o pescoço da garota que arfou em correspondência ao ato dele. Fechou seus olhos para sentir melhor o prazer que aquele homem estava a causando e outra memória com veio à tona.
Sentiu seu corpo paralisar nos braços do homem que segundos atrás estava beijando sua boca. Recordou o quanto estava bêbada, mas, mesmo assim correu atrás de para beijá-lo e viu que o mesmo voltou para que pudesse fazer o mesmo com ela, lembro em como ele tinha dado o primeiro passo, não acreditou que aquilo havia acontecido.
O pior não era tocar os lábios, mas, querer fazer isso e ela lembrou de como esse sentimento a preencheu de uma forma imensa na noite passada. Percebeu que estava aérea mais uma vez, seus olhos estavam ardendo por passar algum tempo sem piscá-los. Voltou a si e tomou um pouco de distância de Max, que não entendeu muito a atitude dela, iria falar se não tivesse sido censurado pelo celular da garota, que começou a tocar desenfreadamente.
— É a minha amiga. — Falou enquanto olhava a tela do aparelho. — Você deveria pegar meu número, se quiser, é claro! — Disse, sem graça.
— Ainda não está claro o que eu quero? — Ele arqueou a sobrancelha e ela sorriu em concordância.
Eles trocaram seus contatos rapidamente e logo, ela deu as costas, por um momento, ao homem para atender seu telefone que começou a tocar pela segunda vez.
— Oi, babe! — Disse tentando disfarçar sua agonia com a lembrança que acabava de ter.
— O que aconteceu? — Liv perguntou notando algo de errado.
— Nada. — Foi indiferente e a amiga estranhou, mas, não deu tempo para que ela respondesse. — Onde está? — Questionou.
— Então, eu te liguei porque eu saí com o cara daí e estamos indo para minha casa. — Fechou um dos olhos esperando ser advertida.
— Me manda sua localização em tempo real e não esquece de avisar que chegou, está bem? — sorriu.
— Você acha que consegue voltar só? — Indagou a morena. — Se quiser, posso ficar e dispensá-lo, sabe disso.
— Não precisa se preocupar, eu pego um uber. — Confirmou para que a amiga ficasse tranquila. — Mas, e o seu carro? — Ficou confusa.
— O carinha não bebeu, então vamos voltar nele, por isso que liguei para saber se você ficaria bem. — Respondeu de maneira carinhosa.
— Eu amo você! — proferiu sem mais delongas.
— Eu também amo você babe! — Olivia devolveu a frase com mais amor.
Quando encerrou a ligação, olhou para trás para falar com Max pela multidão e não o encontrou. Suspirou, pensando em como havia perdido a oportunidade de conhecer alguém que parecia ser interessante para ouvir as besteiras que ela diz. Talvez ele não tivesse gostado do beijo ou ficou incomodado com algo, mas, definitivamente, aquela não era a melhor maneira de se despedir de alguém.
Entendeu como um sinal do universo para encerrar a noite, ir para sua casa, descansar e tirar o resto da noite para tirar da sua mente qualquer fragmento de caras que a confundiam de todas as maneiras possíveis. Possivelmente, o dono dos olhos azuis não era muito diferente de outros homens que já haviam passado pela sua vida.
Entrou no carro que tinha chamado pelo aplicativo do telefone e foi todo caminho desejando acordar o dia posterior no corpo de alguém que não fosse ela e que não tivesse que lidar com a merda que a mesma teria que enfrentar em algum momento. Fechou seus olhos e encostou a cabeça na janela, preocupada em como ocuparia o seu domingo para que não conseguisse ficar distraída de maneira alguma. Encher sua mente de trabalho agora não era uma opção.
Quando chegou ao destino final, pagou e agradeceu ao motorista que tinha sido bem educado ao respeitar o silêncio dela e só abriu a boca para perguntar se ela estava sóbria. Desceu do automóvel e sentiu quando o salto fino, em contato com a calçada, amassou algo. Era um chiclete. praguejou ao universo coisas infelizes ao mesmo tempo em que tentava retirar a goma de mascar arrastando o pé no chão.
Travou uma luta de segundos com o seu sapato até uma pessoa se agachar ao seu lado, tocar seu tornozelo e amortecer a agitação que ela estava causando em frente ao seu prédio. No instante em que o indivíduo levantou seu rosto, a garota pode perceber de quem se tratava e sentiu um frio na espinha com o contato excessivo dos dedos dele sobre a panturrilha dela.
retirou um pequeno lenço do bolso da calça, enquanto ambos se encaravam, pediu permissão com o olhar e a morena assentiu. Com toda delicadeza, ele deslizou a mão sob a pele de para que pudesse levantar o pé dela e retirar o chiclete que estava grudado. Ela observou toda a ação desacreditada que a mesma poderia acontecer algum dia, por motivos de nem parecer o perfil dele fazer esse tipo de coisa.
Ele levantou-se devagar, deixando um pequeno carinho pelo caminho que fez com o dedo na perna dela, o que fez com que ela, involuntariamente, se arrepiasse e colocasse um espaço entre eles.
— Obrigada! — A garota articulou devagar, quase que em um sussurro.
Não pode evitar que seus olhos guiassem ele dos pés à cabeça da garota, não precisava se esforçar para ficar bonita, mas, nunca tinha a visto com uma roupa diferente das que ela usava no trabalho. O vestido valorizava todas as curvas do corpo dela e o brilho prateado ressaltava mais ainda a cor preta dos cabelos dela. Era impossível não notá-la em qualquer lugar daquele jeito, pensou em quantos homens ela havia chamado a atenção onde estava, mas, jamais abriria espaço para que pensasse no quanto ele a achava bonita.
— Está parecendo uma garota de programa com essa roupa. — Disse debochado e ela revirou os olhos.
— Você é realmente inacreditável! — Falou, passando por ele, fazendo questão de esbarrar o ombro no braço dele, com raiva, e seguir caminho para entrada do saguão.
Não lembrava o sentimento de ódio que ele despertava nela até estar em sã consciência novamente e ter algum tipo de diálogo com o dito cujo. era o tipo de cara que testava seus limites para ver onde você conseguia chegar, foi isso que ele fez quando percebeu que era uma “ameaça” no início, o péssimo convívio entre eles foi desenvolvido pela ideia torta dele de que ela roubaria seu lugar no trabalho.
Não foi muito difícil para odiá-lo.
Ele tornou as coisas bem difíceis para garota que buscava desesperadamente se posicionar de maneira positiva na agência, pois, Nova York havia sido um tiro no escuro para ela e tudo poderia dar errado por causa de um babaca como . No princípio era divertido competir, mas, isso não iria mantê-la empregada, então começou a distribuir ideias para outros clientes e mostrar seu serviço e a guerra para roubar clientes um do outro iniciou a partir daí.
? — O rapaz a chamou fazendo com que ela olhasse para trás.
— Qual é o seu problema ? — Deu meia volta e caminhou em direção a ele irritada.
— Eu disse que viria, então, estou aqui. — Sorriu sarcástico.
— Isso foi há mais de dez horas. — Ela o empurrou com uma das mãos. — Alias, o que está fazendo aqui, virou meu stalker agora? — O fitou furiosa.
Ele desviou o olhar para cima, pois, não conseguiu enxergar a fúria nos olhos dela, talvez gostasse da bêbada, porque essa que estava em sua frente, no presente momento, o odiava e não seria capaz de beijá-lo. Deu-se conta que a garota jamais o olharia dessa maneira, pelo menos, não sem uma gota de álcool no organismo da mesma.
— Acho que está certa! — Falou cabisbaixo.
— O que? Você bebeu? — O indagou franzindo o cenho. — Primeiro, me deixa esperando a manhã inteira por você e agora aparece na minha casa do nada, eu não estou... — Ele a interrompeu.
— Eu não achei que estivesse falando sério. — Pareceu surpreso. — Realmente esperou por mim? — Questionou ela, ansioso.
— Eu achei que-que... — Gaguejou procurando as palavras, pois, entendeu que não foi até seu loft por acreditar que ela não queria que ele fosse.
sorriu, desconsertado, pela confusão da garota. E isso fez com que o coração dela acelerasse por um segundo pelo fato daquele sorriso trazer a energia caótica que tornava os dias dela uma bagunça, na maioria das vezes. E que era bem difícil assumir, mas, ela gostava. Não era um sorriso tão ruim assim, agora que ela enxergava mais de perto.
— O que você lembra, ? — Perguntou, chegando mais próximo dela, o suficiente para que ela pudesse sentir sua respiração.
— Do que você está falando? — Engoliu seco, sentindo-o se aproximar.
— Não precisa fingir que não sabe. — A fitou sério. — Está sóbria agora, eu acredito.
— Apenas de você me carregando. — Mentiu e ficou perceptível na feição em seu rosto.
— Eu disse para não fingir. — a agarrou pela cintura, colando seus corpos.
— Eu não estou fingindo. — Ela tentou andar para trás, mas, ele a segurou.
— Não lembra que eu te beijei? — Olhou no fundo dos olhos dela.
— Não seria homem suficiente para isso. — repetiu o que havia dito antes, pois, queria ver a sua reação em pessoa ouvindo da boca dela o quanto ele era fraco.
— Quer que eu te beije agora? — Perguntou enquanto a encarava.
A garota permaneceu em silêncio por algum tempo até perceber e entender o que estava acontecendo entre eles.
— Eu só quero que me deixe em paz, seu idiota! — Empurrou o rapaz que a prendia em seus braços, fazendo com que ele a soltasse.
— Aí está a que eu conheço! — abriu a boca em um enorme sorriso.
— Você deveria tomar cuidado com a porra do seu carro de novo! — Apontou o dedo na cara dele e ele fez um bico.
— Isso é uma ameaça? — Estreitou os olhos. — Por um momento, acreditei que você realmente queria que eu te beijasse. — Mordeu o lábio, risonho.
Bufou, nervosa e deu as costas a ele.
— É bom te ter de volta, ! — Gritou enquanto observava ela seguir sentido para a porta giratória do prédio e a mesma apenas mostrou o dedo do meio, sem virar para vê-lo, em correspondência ao que ouviu.
talvez fosse o único homem a ter duas versões da garota, a que o odeia e a que está bêbada com vontade de beijá-lo, porém, arriscava de dizer que a primeira o deixava mais empolgado, por isso disse que era bom tê-la de volta, o que significava estar sóbria, por que no final das contas era aquela que interagia com ele durante todo o dia no trabalho.
Talvez fosse um pouco demais acreditar que elas duas pudessem se cruzar e se tornarem uma só, afinal, como querer beijar alguém que você faz tanta questão de dizer o quanto não gosta. Todavia, desde que entrou na vida dele, a monotonia havia acabado, não queria que a garota o odiasse, mas, não é como se alguma vez tivesse conseguido chamar a atenção de alguém como ela. Então, se o ódio era o único sentimento que a mantinha por perto, que assim fosse. Ele preferia ter esse lado dela do que não ter nenhum.
Enquanto ela procurava maneiras de lidar com esse novo comportamento dele que fugia de todos os padrões anteriores. estava sendo gentil e a garota nunca havia conhecido essa outra parte, o receio de que ele estava escondendo algo dela era maior que qualquer coisa. Não entrava na sua cabeça que uma pessoa mudaria da noite para o dia sem um motivo que pudesse ser bom o suficiente para isso, não cogitava essa possibilidade por um momento sequer.
Pois, por qual motivo ele seria bom para ela se não tivesse interesse em algo que a mesma pudesse oferecer?
Quando entrou em casa, retirou seus saltos e os jogou por perto, precisava descansar não só o corpo, mas, principalmente a sua mente porque a mesma não funcionaria mais do mesmo jeito após esses dois últimos dias. Fora que necessitava estar preparada para sua apresentação de segunda feira, uma empresa muito grande estava prestes a fechar contrato com a Easy Communication, a agência em que trabalha, e ela queria aquela conta.
Passaria todo o domingo ensaiando as propostas do seu projeto para impressionar o possível cliente que estaria lá. Devido a isso, não deixaria nada atrapalhar. Não queria distrações. Estaria completamente focada. Seguiu direção para o seu banheiro e começou a encher a banheira para que não só tomasse um banho, mas, para que pudesse relaxar uns minutos antes de ir para sua cama dormir.
Inspirou o cheiro dos sais de banho que estava jogando na água morna e se despiu do seu vestido após isso. Conectou seu celular a uma pequena caixinha que deixava naquele espaço, pois, ouvir música durante o banho era quase como uma religião para ela. Abriu uma playlist qualquer, colocou para tocar, deixou seu telefone em um pequeno banco ao lado, entrou no espaço e sentiu quando a espuma fez uma leve cocega nas suas pernas.
Cochilou por uns dez minutos e foi acordada pelo toque de mensagem do seu aparelho. Reconfortou-se na banheira e enxugou uma das mãos para pegar o objeto, além do novo recado, havia algumas notificações não lidas, sorriu para tela quando viu que algumas delas era da sua amiga Olivia.
“Já cheguei em casa!”
Uma hora depois desse texto, ela mandou outro.
“Ele é péssimo de cama, por Deus”
Trinta minutos depois.
“Ele sabe cozinhar, não deixei ir embora, sexo podemos recusar, uma boa alimentação jamais :)”
Ela não deixou de gargalhar ao ler aquilo, Liv era hilária. A garota era do tipo de pessoa que conseguia obter atenção de quem ela quisesse por ser atenciosa, engraçada e extremamente carismática. decidiu responder a amiga da melhor forma.
“Pena que não vai ter sobremesa :(”
Foi irônica pelo fato da transa não ser boa. Logo mais, viu o número que havia acabado de lhe mandar um recado.
“Me desculpa por ter desaparecido, coisas do trabalho, não consegui me despedir, pois, você estava em ligação e eu não quis atrapalhar.”
Era Max.
Por um momento, eu achei que tivesse beijado um fantasma.”
“Um fantasma bonito, eu espero!”
revirou os olhos. Atrair egocêntricos parecia ser o carma dela. Decidiu não responder mais, até que o celular vibrou novamente.
“Poderia te ver novamente?”
“Talvez durante a semana.”
“Amanhã não é um dia bom para você?”
“Tenho trabalho para fazer.”
“Temos uma viciada, é isso mesmo?”
Ele brincou, mas, gostou, pois isso era algo que realmente causava atração em uma mulher para ele.
“O suficiente para deixar você de lado por mais alguns dias? Sim!”
A garota sorria enquanto escrevia a mensagem, queria dá um gelo naquele ego.
“Não me atingiu! Achei isso extremamente sexy, por sinal.”
Ela o ignorou. Mais um minuto sem respondê-lo e o deixaria maluco por ter que ficar correndo atrás.
“Eu voltarei em poucos dias para meu estado, mas, não voltarei antes de te fazer minha .”
O estalo na mente dela chegou quando percebeu que ele não era de Nova York, compreendeu o quanto havia sido ingênua com algo que estava na sua cara, Max estava só de passagem, por isso falou em passar despercebido. Determinou que não perderia a chance de ter algo, mesmo que em um curto período, com ele. Ele era gato, o beijo havia sido bom, provavelmente o sexo seria também e o mais importante, o homem a queria.
“Terça funciona para você?”
Respondeu.
“Ótimo! Eu ligo para você então.”
Ela não viu a necessidade de respondê-lo já que tinha ficado óbvio para ambos o que seria feito, não quis prolongar a conversa, pois ele não era um alvo duradouro porque voltaria para sua casa, porém, ter Max por perto seria a distração perfeita para que não a atrapalhasse com o seu novo e estranho comportamento.
Depois que saiu do banho, revisou algumas vezes sua apresentação e adormeceu. O domingo não foi de muitas surpresas, ela havia se afastado do mundo para apenas focar em estudar suas estratégias para empresa que estava entrando na agência. sempre ficava ansiosa antes de atender a novos clientes, principalmente pelo fato de que várias ideias eram propostas em reunião para os mesmos escolherem e decidirem quem eles gostariam que tomassem a frente de suas contas.
Ainda na noite daquele dia, colocou uma roupa confortável, calçou um dos seus tênis, posicionou os fones sem fio no ouvido e resolveu correr pela caótica cidade para espairecer. Sua banda favorita começou a tocar e ela não pode evitar sorrir enquanto dobrava o quarteirão, controlando sua respiração. O mesmo sorriso desmanchou quando o toque do telefone atrapalhou a música que estava ouvindo.
— Quem é? — Perguntou irritada, após passar o dedo indicador no sensor do seu fone, pois, não pode ver o nome do indivíduo, já que seu celular estava no suporto pendurado em seu braço.
— O que está fazendo? — perguntou do outro lado da linha.
? — Parou de correr no mesmo momento. — O que você quer? — Achou estranho o mesmo a ligar.
— Só saber o que está fazendo. — Respondeu ao mesmo tempo em que deitava na cama.
— Sério? — A garota colocou as mãos na cintura e respirou fundo.
— Ah! — Ele percebeu. — Estava correndo. — Sorriu sem mostrar os dentes.
, talvez a conhecesse mais que qualquer um dentro daquele escritório, pelo fato de sempre está por perto para irritá-la fez com que ele decorasse a rotina dela e prestasse atenção em cada trejeito.
— Sim, eu estava correndo. — Repetiu em concordância. — Mas, de verdade, o que você...
— Está ansiosa para amanhã, não é mesmo? — A interrompeu. — Por isso foi correr. — Bufou e percebeu que ele também estava com o mesmo sentimento.
A competição entre eles sempre desencadeava isso. As vezes não era tão divertido assim e isso mexia com o psicológico de ambos por serem perfeccionistas e incessantemente quererem estar em primeiro.
— Não acredito que vou dizer isso. — Revirou os olhos e logo após mordeu o lábio. — Mas, você quer tomar um vinho? — Questionou rapidamente.
— Eu achei que não fosse perguntar. — Ele levantou da cama subitamente.
— Na minha casa em trinta minutos. — Ordenou, o que fez rir fraco com o jeito dela mandona. — Quer que eu desista? — Fez um bico, sabendo que ele voltaria atrás daquela risada.
— Tudo bem! — Defendeu-se. — Obrigado, ! — Tentou ser gentil.
— Até mais! — Ela desligou.
ficou pensativa por um momento, as coisas com estavam muito confusas e ela não sabia se tinha feito a coisa mais certa naquele momento, mas, precisava de álcool no seu organismo e ele parecia ter adivinhado isso quando a ligou. Então, ela deu meia volta e começou a correr em direção ao seu apartamento, acreditou que trinta minutos era o suficiente para se arrumar e esperar o rapaz que tanto a perturbava por esses dias.
Não entendia o motivo da sua ansiedade em relação a essa situação, mas, sentia que estar ao redor dele a causava diferentes emoções, era como uma montanha russa e ela não conseguia mais negar a si mesma que gostava de ir do céu ao inferno em questão de segundos. Definitivamente, essa noite ficaria na memória dos dois, seria por causa de algumas taças de vinho ou apenas por não conseguirem guardar o veneno para si.


Capítulo 2

Nunca, em dois anos, pensou que estaria se arrumando para um encontro com o senhor irritante. Ou melhor: para recebê-lo em sua casa. Preferiu tirar a ideia de que beber um vinho e conversar sobre o trabalho seria uma chance para algum tipo de flerte ou tensão sexual, pois, a garota lembrou que já fazia um bom tempo desde que teve uma boa transa e que isso poderia influenciar em suas atitudes.
— Está tão desesperada assim? — Falou consigo mesmo enquanto se olhava no espelho. — É o , ele te odeia! — Foi incisiva. — Você é bem melhor do que isso. — Sorriu sem mostrar os dentes.
Decidiu acreditar que sua vagina estava falando mais alto naquele momento, por mais que fosse um cara extremamente atraente, ainda era o seu maior inimigo da vida, atrapalhava toda sua rotina, todo o seu trabalho e suas oscilações de humor e comportamento eram todas causadas por ele. O fato de que ele estava a uns quarteirões da sua casa, justamente por que ele sempre muda os planos dela, era um maior exemplo disso.
— Porque você o convidou? — Continuou discutindo consigo mesma. — Qual é o seu problema? — Bufou irritada.
Prosseguiu repetindo que seria apenas um diálogo sobre como ambos estavam ansiosos para, talvez, o maior contrato de suas vidas, não sabiam de muita coisa em relação a isso, mas, acreditavam que se o senhor Carter havia convocado uma reunião apenas com eles dois para esse novo cliente, com certeza seria algo muito grande. Dispersou seus pensamentos quando ouviu a campainha tocar e não pode evitar sentir um frio na barriga.
Olhou para cima pedindo forças para um ser superior, respirou fundo soltando todo o ar pela boca e foi em direção a sala convicta de que precisava colocar uma gota de álcool o mais rápido possível dentro do organismo. Segurou a maçaneta extremamente arrependida por tê-lo chamado, mas, quando abriu a porta tudo o que conseguia ver era alguém demasiadamente sem graça, então lembrou que essa era a diferença entre eles.
Green conseguia, na maioria das vezes, disfarçar como estava por dentro.
— Eu trouxe vinho rosé. — Ele mostrou o produto que segurava em suas mãos.
ficou sem reação imediata, pois, era a primeira vez que via ele tão ansioso, conseguia perceber a força que o mesmo fazia para não demonstrar que suas mãos tremiam.
— Não precisava! — Tentou ser gentil. — Eu te chamei, a bebida seria por minha conta. — Foi amigável.
— Foi barato! — Riu desconfortável. — É de um amigo meu, ele disse que foi barato. — Justificou, nervoso.
— Mas...
— Eu quis trazer! — Assentiu com a cabeça positivamente, interrompendo ela.
— Tudo bem! — Encarou ele por alguns segundos, pegou o vinho de suas mãos e deu as costas, seguindo caminho para cozinha.
O clima era constrangedor. Eles nunca estiveram tão lúcidos em um momento que ambos estivessem no mesmo ambiente, geralmente o que acontecia, fora os jogos psicológicos, era a grande névoa de raiva que predominava no lugar, então era no mínimo estranha a situação.
— Vai ficar parado aí? — Ela perguntou após parar, olhar para trás e vê que ainda estava do lado de fora.
— Você não disse que eu podia entrar. — Disse sem graça.
— Não é como se você tivesse precisado de uma autorização antes. — Estreitou os olhos sem entender toda aquela educação dele.
tratou de adentrar o mais rápido possível e acompanhar a garota até a copa, agora com tudo mais nítido e claro, ele podia ver como o loft tinha a personalidade dela estampada em todos os cômodos. Observou enquanto retirava duas taças do armário e as colocava em cima da bancada de mármore que ocupava o meio do espaço.
— Então, quais são seus palpites sobre esse cliente de amanhã? — Trouxe a atenção de para ela.
— Deve ser alguém bem grande! — Respondeu enquanto observava encher as duas taças com o vinho que ele trouxe. — Signature? — Questionou ao ver a garrafa.
— Eles me deram quando apresentei a campanha que te tirou deles. — Sorriu irônica e ele revirou os olhos ao lembrar. — Mas, então, eu pensei nisso! — Concordou, empurrando uma das bebidas para e bebericando um pouco da outra. — Carter ao menos nos mostrou algo para que pudéssemos fazer uma apresentação ou algo assim. — Respirou fundo.
— Isso me faz pensar que é um novo cliente. — Bebeu dois goles do vinho e fez uma careta, automaticamente, soltou uma risada. — O que?
— Nunca bebeu vinho antes? — Indagou sarcástica.
— Não é minha bebida favorita, ok? — Reclamou.
— Então, por que está bebendo? — Questionou com um semblante de confusão.
— Porque você pediu. — Justificou.
— E desde quando você faz o que eu peço? — O fitou cínica e ele revirou os olhos.
— Eu só estou tentando ser legal! — Retrucou entediado com o comportamento dela.
— E desde quando você é legal? — Lançou uma pergunta retorica em tom de deboche.
— Você poderia parar? — Perguntou irritado.
— Por que eu pararia? — Bebeu todo o conteúdo da sua taça.
— Talvez um bom motivo seria o fato de você ter me convidado. — Bufou.
— Eu fiquei com pena, você estava praticamente implorando. — Ela comentou enchendo sua taça mais uma vez enquanto recebia um olhar de desaprovação de .
— Eu não sei porque achei que seria uma boa ideia vir! — Coçou a cabeça. — Eu, realmente, odeio você! — Abriu um sorriso assustador. — Você é insuportável! — Apontou o dedo indicador para ela que o encarava espantada.
— Eu também odeio você, mas...
— Eu não preciso ficar! — Arfou. — Eu nem ao menos sei o que eu estou fazendo aqui com a pessoa que eu menos gosto neste planeta. — Esfregou seu rosto com as duas mãos.
...
— Boa noite para você, ! — Disse e deu as costas, em direção a porta.
— Você pode parar de drama? — Gritou ao mesmo tempo em que pegava uma maça da fruteira de prata, em cima da mesa, e jogava na cabeça do rapaz, que sentiu a dor instantaneamente.
— Você jogou uma maçã em mim? — Perguntou enquanto observava a fruta no chão e pousava a mão no local machucado.
— Sim, como percebeu? — Foi irônica. — Achei que não tinha um cérebro e por isso não seria capaz de discernir sentimentos. — Sorriu cínica.
— Qual é jogo dessa vez, ? — Falou, aproximando-se da garota.
— Do que está falando? — Questionou um tanto nervosa.
— Disso tudo. — Ficou a centímetros dela. — Meses atrás não cogitaria a ideia de estar comigo em um mesmo espaço, mas, agora estamos na cozinha do seu apartamento. — E lá estava a respiração que ele tanto almejava sentir, estava perto o suficiente para notar.
— E qual é a sua, ? — Encarou o rapaz a sua frente e fez um sinal com a cabeça para enfatizar sua pergunta. — Me ligando como se soubesse que quando estou ansiosa eu vou correr, esperando por uma migalha de atenção minha. — Mordeu o interior da sua bochecha, tentando disfarçar o nervosismo.
engoliu seco.
— Deve ser porque eu sei que você só corre quando está ansiosa. — Os olhos deles não tiravam ela do seu campo de visão.
Eles estavam vidrados um no outro.
— E como você saberia disso? — Empurrou o ombro dele com o dedo indicador.
— Talvez por que você posta toda sua vida na porcaria do seu instagram. — Sorriu sem mostrar os dentes.
— E o que você estava fazendo lá? — Tentou pressionar novamente seu dedo indicador no ombro do rapaz, porém, o mesmo foi mais rápido e segurou sua mão.
— É o único lugar onde eu posso te ver sem ser uma chata do caralho, como está sendo exatamente agora. — Ele puxou , em único impulso, para perto do seu corpo.
— E porquê... — Foi interrompida.
— Por favor! — Implorou. — Apenas pare com essas perguntas estúpidas e me peça para fazer o que você tinha em mente quando me chamou aqui. — Ele fitou os olhos nos lábios dela que estavam entre abertos, agora, depois de ouvir o que havia dito.
— Como assim? — Se fez de desentendida.
— O que você quer? — Umedeceu os lábios.
— Apenas beber, ! — Afastou-se dele. — Pode parar com essa merda de ficar falando como se quisesse me beijar? — Perguntou e depois virou a taça que acabara de encher.
— Você vai acabar ficando bêbada assim, já é sua terceira. — Mudou o assunto.
Por mais que quisesse responder que queria beijá-la, pois, seu corpo desejava sentir a maciez daqueles lábios outra vez, ele lutava contra isso a cada segundo, entregar-se para seria como um caminho sem volta para sua carreira profissional desandar dentro da agência, pelo menos era isso que ele pensava.
— Essa é a intenção! — Ela respondeu sarcástica.
— Então, vamos fazer isso! — O rapaz sorriu e ela não pode deixar de comemorar.
aproximou a garrafa do seu nariz e ao sentir o cheiro do vinho rose, boas memórias da Itália vieram a sua mente, por mais que fosse algo barato, como ele havia enfatizado, trouxe a ela uma grande nostalgia das suas saídas com a sua família pelas ruas estreitas, quando estava de férias na respectiva cidade que seus pais moravam.
— Não é tão ruim assim! — Deu de ombros e ele caiu na gargalhada. — Eu estou falando sério! — Ela disse acompanhando as risadas dele. — ! — Repreendeu o rapaz.
— Me desculpa! — Falou tentando controlar-se. — É só que você bebeu o bastante para dizer que não é tão ruim assim. — Apontou para garrafa.
— Eu quis dizer que o cheiro me lembrou a Itália, seu idiota! — Arregalou os olhos para ele enquanto sorria de maneira singela.
— Faz mais sentido agora. — Levantou as sobrancelhas. — Você sente falta de lá? — Questionou genuinamente ao mesmo tempo que bebera um gole de vinho da taça que acabara de preencher.
— Eu sinto falta da minha família! — Arfou. — Eu nasci aqui, então não é como se eu tivesse tanta ligação assim, sabe? — Franziu o cenho tentando acreditar no que havia dito.
— Não parece ter tanta certeza! — Comentou.
— Lá é lindo e sempre é divertido quando eu vou passar um tempo, mas, não é Nova York! — Suspirou.
— Você poderia ser muito grande na Itália, já imaginou? — Falou empolgado, pois, acreditava no potencial dela.
— Está tentando me convencer a morar em outro país para ficar com a agência toda para você? — Indagou séria.
Alguns segundos depois, os dois riram mais uma vez. Ainda não estavam acostumados a momentos, supostamente, felizes acontecendo com os dois no mesmo ambiente, então, um ar constrangedor sempre surgia após uns instantes entre eles.
— Você é muito desagradável! — Revirou os olhos com a intenção de disfarçar o desconforto.
— Pare! — Pediu. — Eu não estou bêbada o suficiente para isso. — Explicou e depois fez um bico, levemente, irritada.
— Não consegue ficar perto de mim sem achar que quero tomar o seu emprego por dois segundos? — Virou toda a bebida à sua frente e não pode evitar mais uma careta.
— Ainda não se acostumou? — Olhou para ele sem o mesmo perceber e não conseguiu desviar o olhar da boca dele que estava molhada por causa do vinho.
— Como eu disse antes, não é meu favorito. — passou o polegar pelos lábios e chupou o mesmo, em sequência.
O rapaz não notou que ela estava o observando, então sua ação teve um misto de sensações na garota que sentiu arrepios correr por todo seu corpo, nunca havia desejado tanto ser um polegar na sua vida. Ela suspirou pensando que todo tesão acumulado a faria cometer uma loucura, reclamou consigo mesmo por não ter chamado Max. Concluiu rapidamente em sua mente que de nada adiantaria chamar um para sua casa, quando sua cabeça estava completamente em outro.
— Eu tenho bourbon! — Chamou atenção de .
— Não acredito! — Disse surpreso. — É o meu favorito! — Mordeu o lábio feliz.
— Eu sei! — sorriu sem graça e ele conteve a alegria para encará-la.
— Como sabe disso? — Perguntou franzindo o cenho.
— É o que você sempre pede quando saímos com o pessoal do trabalho. — Ela balançou, devagar, a cabeça positivamente. — Bourbon com duas pedras de gelo, mas, se estiver estressado, você costuma beber puro. — Sorriu fraco confirmando a sua teoria
fitou boquiaberto.
— O que foi? — Indagou, desconcertada com a maneira que olhava para ela.
— Eu não estou bêbado o suficiente para isso. — Moveu o olhar para o chão.
O ar ao redor deles estava bem estranho. não tinha nenhuma intenção de mostrar a que prestava atenção nele, as palavras apenas saíram da sua boca de um jeito inocente e uns segundos depois, ela se deu conta que foi taxativa demais no que havia falado. Então, claramente, era normal que o rapaz em sua cozinha estivesse surpreso, pois, na cabeça dele não era comum alguém dizer que o odeia, mas, ainda assim prestar atenção o suficiente em pequenos detalhes como o jeito que ele bebe whisky.
preferiu ficar em silencio por uns instantes até tomar a atitude de ir no armário buscar a bebida favorita do seu colega de trabalho e como sempre precisou puxar a mini escada que ficava na cozinha para que ela pudesse alcançar as prateleiras mais altas, porém, antes que conseguisse alcançar o objeto, posicionou a mão direita na bancada, impedindo que a garota passasse.
— O que você está fazendo? — Questionou nervosa ao sentir a aproximação dos seus corpos.
Sem dizer uma palavra, ele abriu a porta da estante com sua outra mão e retirou a garrafa com o liquido amarronzado de dentro. Posicionou o objeto de vidro ao lado, em cima da superfície de mármore que estava atrás da garota. Logo após, prendeu em um pequeno espaço entre seus braços.
— É este? — Gesticulou com a cabeça para o lado esquerdo.
— Você sabe que é. — Respondeu olhando para cima, alcançando os olhos dele.
— Esse cheiro... — Ele segurou o queixo dela, virou um pouco para o lado, aproximou-se do pescoço e respirou levemente a essência.
Nesse meio tempo, já havia morrido por dentro umas mil vezes, visto que os arrepios percorriam por todo seu corpo na mesma velocidade de um carro em uma competição onde o objetivo é alcançar o primeiro lugar. Foi uma ação completamente repentina dele e ela ainda não estava sabendo lidar com esse novo comportamento do rapaz.
— É canela! — Respondeu, tentando recompor-se e retirando devagar a mão dele do seu queixo.
— Eu sei. — Disse.
— Você odeia! — Ela engoliu seco
— Quem disse isso? — Indagou a garota, deixando seu rosto mais próximo do dela.
— Na última vez que esteve aqui, você falou que não combinava comigo e automaticamente pensei que odiasse. — Justificou movendo os lábios, em um bico, para esquerda.
— Eu menti! — Sorriu de lado, cínico.
— Por que? — Perguntou confusa.
— Porque você gosta quando eu faço essas coisas, não gosta, ? — Esfregou a ponta do seu nariz no dela e a garota desejou fraquejou por um breve tempo, quase o beijou, mas, conteve-se.
— Nós precisamos de música! — Respirou fundo, empurrou , abriu espaço para passar e o mesmo não evitou expressar um semblante vitorioso em seu rosto.
Após pegar a garrafa de bourbon, ele seguiu a garota até a sala e não controlou o impulso de observá-la dos pés à cabeça. Julgou engraçado como a postura de mandona sumia assim que ela mudava suas roupas, agora apenas com um vestido preto curto, rodado e decotado o suficiente para chamar atenção de toda Nova York, inclusive a dele, os olhos do mesmo demoraram um pouco assim que pousaram no busto de .
— Perdeu alguma coisa, ? — perguntou percebendo a ousadia que ele teve em olhar para os seus seios.
— Foi proposital? — Indagou sarcástico e mordeu o lábio inferior.
— O quê? — Questionou e após bebeu uma certa quantidade de vinho direto do gargalo.
— É assim que vamos beber? — Balançou a garrafa de whisky que estava em uma de suas mãos.
— O que foi proposital, ? — Foi direta.
— Suas roupas, senhorita . — Sorriu, levantando as sobrancelhas.
— Você é tão presunçoso! — Exclamou, revirando os olhos.
— Eu acho que isso tudo é um plano para me tirar do foco amanhã. — Abriu a tampa do whisky, com facilidade, visto que o mesmo já não estava lacrado, dando indícios que havia aberto e bebido antes.
— Faz todo sentido! — Concordou ironicamente. — Sou eu quem está colocando todo esse álcool dentro da sua boca. — Retrucou enquanto via virar dois goles da bebida.
— Não posso evitar! — Suspirou após desgrudar a garrafa da boca.
— Eu entendo. — Sorriu de maneira genuína. — Não faço a mínima ideia do que nos aguarda amanhã, mas, não tenho um bom pressentimento sobre isso. — Arfou um tanto nervosa.
— Nós já passamos por coisas piores. — Ele tentou chegar mais perto da garota ao falar.
— Eu não sei se essa é a melhor coisa a ser dita agora. — não pode evitar uma risada.
— Só quis descontrair. — Deu de ombros após outro gole de whisky que desceu rasgando a sua garganta e por isso ele emanou um som estranho com a boca.
— Não sei como consegue gostar disso. — Revirou os olhos.
— Mais respeito, por favor! — Reclamou com a garota. — E se você não gosta, qual a razão para ter uma garrafa em sua casa? — Perguntou.
— Eu comprei essa hoje. — Sorriu sem graça.
— Mas, já estava aberta, eu... — Ficou confuso.
— Abri para experimentar, mas, não foi uma boa ideia. — Explicou tentando não mostrar seu nervosismo.
— Você comprou para mim? — Questionou curioso.
— Sim. — Assentiu rapidamente.
Apesar de surpreso, sentiu que não fazia mais parte do momento continuar interrogando a garota por algo que era um tanto banal ou pelo menos, deveria ser. Para ele, não entregaria tão fácil os motivos de ter feito isso, preferiu pensar que não existia nada a mais do que um simples ato de gentileza de sua colega do trabalho.
Direcionou o olhar para morena que conectava seu celular a uma caixa de som que estava em cima da mesa de centro. Estava se sentindo culpado por admirar e isso incluía todo o corpo dela, mas, não existia maldade da parte de , por um momento desejou que se ele não pudesse tocá-la que ninguém mais conseguisse também. Saiu do seu devaneio quando a música que ela escolheu começou a tocar e não pode evitar o susto.
— O que é isso? — Perguntou com a mão no coração, o qual estava acelerado.
— Blink-182. — Respondeu. — Minha banda favorita. — Disse satisfeita.
— Sua banda favorita? — Questionou surpreso e ela concordou.
Não demorou muito para que ela começasse a dançar e girar pela sala.
— Você vai cair desse jeito, . — Repreendeu a garota que o ignorou.
— Não seja ridículo! — O puxou pela mão.
O pequeno vestido preto rodopiava ao redor dela causando uma onda de emoções pelo corpo de , era estranho acreditar que aquilo estava acontecendo em sua frente, se movia em câmera lenta para ele ao mesmo tempo que o rapaz tentava acompanhá-la, mas, não conseguia, pois estava muito impactado com as informações que estavam sendo expostas.
O som da risada dela ecoava na sala, nunca tinha visto esse lado da garota e isso estava o matando, saber que existia esse outro lado da , doce, divertida, brincalhona. Começou a culpar-se por não ter mostrado quem realmente ele era e agora tinha que viver com a ideia de como seria se ele apenas tivesse acolhido ela ao invés de transformar o ambiente de trabalho em um campo de batalha.
Levou um total de cinquenta minutos para que a bebida dentro de ambos começasse a surtir um efeito diferente. Os estavam jogados no chão, suados e posicionava suas pernas em cima do colo de , o mesmo acariciava de maneira delicada os pés da garota. O silencio que no início pareceu amigável, agora fazia com que tanto ele quanto ela não entendessem o que estava acontecendo.
— Como chegamos a esse ponto? — Ela quebrou a calmaria que estava na sala.
— Aquilo! — Soltou os pés dela para apontar para garrafa de vinho jogada no chão a poucos metros da morena.
... — o chamou o que fez com que ele a encarasse.
Ficou esperando que ela continuasse a falar, mas, a garota assim não o fez.
— O quê? — Ele insistiu, deitando ao lado dela.
Agora os dois encaravam o teto.
— Por que a gente se odeia? — Deu um pequeno soluço após o questionamento.
— Você é bem mandona e controladora, eu acho que essa é maior motivo de todos. — Colocou uma das mãos como apoio atrás da cabeça e a outra em cima do peito, imediatamente sentiu que estava sem camisa, mas, não deu muita importância.
— Eu acho que deve ser porque você sempre foi meio estúpido comigo. — virou de lado, o que fez com que a acompanhasse. — Eu não gosto de pessoas estúpidas. — Resmungou meio triste.
— Você também é bem estúpida comigo, não acha? — Ele a encarou enquanto colocava uma mecha de cabelo atrás da orelha dela.
— Eu só me defendo! — Fez um bico com raiva.
— Claro! — Assentiu. — Como se você fosse tão inocente assim. — Sorriu de lado.
— Eu não sou inocente! — Retrucou de imediato. — Mas, você começou tudo isso. — Empurrou o ombro dele devagar e posicionou o seu corpo, novamente, de forma com que encarasse o teto. — Algumas vezes, eu, realmente, quero te matar. — Bufou.
observou por um momento enquanto o delineamento do rosto dela era formado do ângulo que ele podia enxergá-la e não pode deixar de pensar que mesmo com tanta raiva dele, ainda conseguia despertar um sentimento diferente do ódio e por mais que se isso o preocupasse, a bebida nesse momento poderia compensar qualquer atitude fora do comum.
— Continua linda para mim. — Disse sem pensar ao vê-la de perfil e no mesmo momento foi fuzilado pelas pupilas da garota a sua frente.
— O que disse? — Fitou ele incrédula.
— Que continua linda para mim mesmo querendo me matar. — Os dois se encararam por um momento e caíram na risada.
— Nunca te vi tão bêbado! — Ela exclamou em meio a gargalhadas.
— Muito bêbado por sinal. — Disse ele cessando o riso. — Obrigado por ter comprado whisky para mim. — agradeceu voltando seu olhar para ela de novo.
— Não sou de todo mal, viu? — A garota deu uma piscadela. — Aliás, por que está sem camisa? — Questionou curiosa, após finalmente perceber o tempo que estava seminu ao seu lado.
— Eu não faço ideia de onde está minha camisa ou o que fizemos com ela — Passou uma das mãos pelo cabelo, o que ocasionou no enrijecimento do seu peitoral e não evitou olhar e morder o lábio.
— Provavelmente o mesmo que fiz com minha calcinha. — Falou impulsivamente enquanto admirava o rapaz sem camisa.
— O quê? — Engoliu seco. — Está sem calcinha agora? — Sentou-se no chão, novamente, em um lance. — Isso é sério? — Olhou para as partes intimas dela e logo desviou o olhar para o rosto da garota.
— Você ficou nervoso em saber disso? — Ela perguntou enquanto se levantou devagar e ficou ao lado dele.
— Que homem não ficaria? — Questionou ansioso. — Nós estamos a sós e bêbados, em que parte acreditamos que isso daria certo? — Virou o rosto para encará-la e acabou ficando cara a cara com a mesma.
A respiração que ele tanto gostava estava ali.
— E se tentarmos? — Acariciou as costas dele com suas unhas e subiu as mesmas para sentir os cabelos macios do rapaz.
— Para! — Pediu, jogando a cabeça para trás ao sentir o carinho que as garras dela faziam.
— Você realmente quer que eu pare? — Engatinhou em direção ao colo dele e sentou no mesmo.
— O que está fazendo, ? — Colocou as mãos na cintura da garota a sua frente.
Os arrepios percorreram pelo corpo dela de maneira rápida, jamais imaginou que estaria com o rapaz desse modo. Muito mais que querer, ela precisava sentir de algum jeito, saber quem ele fora de toda aquela postura marrenta que sempre tinha quando ela estava por perto ou quando sentia-se ameaçado.
— Você não quer fazer? — Indagou de forma manhosa. — Eu posso sentir que você quer. — Disse no exato momento que percebeu que uma ereção aparecia no membro de .
E de fato, o rapaz queria mais que tudo.
— Estamos bêbados, vamos nos arrepender depois, sabe disso. — Tocou o rosto dela carinhosamente.
— E se não? — Mordeu o lábio, apreensiva.
— Eu não quero fazer isso, se amanhã você vai me odiar mais quando lembrar que algo aconteceu. — Encarou a garota sério.
sabia que ele estava certo. Os dois estavam fora de si e não existia sentimento, apenas tesão, isso dificultaria as coisas lá na frente no trabalho e afetaria a relação profissional deles com o rh, fazendo com que um deles perdesse facilmente o emprego.
— Você está correto! — Ela respirou fundo e saiu do colo dele.
Frustrados.
Essa poderia, facilmente, ser a palavra certa para definir como os dois se sentiam naquele momento, o que era divertido, foi convertido em puro tesão e consequentemente em algo sério, entediante e nada palpável. Talvez para aquilo tivesse pesado muito mais, no sentido de que se ela insistisse mais um pouco ele teria feito o que ela quisesse.
— Me desculpa por cortar o clima. — tentou se aconchegar com as costas perto do sofá.
— Na verdade, está tudo bem! — Ela aproximou-se dele. — Acho que vai ser melhor assim. — Encostou a cabeça no ombro do rapaz.
— Ainda nos odiamos? — O rapaz questionou.
— Definitivamente. — Balançou a cabeça, confirmando.
A atmosfera de desejo entre eles era óbvia. Eles queriam aquilo.
... — sussurrou quase como um gemido.
Sem esperar a resposta do rapaz ao seu lado, ela subiu em seu colo pela segunda vez na noite, em um ímpeto e acabou se desiquilibrando um pouco, com o susto da atitude da garota, ele a agarrou com força para que ela não caísse. Ao sentir apertar sua cintura, arfou involuntariamente e encostou a sua testa na dele, em seguida os lábios de ambos acabaram se encontrando.
— Tem certeza que quer fazer isso? — Ele perguntou enquanto roçava sua boca na dela.
não respondeu, apenas o beijou.
procurava a língua dela, desesperado para senti-la e quando encontrou o choque foi imenso no seu corpo, era impressionante como ele não conseguia mais mentir sobre desejar estar dentro da garota. Entrelaçou seus dedos pelo cabelo de com força e em seguida mordeu o lábio inferior dela, ela fechou os olhos e tudo que imaginou foi dentro de sua intimidade.
A morena comprimiu seu sexo em uma tentativa falha de controlar o tesão, pois, o mesmo, constantemente, estava sendo friccionado sobre a ereção do membro que exaltava pelo jeans do seu colega de trabalho. A garota estava extremamente excitada e isso ficou mais obvio quando o rapaz levou sua mão para debaixo do vestido dela e passou dois dedos na região do clitóris e pode confirmar que ela realmente estava sem calcinha.
— Nem parece que me odeia de tão molhada que está! — provocou após sentir a umidade na região.
— Cala a boca! — Ordenou enquanto tentava obter o máximo de contato possível com ele.
— Aqui você não vai mandar, ! — Disse, tirando a garota do seu colo, a deitando de maneira brusca no chão e ficando por cima dela. — Eu te machuquei? — Questionou preocupado após sentir o impacto.
— Não. — Disse manhosa.
— Olha, pode ter certeza, não existe outra pessoa no momento com tanta vontade de te foder como eu agora. — Falou enquanto apoiava as mãos no chão para ficar por cima de . — Mas, estamos bêbados, não é uma boa ideia e você sabe disso. — Encarou a garota.
— Tudo bem! — Suspirou fazendo um carinho tendencioso nos ombros de .
— Você não tem jeito! — Ele disse em meio a gargalhadas ao mesmo tempo que deitava, novamente, no chão ao lado dela.
— Podemos apenas ficar abraçados então? — Indagou ao rapaz, já colocando a cabeça no peitoral dele e se aconchegando ao corpo do mesmo.
— E tem como eu dizer não? — Questionou ao perceber que ela ao menos havia esperado uma resposta.
Um silêncio pairou entre eles, o que fez com que notasse que a morena em seus braços estava no décimo sono, mas, mesmo assim começou a fazer carinho em seus cabelos, macios e cheirosos. Para ele foi mais difícil acalmar sua mente para que pudesse descansar, pois, tudo o que aconteceu ficou rondando os pensamentos dele.
Odiava como sempre o queria quando uma gota de álcool entrava no organismo dela. Automaticamente, lembrou do natal, quando a beijou de maneira inconsequente e ela o desejou de verdade, pediu para ser dele, era aquela que ele queria. E por mais que o rapaz, realmente, quisesse estar dentro dela por horas naquela noite, jamais o faria se ela estivesse alcoolizada.
A desculpa de que ambos estavam bêbados era tão mentirosa, era acostumado a beber bourbon e dificilmente conseguia ser derrubado pela bebida, apesar de um pouco tonto, não estava fora de si, então ele queria aquilo de verdade, mas, coloca-la nessa posição jamais passaria pela cabeça dele. Mesmo com todo ódio, ele não era esse tipo de cara.
Após muito lutar contra sua mente em relação aos seus desejos sobre a garota e o fato de que ela ainda estava sem calcinha, entrelaçada ao seu corpo, acabou adormecendo. E toda madrugada foi tranquila, apesar de mexer bastante, ela sempre terminava abraçando que vez ou outra resmungava com a energia dela enquanto dormia.
Algumas horas depois, os raios solares invadiram a sala de sem pena alguma de atingir os dois queridos esticados no chão. Um gemido de preguiça surgiu de forma inocente da morena que aos poucos foi sentindo uma estatura ao seu lado, abriu os olhos devagar para poder enxergar o indivíduo, realmente, não fazia a mínima ideia do que havia acontecido na noite anterior ou sequer que havia dormido com ela.
Os traços de logo foram se formando melhor para garota que começou a se desesperar lentamente quando percebeu que o mesmo estava sem camisa, o “não” foi instantâneo em sua mente, mas, o coração acelerado não deixou que ela tivesse uma reação imediata. Sentou-se para que pudesse observá-lo melhor e percebeu que ele respirava calmamente, o seu peitoral descia e subia lentamente e de certa maneira isso foi a deixando mais calma.
Vê-lo tão natural, sem suas linhas de expressões marcadas sempre que brigava com ela ou os olhos que casualmente estavam com as pupilas dilatadas quando ela gritava com ele por que, mais uma vez, o mesmo havia a tirado do ponto de equilíbrio. Ficou observando ele por um instante, o brilho do sol em seu rosto não parecia o incomodar, sorriu.
Colocou suas mãos entre as pernas para controlar o fato de que ver ele daquele jeito estava causando emoções diferentes nela e a mesma não daria o braço a torcer, não iria se permitir acreditar que sentia algo pelo dito cujo, quando se deu conta de que não estava usando nenhuma calcinha e novamente entrou em pânico. Olhou para , deitado no chão sem camisa, depois para garrafa de whisky e a sua esquerda, as duas de vinho e todas estavam secas.
Começou a ligar as peças por si só e não teve outra reação a não ser gritar.
— O quê? O quê? — O rapaz acordou assustado, tateando o chão, completamente desnorteado.
— Por favor não me diga que transamos! — Falou exasperada, ficando em pé.
— Do que você está falando? — Bocejou, sentando-se ainda confuso.
— Eu estou sem calcinha e você sem camisa, isso significa que... — O fitou aflita.
— Não se preocupe, ! — A encarou sério.
— O quê, ? — Gesticulou com as mãos.
— Nós tivemos uma ótima noite, mas, não transamos. — Justificou impaciente.
— O que quer dizer com uma ótima noite? — Questionou preocupada.
— Pelo amor de Deus! — Bufou. — Você estava mais legal ontem quando queria dar para mim. — Falou irônico ao mesmo tempo em que se levantou.
— Por que eu tive que nascer assim? — Resmungou aos céus.
— Atirada? — cruzou os braços. — Você precisa ficar longe de homens quando está bêbada. — Arregalou os olhos desaprovando o comportamento dela. — Se eu tivesse te feito minha ontem, talvez você lembrasse de alguma coisa. — Aproximou-se da garota para dar um peteleco na testa dela.
— Sabe que eu te odiaria mais se tivesse feito isso. — Esfregou a mão no loca, pois sentiu dor.
E recordou que foi exatamente por esse motivo que não fez nada.
— Eu sei. — Mordeu o interior da bochecha. — Mas, pelo menos me diga que lembra que eu te toquei ontem? — Indagou a garota.
— Eu... — Fez um bico.
lembrava bem, mas, dispersou os pensamentos e apenas assentiu com a cabeça.
— Ótimo! — Bufou. — Gostaria de ressaltar que apenas fiz porque você queria. — Apontou o dedo para ela.
— Eu estava bêbada! — Reclamou.
— E foi por isso que eu parei. — Retrucou.
— O que quer dizer? — Perguntou confusa.
— Se você quisesse dar para mim sóbria, , eu faria você nunca mais desejar outro homem na cama. — Sorriu de forma sacana e a garota revirou os olhos.
— E lá vamos nós mais uma vez, você e seu ego gigante. — Fez uma cara de nojo.
— Quer tentar? — Umedeceu os lábios e recebeu um olhar condenável. — O quê? Não sou eu que ainda está sem calcinha. — Debochou.
— Você pode parar com isso? — Questionou irritada e não pode evitar soltar uma gargalhada.
— Adoro quando fica nervosa assim. — Falou despropositadamente.
não sabia, mas, ele realmente gostava de vê-la sem jeito por causa dele, então na maioria das vez a implicância com ela tinha o grande proposito de ter alguma migalha de algo que não fosse ódio. Sabia que não ficava aborrecida por odiá-lo, mas, sim por sentir tesão, por isso estava se tornando frequentemente ele constantemente atiça-la desse jeito.
— Vamos só cortar esse papo. — Foi ácida. — Que horas são? — O fitou com dúvida.
A pergunta da garota, automaticamente levou olhar para seu relógio no pulso e se deparar com o vidro do mesmo um tanto rachado, a morena percebeu que não estava tudo bem ao perceber que a expressão no rosto de era triste e isso a intrigou um pouco.
— O que foi? — Pareceu preocupada.
— Está quebrado! — Disse engolindo a vontade de chorar.
sabia que algo estava errado.
— Eu posso ver? — Questionou, estendendo as mãos. — Não está quebrado, só rachou um pouco, consegue ver? — Segurou o pulso de com delicadeza e o mostrou. — Ainda está funcionando. — Sorriu com os olhos, docemente, para ele, exibindo que o ponteiro rodava. — Eu sei que é um relógio caro, mas, se quiser pode trocar o vidro. — Tentou ser empática por que não sabia o que aquilo representava para ele.
apenas concordou com a cabeça soltando devagar as mãos da garota, pois, as vezes era difícil lidar com esse lado mais meigo dela. Mas, o impressionou como ela notou o fato de que era algo importante para ele e conseguiu o acalmar, antes que ele caísse em prantos. Era o relógio do seu avô e apenas o tirava para tomar banho, por ser algo antigo não era a prova d’agua, desta forma ele tinha todo cuidado do mundo.
— Calma! — Ela o chamou atenção, puxando o seu braço novamente e olhando para o relógio. — , que horas é a nossa reunião com o novo cliente?
— Umas oito e meia. — Deu de ombros.
— Éramos para estar no trabalho uns trinta minutos atrás. — Disse nervosa, encarando ele.
— Como assim? Ainda são... — viu estendeu o braço para ver a hora e não terminou a frase, pois, percebeu que realmente estavam atrasados. — Carter vai nos matar! — Colocou a mão na cabeça.
— Ok! — Ela arrumou a postura. — Eu vou me arrumar e você coloca sua camisa agora, pegamos meu carro e vamos direto para lá! — apenas assentiu e ela deu as costas em direção ao seu quarto.
? — Ele a chamou e a mesma virou para olhar para ele. — Onde você colocou a minha camisa? — Questionou a garota.
— O quê? — Franziu o cenho.
— Ontem você derrubou vinho na minha camisa e depois sumiu com ela. — Esclareceu.
— Que tipo de pessoa deixa uma bêbada lavar sua camisa? — Questionou indignada após ter uma memória de colocar a roupa dele na máquina de lavar. — Homens! — Resmungou correndo em sentido a sua lavanderia, sendo seguida por .
— Eu não imaginaria que você fosse fazer isso. — Disse chegando no local e o fuzilou com o olhar. — Qual é, ! Eu bebi uma garrafa de whisky. — Bufou.
— Você estava melhor do que eu! — Reclamou abrindo a porta da máquina. — Como eu pensei! — Falou frustrada retirando a camisa completamente molhada do aparelho doméstico.
— Por que está com raiva de mim? — Estreitou os olhos. — Foi você que me chamou para beber. — Justificou. — E nós estamos apenas perdendo tempo, vou para minha casa e de lá subo para reunião, sei que você segura as pontas até eu chegar. — Forçou um sorriso.
. — Respirou fundo. — Se Carter imaginar que chegamos atrasados por que bebemos na noite anterior, o que você acha que vai acontecer? — Indagou o rapaz calmamente e apertou os lábios logo após na tentativa de controlar seu ódio. — Sem contar que você mora muito mais longe da empresa do que eu, levaria ao menos uma hora para fazer tudo, sem contar com o trânsito caótico que temos nesse horário. — Falou aflita.
— O que fazemos agora então? Vou trabalhar sem camisa? — Levantou as sobrancelhas. — Não tem outro jeito, !
— Não me chame assim. — O repreendeu. — E eu acho que tenho uma camisa aqui da última vez que meu irmão veio para cidade. — Bateu com o dedo indicador na sua têmpora.
— Você tem um irmão? — Questionou surpreso.
— Sim, e vocês tem quase o mesmo biótipo, acho que pode dar certo. — Ela assentiu balançando a cabeça.
Em seguida, a garota retirou-se da lavanderia e foi em direção ao seu quarto, diretamente no guarda roupa enquanto a todo tempo a seguia, pois, estava bem claro que naquele momento eles não tinham mais nenhum tipo de saída, a não ser a ideia dela.
— Acho que está por aqui. — Disse procurando no seu guarda roupa.
? — Insistiu em chamá-la da mesma forma ainda que ela já havia pedido para não fazer.
— O quê? — Bufou com o mal comportamento dele.
— Só temos vinte minutos. — Escorou-se na porta do quarto que estava aberta.
Pensou em como ele mais estava a atrapalhando do que a ajudando e mais uma vez, ela precisou parar o que estava fazendo e respirar fundo para não cometer um assassinato.
— Achei! — Falou contente, tirando a blusa branca do armário e a mostrando a .
— Não! — Foi direto. — Não vou usar isso coisa nenhuma. — Disse indignado ao ver uma daquelas camisas comuns de turista com a frase “I love New York” escrita com um enorme coração vermelho.
— Nós só temos vinte minutos. — Foi irônica com o sorriso de canto.

[...]


— Você disse que ele tinha meu biótipo! — Reclamou, sentindo a blusa um tanto apertada em seu corpo.
— Eu não sabia que você tinha essa quantidade de músculos. — Retrucou caminhando ao lado de no corredor para sala de reuniões.
— Você viu meu abdômen ontem, . — Revirou os olhos.
— Sem expectativas. — Deu de ombros.
— Que porra é essa, ? — Carter disse irritado apontando para roupa que seu funcionário usava.
— Longa história! — Tentou se esquivar.
— Onde vocês dois estavam? — Questionou enfurecido.
— Você não vai querer saber. — o fitou de forma cínica e seu chefe respirou fundo.
— Estão atrasados, por favor, não façam mais isso, não quero ter que demitir meus dois melhores funcionários. — Olhou para os dois esperando que os mesmos concordassem e assim que o fizeram, Carter virou-se e foi em direção a sala de reuniões, sendo seguido por ambos.
Logo que adentro o espaço, paralisou, o que fez com que acabasse batendo nela sem querer e próprio logo percebeu que ela não estava, os olhos arregalados, respiração bem pesada e o corpo tenso, seguiu o olhar de que caia sobre o loiro sentado na mesa de negócios com um enorme sorriso branco.
— Vocês já podem sentar, eu não tenho muito tempo. — O rapaz riu sem graça.
? — a chamou em sussurro. — Você está bem? — Perguntou a garota que saiu do transe quando ele tocou em seu braço.
— Sim! — Balançou a cabeça várias vezes para confirmar.
— Vamos sentar, então. — Sugeriu.
De todas as coisas que pudessem acontecer aquela era última que a morena esperava, seu ex, herdeiro das empresas Crawford, conseguiu achá-la dentro de uma agência publicitária em meio a tantas outras em Nova York, parecia um enorme carma do destino.
A ansiedade tomava conta de , além de todo o suor percorrendo seu corpo, sua perna parecia não ter freio, pois, não parava de tremer. Kyle encontra-la depois de tanto tempo a deixou um tanto desconcertada, não sabia como agir, não gostaria de trabalhar com ele, não conseguiria respirar bem perto dele ou se comportar de maneira profissional.
Começou a se sentir como uma presa fácil que foi encurralada por um lobo disposto a qualquer coisa para poder se alimentar. A sensação de que sua vida se tornaria um inferno a partir daquele momento em diante dominava a mente dela de forma cruel. Fechou seus olhos em uma tentativa de controlar o nó que vinha em sua garganta e as lagrimas que queriam se formar em seus olhos.
nunca havia visto daquele jeito, a garota nunca parecera tão nervosa com algum cliente, então não faria sentido que fosse isso a não ser que realmente fosse alguém de grande renome e que se algo desse errado poderia prejudicar a agência em um piscar de olhos.
Preocupado com a garota, apenas encostou sua mão no joelho da mesma por debaixo da mesma fazendo com que aquela tremedeira na perna dela fosse parando e voltando a si em pouco tempo. A morena olhou para e agradeceu gesticulando um “obrigado” balançando sua cabeça.
— Talvez vocês me conheçam. — O loiro sorriu enquanto olhou para que desviou seu olhar.
Definitivamente, algo estranho estava acontecendo ali, pensou.
— Meu nome é Kyle Crawford. — Umedeceu os lábios. — Eu sou...
— Herdeiro de uma das maiores empresas imobiliárias de Nova York. — o interrompeu. — Uau! — Disse espantado.
— Vejo que fez seu trabalho de casa. , certo? — Crawford questionou e o rapaz assentiu. — Ótimo, vai ser um prazer trabalhar com vocês. — Encarou sério.
E não, ele não tinha feito a tarefa de casa, era apenas inevitável não conhecer esse nome dentro daquela cidade, apesar de nunca ter visto o rosto de Crawford, não era idiota e sabia, de quem se tratava, o que poderia justificar o nervosismo de mesmo sem ele fazer a mínima ideia de que o próprio era o ex dela, ele sabia que o loiro era realmente alguém poderoso dentro do mercado e não levaria muito tempo para sujar a imagem de algo se o quisesse.
— Pode nos apresentar qual vai ser a proposta? — perguntou a Kyle.
— Não vai ser necessário. — Carter interrompeu. — Ele já me passou tudo o que a empresa deseja. — E eu coloquei vocês dois nessa conta por que sei que vão trabalhar exatamente como o senhor Crawford deseja. — O chefe olhou para dois e sorriu amigável.
mordeu a parte de dentro de sua bochecha ao ouvir aquela frase, não queria nunca mais ao menos estar dentro do mesmo ambiente com o Kyle e agora trabalharia para ele, claramente uma coisa a qual ela não estava preparada, a energia dele a sufocava e ego dele era grande o suficiente para engolir a garota facilmente.
— Antes que eu me esqueça, será aniversário da nossa empresa essa sexta agora, seria interessante se vocês fossem. — Kyle gesticulou com as mãos. — Vocês poderiam conhecer um pouco mais do nosso trabalho e...
— Eu não acho que isso seja necessário, senhor Crawford. — se manifestou pela primeira vez na sala e estreitou os olhos desconfiado em como os dois estavam sendo passivos agressivos.
— Não seja boba, ! — Carter riu sem graça. — Claro que estaremos lá! — Olhou para o loiro confirmando.
— Eu faço questão de proporcionar uma das melhores noites da sua vida, senhorita . — Crawford sorriu de forma nojenta, o que a deixou extremamente enojada.
Dessa forma, Kyle se despediu e deixou a sala ao lado de Joseph enquanto a garota apertou seus olhos com força podendo, finalmente, respirar. Não queria ter aquela reação na frente de , odiava demonstrar fraqueza, principalmente para ele, pois, sabia muito bem que isso voltaria para ela de alguma forma.
— Por que está tão nervosa? — O rapaz questionou confuso, virando sua cadeira para ela.
— Nada. — Fungou.
? O que está acontecendo? — Insistiu.
— Eu disse que nada. — Disse com a voz falha.
— Tudo bem! — Levantou as mãos em sinal de redenção. — Vou trabalhar! — Levantou-se da cadeira, pois, por mais que enxergasse algo estranho, não tinha tempo para lidar com o drama dos outros.
... — Ela segurou a ponta do dedo indicador dele, impedindo que o mesmo deixasse o espaço.
O pequeno gesto dela fez com que parasse automaticamente, não precisava de muito para ela o desconcertar, ao contrário da garota ele demonstrava bastante os seus pontos fracos, não que soubesse quais eram os dele a ponto de controla-lo, mas, sabia que existia um lado doce dentro de e isso era o suficiente.
— Ele é o meu ex namorado. — Falou desconfortável.
— O quê? — Ele disse exasperado, sentando na cadeira de novo. — Como você namorou um Crawford? — Franziu o cenho.
— É uma longa história. — Baixou a cabeça. — E eu não quero tocar nesse assunto.
— Mas, por que está tornando isso algo tão grande? Ele só um ex! — Deu de ombros. — Eu sei que é um saco trabalhar...
— Ele não foi um bom namorado, logo, não é um ex que quero ter por perto. — Ela engoliu seco.
Naquele momento, entendeu que a gravidade da situação era maior do que ele imaginara, Kyle de alguma forma havia atingindo e isso passou impune por causa do dinheiro. Conhecia bem caras como ele, pois sempre lembrava do seu pai que se safava dessa maneira com a maioria das coisas e isso o irritava de todas as formas possíveis.
— O que ele te fez? — Encarou a garota com uma raiva em seu olhar.
— Por que está me olhando assim? — Questionou assustada.
— O que ele fez, ? — Travou o maxilar.
Mesmo sem ao menos saber o que ele havia feito, o desejo no coração de era se vingar e fazer justiça a garota. Pensou em como ela deve ter recorrido a tantas coisas ou a pessoas e ainda assim não teve como se defender e simplesmente enterrou toda uma história.
— Ele me bateu algumas vezes...
— Covarde! — a interrompeu, levantou-se e foi em direção a porta.
— O que está fazendo? — foi atrás dele e o agarrou pelo braço.
— Eu vou encher esse idiota de porrada. — Soltou-se dela.
— Você está ficando louco? — Ela o segurou novamente. — Eu levei muito tempo para soterrar a porra desse burburinho e ele não prejudicar a minha carreira, então não espere que eu vá deixar um lunático descontrolado emocionalmente fazer isso. — Estreitou os olhos e o fitou irritada.
— Mas, ...
, não! — Ela o soltou devagar, repreendendo o rapaz. — Eu tentei antes, é em vão! — Forçou um sorriso. — Mas, está tudo bem...
O toque do celular dela atrapalhou e a mesma retirou da sua bolsa. O nome de Max aparecendo na tela a deixou um tanto intrigada, visto que ambos haviam combinado apenas de se encontrar amanhã, de qualquer forma, decidiu falar com ele para alimentar sua curiosidade.
— Max? — Atendeu enquanto observava.
— Eu sei que está no trabalho e me perdoe por isso, mas, surgiu um pequeno imprevisto e terei que ir a Chicago amanhã logo cedo, então liguei para saber se podemos nos encontrar hoje? — Perguntou do outro lado da linha, com dúvidas.
— Você quer dizer depois do trabalho? — Colocou a mão na cintura e tentava apenas assimilar a conversa.
— Seria ótimo para mim, estou louco para te ver novamente. — Sorriu ao lembrar da morena.
gostaria de dizer o mesmo, mas, seria uma mentira.
— Pode ser! — Fez um bico.
— Parece que alguém não está tão animada assim. — Riu nasalado. — Podemos marcar para quando eu voltar, sem problemas. — Tentou ser gentil.
— Me desculpa, o dia hoje não está muito bom para mim aqui no trabalho. — Explicou. — Mas, também quero te ver. — Deu as costas a para que ele não escutasse mais do que devesse.
— Me manda seu endereço, te pego assim que estiver livre. — Falou ansioso antes de assentir e finalizar a ligação.
— Quem é Max? — a encarava desconfiado.
— Não é da sua conta! — O empurrou pelo ombro. — Volte a trabalhar. — Estirou a língua e deixou a sala.
Durante todo o dia ficou se questionando no seu escritório se tinha um encontro com esse tal de Max e os motivos de nunca ter escutado esse nome antes, ficou perguntando a si mesmo se poderia ser algo recente ou sério, as borboletas rondavam seu estomago deixando uma leve ansiedade o atrapalhar no trabalho.
— Ela não me chamaria para tomar um vinho se tivesse algo sério com alguém, não faria sentido, nem combina com ela! — Falou para si mesmo enquanto batia freneticamente a caneta na mesa.
Tentando acreditar em si mesmo, preferiu supor que o cara não passava de um passatempo, visto que se fosse algo sério, a garota teria chamado ele para sua casa e não . Sorriu sem jeito ao refletir que preferiu estar com ele, mesmo com outro cara atrás dela.
— Mesmo me odiando, você quis estar comigo, ! — Soltou a caneta sob a mesa. — Isso significa que você se importa? — Olhou fixamente para lixeira que estava do seu lado esquerdo. — Por que eu estou pensando nisso? — Reclamou consigo mesmo quando se deu conta do que estava em sua mente. — Recomponha-se, . — Endireitou-se na cadeira.
Apesar de várias tentativas, ele não conseguiu se concentrar. A ideia de que ela veria outro homem e teria o mesmo tipo de contato que eles tiveram na noite passada o deixou maluco, não deixaria outra pessoa tocá-la do mesmo jeito que ele fez. poderia odiá-lo, mas, desde que ele fosse o único homem que fizesse ela se sentir assim, não daria espaço para que um qualquer machucar e ele perder seu posto.
Levantou-se e seguiu direção até o escritório da morena. Definitivamente, não sabia o que estava fazendo, mas, estava certo que não deixaria ela encontrar esse tal de Max, em nenhuma hipótese. Quando chegou a porta, respirou fundo antes de tocar a maçaneta, buscando uma razão para sua atitude, apenas recuou e acabou esbarrando em Sean.
— Você ia falar com a ? — O jovem questionou e negou. — Eu iria pedir para avisá-la que o Carter está chamando ela, mas, eu faço isso. — Sorriu gentil e o impediu.
— Pode deixar! — Posicionou as duas mãos na frente de Sean. — Eu aproveito para falar sobre algo que eu vi no contrato da empresa Crawford. — Assentiu com a cabeça.
Entendeu como um aviso do universo, que de fato ele deveria impedir aquele encontro. Sentiu um alívio dentro de si como uma justificativa boba para dispersar o real motivo pelo qual ele estava fazendo aquilo. Bateu três vezes na porta antes de abri-la.
? — A chamou e a mesma tirou a atenção do celular para ele.
— Quando vai parar de me chamar assim, ? — Bufou irritada.
— Nunca! — Entrou na sala dela e deu de ombros. — Carter está te chamando, acho que deve ser algo importante. — Repassou o aviso de Sean.
— Espero que não seja mais problemas. — Expirou o ar pela boca, largou o celular em cima da mesa, saiu da cadeira e foi em sentido a porta.
? — a segurou pela mão e logo em seguida a soltou. — Eu preciso falar algo com você. — Coçou a cabeça, meio desconcertado.
— Tudo bem! — Engoliu seco após sentir o toque delicado do rapaz. — Não acho que vá demorar, pode esperar aqui se quiser. — Forçou um sorriso e deixou o espaço.
observava o local com as mãos no bolso, um tanto ansioso pela volta da garota, pensando em como a convenceria de não sair com alguém, simplesmente pelo fato de que ele não queria que isso acontecesse. Esse misto de emoções estava o matando lentamente, não queria assumir que estava com ciúmes, mas, claramente era isso o que estava acontecendo, e a veracidade disso o tirou do eixo.
Começou a perguntar a si mesmo se era justo sentir ciúmes de alguém que odeia mediante a tantas coisas que aconteceram entre eles. Moveu o pescoço para os lados tentando estralar o mesmo, pois a inquietude estava tomando conta da sua mente. Rodou seus olhos mais uma vez por todo ambiente e parou na escrivaninha de .
— Por que deixou o celular dando sopa? — Aproximou-se e segurou o aparelho em suas mãos. — Isso é errado, ! — Reclamou consigo mesmo e devolveu o mesmo para seu lugar. — Foda-se! — Não se conteve e pegou o objeto novamente, logo de cara viu uma foto da garota sorrindo de forma doce. — Até parece que você é assim! — Revirou os olhos.
Inicialmente, ele não sabia o que estava procurando, por isso tentou desbloquear com a mesma logística que fez com o notebook, mas, não obteve sucesso, talvez ela tivesse mudado assim que ele reclamou que era uma sequência numérica que qualquer pessoa pudesse acertar e ele estava certo, a garota era péssima com números, talvez por isso usava com reconhecimento facial para tudo que fosse fazer.
— Ao contrário? — Questionou-se digitando 6, 5, 4, 3, 2, 1 e desbloqueando o telefone. — Tão previsível! — Riu fraco.
Imediatamente, entrou nas conversas de , procurou desesperadamente o nome de Max e tentou não se irritar ao ver as mensagens trocadas, o jeito que ele falava como se ela fosse um objeto ou algum tipo de objetivo na vida dele, enojou um tanto , achava que certas coisas era demais até para ele.
— Você ao menos é bonito! — Murmurou e posteriormente começou a digitar.
“Hey Max, ao que parece ficarei presa aqui por um bom tempo, me desculpa por ter que cancelar nosso encontro!! :( “
Mordeu o lábio, risonho com a sua própria astucia e acabou tomando um susto quando o celular vibrou. Percebeu como o cara realmente estava interessado em e disposto a ter uma noite de sexo, provavelmente como ele já teve com outras, visto que viaja tanto pelo que viu na conversa deles.
“Não acredito! Estava ansioso para te ver, mas, fica para próxima, assim que voltar de Chicago, te mando uma mensagem.”
— Cala a boca! — revirou os olhos e logo apagou as mensagens para não deixar rastros.
Posicionou o celular da garota no mesmo lugar que encontrara e já foi deixando o escritório da mesma sentindo-se vitorioso, se não fosse dele, não seria de mais ninguém, disso ele tinha certeza. Ao fechar a porta, deu de cara com chegando.
— Onde você está indo? — Ela perguntou. — Você disse que precisava falar comigo. — Justificou confusa.
— Eu acabei resolvendo com o Sean. — Sorriu de um jeito doce enquanto a encarava com os olhos brilhando.
— O que deu em você? — Questionou arqueando a sobrancelha.
— Sabe, , você me odeia! — Abaixou a cabeça para ficar mais perto dela. — Mas, acordar com você nos meus braços me fez perceber que eu consigo fazer qualquer coisa. — Assoprou o rosto dela e a garota sobressaltou surpresa.
— Fica quieto! — Brigou com ele. — Não quero que as pessoas saibam que dormimos juntos. — Fez um bico, irritada.
— Mas, a gente não dormiu... Ainda! — Piscou o olho na malícia e sorriu de lado na malícia, fazendo referência a eles transarem.
— Cresça! — Passou por ele e entrou no seu escritório.
sabia muito bem o que tinha feito, mas, não se sentia nem um pouco arrependido, logo mais sabia que receberia uma ligação de o xingando por isso e estava contando os segundos para que esse momento chegasse. Para o dia foi um tanto longo, além do seu ex aparecer, Max a convidar para sair e com esse comportamento esquisito dele.
Para ser realista, Kyle não a preocupava mais tanto quanto antes, faria seu trabalho independente de seus tramas, estava decidida em relação a isso. Sobre Max, não se sentia muito animada, pois ainda tentava entender exatamente o que havia acontecido na noite passada com , fora que não estava afim de fazer sexo e com certeza ele não a convidou com outra intenção.
Mas, ainda sim, aceitou ir para se distrair e beber alguma coisa, pois, nesses últimos dias o que estava a movendo era o álcool. Esperou o relógio dar o horário certo da sua saída e deixou a empresa em direção ao seu apartamento, após um longo momento em sua banheira, pegou seu celular e percebeu que sete da noite estava mais perto de chegar do que nunca.
Colocou uma música para ouvir enquanto se arrumava, adorava como tudo melhorava se apenas cantarolasse umas letras e dançasse um pouco. Depois de um tempo, finalizou a maquiagem com o seu melhor batom vermelho e admirou-se por alguns segundos no espelho, estava preparada para seja o que fosse essa noite.
Escolheu a bolsa que sairia e logo pegou seu celular para mandar uma mensagem para Max.
“Eu estou pronta, vou te mandar a localização.”
Quando estava pronta para compartilhar o local, seu celular começou a tocar.
— Alô? — Atendeu.
— Eu achei que você ficaria presa até mais tarde. — Max disse confuso.
— Sobre o que está falando? — Questionou embaraçosa.
— Você me mandou uma mensagem mais cedo, avisando que não conseguiria sair a tempo do nosso jantar hoje, não lembra? — Ele riu, sem graça.
A garota não lembrava, pois, não havia sido ela quem tinha feito isso. No mesmo momento o sorriso de deixando seu escritório veio a sua mente e ela respirou fundo para controlar sua impulsividade e não sair atrás dele com uma faca na mão. Sabia que aquele era idiota, mas, não a esse ponto.
— Me desculpa, Max, hoje foi um dia bem pesado, acabei esquecendo. — Tentou se explicar.
— Não precisa se preocupar. — Acalmou do outro lado da linha. — Só não pego você porque acabei adiantando uma reunião, mudei todo o meu cronograma. — Riu fraco e mentiu, pois, estava com outra garota ao seu lado.
— Fica bem, então! — Disse e desligou.
De todas coisas que havia feito aquela era a mais invasiva de todas, desmarcar seu encontro sem ao menos dizer para ela. Irritou-se quando pensou nos motivos que levaria ele a fazer isso se não fosse apenas para deixa-la com raiva. Decidiu ligar para o dito cujo na mesma hora. E ele não demorou muito para atender.
— Eu estava esperando que me ligasse. — Sorriu do outro lado enquanto caminhava para chegar a algum lugar.
— Como adivinhou a senha do meu telefone? — Indagou com raiva.
— Não é minha culpa se você é a pessoa mais previsível que eu conheço. — Disse sarcástico.
— Quem te deu permissão para fazer esta merda? — Gritou.
— Não precisava ficar assim, eu te livrei de uma! — Estalou a língua no céu da boca.
! — Inspirou todo ar possível antes de falar. — Onde caralhos você está? — Pegou sua bolsa e foi em sentido a saída do seu loft. — Eu juro por Deus que eu vou te matar hoje à noite! — Falou e em seguida abriu a porta dando de cara com .
— Hey, ! — Ele sorriu, desligando a ligação.


Capítulo 3

— Qual é a porra do seu problema? — começou a estapeá-lo.
— Você é a porra do meu problema, ! — a segurou pelos braços e a encarou.
Os cabelos da morena estavam emaranhados por causa da sua agitação há alguns segundos. ainda a mantinha presa, buscando fazer com que ela se acalmasse e conseguisse olhar para ele. Por mais que tentasse se soltar, jamais teria força para lutar contra um homem daquele tamanho, então a garota apenas foi cedendo aos poucos.
— O que quer dizer? — Fitou-o confusa.
— Não vai me bater? — arqueou as sobrancelhas e ela negou com a cabeça. Por esse motivo, ele a soltou.
— Por que sempre está atrapalhando a porcaria da minha vida? O que diabos eu te fiz, ? — bufou.
— Me desculpa! — desviou o olhar.
Por mais que não se sentisse arrependido por nenhum segundo, achou que a melhor saída naquele momento era mostrar que não agiu de forma correta, mesmo achando que o que tinha feito tinha algum sentido. O pior de tudo era como explicaria a que a ideia dela estar com outro homem o levou a tomar essa atitude, foi totalmente automático.
— Te desculpar? — questionou, chateada. — Por qual razão você estragaria a merda de um encontro? Em que isso te afetaria? — apertou os lábios e levantou a mão em uma ameaça.
— Você disse que não iria me bater — repreendeu-a com o olhar.
— Só queria saber o motivo...
— Ele não presta! — a interrompeu.
— E como você sabe disso? Tem uma bola de cristal por acaso? — colocou as mãos na cintura.
— Se ele realmente quisesse te ver, teria insistido. — resmungou.
— Talvez ele não teve escolha, não acha? — Indagou. — Aliás, o que disse a ele? — fez um bico.
— Que você ficaria presa no trabalho. — baixou a cabeça.
— Inacreditável. — revirou os olhos.
— Ele poderia ter insistido, poderia ter pedido o endereço do seu trabalho, ter levado comida para você, exatamente como eu fiz no natal. — olhou para garota aborrecido.
Na hora, não entendeu o porquê para aquilo fazer sentido na sua mente, se que não gostava dela, mas, ainda assim esteve lá, por que Max que estava interessado nela não fez o mesmo? E o que estava querendo dizer com aquilo tudo? Ele realmente quis estar com ela no natal, por vontade própria, mesmo depois de tê-la beijado no ímpeto da sua fúria?
— Tem pessoas que ao contrário de você respeitam o espaço dos outros. — desconversou.
— Ele poderia ter feito algo, . — gesticulou com as mãos. — Se ele realmente te quisesse...
— E como eu poderia saber se você apagou a porra das mensagens? — o censurou de imediato.
— Isso não vem ao caso. — tentou justificar.
— Sério? — o fitou sem crer no que acabara de ouvir. — Então me explique o motivo de um homem me beijar mesmo sem ter interesse em mim, as contas não batem. — cruzou os braços.
— Você o beijou? — questionou sem jeito.
— O que você tem a ver com isso, ? — estreitou os olhos para o rapaz a sua frente.
— Ele só quer te foder! — disse exasperado assustando .
— E se eu quiser só dar para ele? — forçou um sorriso, sem paciência para todo aquele interrogatório.
— Você não pode! — retrucou irritado.
— Ok! — ela respirou fundo para que a raiva não a consumisse. — Além de pegar o meu celular sem autorização, desmarcar um encontro, agora quer me dizer com quem eu devo transar? — hasteou o dedo indicador para ele.
— A ideia de outro cara tocando você está me deixando louco. — cuspiu as palavras, deixando sem reação. — Não foi isso que eu... Bem, o que eu quero dizer é... — passou as mãos pelos cabelos enquanto girou, ansioso, no mesmo lugar, completamente perdido.
Quando se deu conta do que acabara de falar, simplesmente, não pode fazer mais nada. O medo começou a correr pelas suas veias, aquilo não era um comportamento que a garota esperava dele e o mesmo sabia disso, se não interpretasse aquilo de uma forma amigável, estaria ferrado.
! — suspirou. — Desde o nosso beijo no natal...
— Para! — o interrompeu.
Ela não estava ouvindo o início de uma confissão, estava?
— Você precisa me ouvir, não sei mais com quem falar sobre isso. — suplicou.
— Eu não quero ouvir. — tampou os ouvidos.
— Eu só quero saber se está se sentindo da mesma forma. — franziu o cenho.
— Não, não estou! — sorriu sem mostrar os dentes, negando rapidamente com a cabeça.
— Você nem ao menos sabe o que eu ia dizer. — revirou os olhos, impaciente.
! — O empurrou devagar para ganhar espaço entre eles. — Você, definitivamente, precisa de álcool. — apontou para ele e logo depois trancou a porta atrás de si mesma. — Vamos! — segurou a mão dele e tentou o arrastar até o elevador.
— Você poderia me ouvir? — a puxou de volta e a segurou, pela cintura, em seus braços.
Era impossível ela dizer não, naquele momento, para ele, nunca o viu daquela forma, tão vulnerável, com um olhar tão verdadeiro, sem malícia, apenas a sua frente da maneira mais serena possível. Os olhos dele pairaram sobre ela de um jeito doce, como se estivesse pedindo ou ansiando por algo e para poderia ser facilmente qualquer coisa, visto o tanto que ela estava anestesiada com a situação.
— Toda vez que algo acontece entre nós... — ficou envergonhado e a morena apenas o tocou no ombro dando coragem para que ele continuasse. — Sempre existe álcool envolvido ou muita raiva. — pigarreou. — No natal não estávamos bêbados, mas, eu estava furioso com você e isso me deu muito tesão de alguma forma. — explicou.
— Eu sei como é, eu também senti isso. — riu sem graça, tentando se desvencilhar dos braços dele, mas, não conseguiu, pois ele continuou a falar.
— Na segunda vez que nos beijamos, você estava alcoolizada. — continuou, mas, ela quis fazer um adendo.
— Por falar nisso, me desculpa por ter vomitado. — o fitou envergonhada.
— Não deveria ter te beijado, você estava fragilizada, foi errado. — ele apertou a cintura dela, devagar, buscando a coisa certa a falar.
— Mas, você cuidou de mim. — disse, quase em um sussurro, de forma tímida.
— Sim, eu cuidei. — sorriu fraco, lembrando do que passou naquela noite.
, eu não acho que deveríamos... — tentou falar, mas, ele a interrompeu.
— Na terceira vez eu te toquei. — colou mais o corpo da morena ao dele. — E eu quis muito isso, . — olhou para cima, engolindo seco, antes de voltar o olhar novamente para garota. — Te ver daquela maneira tão entregue, não tem noção de como mexeu comigo, nunca quis tanto foder uma mulher em toda minha vida. — riu tentando disfarçar o nervosismo dizendo todas aquelas coisas.
esperava tantas coisas de , mas, nenhuma delas tinha a ver com o fato dele confessar o desejo sexual que ele tinha nela, não sabia se era isso exatamente o que ele estava tentando dizer, mas, àquela altura do campeonato a garota não tinha mais nenhuma carta na manga para usar contra ele e para ser sincera consigo mesmo, talvez ela nem quisesse.
— Mas... — o incentivou a continuar sua fala.
— Mas, estava tão alcoolizada quanto eu. — justificou. — Eu tinha certeza que acordaria me odiando no outro dia e eu não estava bêbado o suficiente para apenas fingir que aconteceu. — deu de ombros.
— Por que não tenta agora? — arrastou as mãos que estavam nos ombros do rapaz até o pescoço do mesmo.
gelou.
— O quê? — perguntou, desconcertado.
— Não estamos bêbados ou furiosos um com outro, ainda sente vontade de me beijar? — cravou o olhar na boca dele, depois subiu para os seus olhos.
— Eu queria te beijar para saber se isso é apenas...
— Carência ou algo que você quer? — foi incisiva.
Porque ela tinha que ser tão direta? Será que não percebia que aquilo estava sendo demasiadamente difícil para ele? E por qual motivo parecia que ela não estava incomodada com a condição que ambos se encontravam no momento? As perguntas rondavam a cabeça dele com uma velocidade tremenda, estava tão desornado que não sabia como ao menos dá o primeiro passo.
— Eu não sei como fazer isso. — bufou. — É mais fácil quando você está brava comigo. — baixou a cabeça e ela riu.
— Se eu estiver com raiva de você, como vamos descobrir o que realmente está sentindo? — questionou, tombando a cabeça para o lado.
— Então... Você poderia... Você sabe... — não conseguiu encará-la.
— Tomar a iniciativa? — perguntou arqueando as sobrancelhas.
Novamente, extremamente, direta.
— Isso! — engoliu a saliva, agoniado.
Então puxou o rosto dele e começou a respirar pesado, mesmo sem perceber. E isso era algo que acontecia constantemente quando estava perto de e se antes este já estava nervoso, agora que sentia a respiração dela sob ele estava mais ainda, tentava enxugar as mãos que suavam frio no tecido macio do blazer de e quando a própria ameaçou encostar os lábios no dele, ele a interrompeu.
— O seu batom... É vermelho! — buscou uma fuga.
— E o que tem? — perguntou, confusa em meio a uma risada fraca.
— Vai borrar toda sua boca. — tirou uma das mãos da cintura da garota e gesticulou com indicador para o rosto dela.
... — o fitou séria.
— É só que eu...
A morena não pensou duas vezes antes de colar sua boca na dele, foi a única coisa que fez se calar, os olhos dele que ainda permaneciam abertos possuíam as pupilas dilatadas, ao sentir os lábios aveludados de , arrepios percorriam pelo seu corpo, dessa vez era diferente, não era um beijo igual aos outros.
não acreditava que estava beijando seu inimigo, mas, como resistir a um tão suscetível a querê-la da forma que ela gostaria de ser desejada? Nunca assumiria sentir tesão por ele, não encheria o ego dele daquela forma nem por um segundo, ela o tinha em um lugar o qual a própria jamais iria ficar. E por mais que fosse muito gostoso tê-lo daquele jeito, ela nunca abriria o jogo como o rapaz fez.
tratou de pedir permissão com a sua língua o mais rápido possível, precisava senti-la sem que estivesse sendo influenciada por qualquer fator externo, aceitou e logo ambos trocavam carícias fervorosas, estava tão obvio que não era só carência, mas eles nunca iriam ceder para essa mentira e era exatamente por isso que estavam se beijando.
deslizou as mãos pelas costas de e entrelaçou os dedos pelos fios macios do cabelo da garota, puxando-os de maneira feroz e mordendo o lábio inferior dela em seguida, foi o momento em que ela buscou para respirar. O rapaz retornou a encostar os lábios nos dela e os esfregou delicadamente, em uma tentativa de beijá-la de novo.
— Você sentiu algo? — expeliu as palavras ainda ofegante, apartando seus lábios dos dele.
— Definitivamente não. — ele disse encarando aqueles olhos castanhos.
— Conseguiu a resposta que queria? — começou a se desvencilhar do corpo dele.
— Acho que sim. — disse confuso, a soltando.
— Ótimo! — ela sorriu. — Agora você vai me levar para comer algo. — começou a limpar os rastros de batom vermelho ao redor da boca dele e ele não pode evitar sorrir. — Por que está sorrindo? — indagou, estranhando o comportamento dele.
estava feliz e aquilo era uma novidade, não sabia o que estava sentindo, das outras vezes foi tão mais fácil discernir com um “foi só a bebida” ou “é apenas tesão por você ficar enfurecido com as merdas da ”, mas, agora se sentia bem e isso bagunçou mais ainda o que estava passando pela sua mente. Pois, e felicidade juntos não faziam sentido algum para ele.
— Está com fome? — ele mordeu o lábio inferior o que fez com que parasse de limpá-lo.
— Estou faminta! — olhou para os lábios dele. — E como você arruinou uma das poucas chances de uma ótima transa para mim, o mínimo que pode fazer é me pagar um lanche. — deu dois tapinhas no peitoral dele e seguiu em direção ao elevador.
Por uns segundos pensou em como explicar para morena a sua frente que ele queria mais que um beijo para comprovar a teoria de que ele ansiava estar dentro dela a cada segundo que passava, precisava confirmar para si que realmente queria aquilo, se não enlouqueceria facilmente.
? — ele não a deixou ao menos dar três passos no corredor.
A garota sabia o que aquilo significava. Não queria olhar para trás e ver um sedento por ela, não queria ceder, pois, também havia se sentido diferente com aquele beijo e não queria deixar isso transparecer, eles se odiavam, por qual motivo levariam algo tão estupido adiante?
— Eu estou te chamando. — disse firme.
“Não vira, !” “Não vira, !” “Não vira, !”
Falou para si mesma repetidamente até fazer sentido na sua cabeça. Estava parada como uma estátua esperando que algo divino os interrompessem antes que ela cometesse algo que pudesse se arrepender depois, era especialista nisso, sabia muito bem onde eles poderiam parar.
, eu estou...
, apenas vamos! — ameaçou continuar andando.
— Eu estou mandando você olhar para mim. — a provocou.
— Quem você pensa que é para mandar em mim? — virou-se em um ímpeto e foi em direção a ele com o dedo indicador levantado.
Então, foi no momento que se deu conta do que havia feito. O sorriso malicioso dominava os lábios do rapaz e pareceu tão convidativo que ela jurou sentir a intimidade latejar por ele naquele instante. Ele sabia como atingi-la e assim o fez, e a garota caiu direitinho.
— Você gosta de ser mandada. — aproximou-se dela.
— Você não sabe nada sobre mim. — foi sarcástica.
— Então por que não para de me olhar tão submissa quando falo assim com você? — ele a puxou e, rapidamente, a pressionou contra parede a sua direita.
, com licença! — tentou se esquivar, mas, ele não deixou. — Eu não faço ideia de que merda você está falando. — enrugou a testa, irritada.
— Tem certeza? — soltou a garota e suspendeu uma de suas mãos ao lado da cabeça dela enquanto que a outra foi para atrás de suas costas.
estava livre para sair dali, mas, ao mesmo tempo encurralada para ficar.
! — bufou. — Você queria provar algum ponto para si mesmo e conseguiu, então...
— Mentirosa. — ele riu fraco, ironicamente.
— O que disse? — o questionou descrente.
— Mentirosa. — roçou o seu nariz no pescoço dela. — Me diga que não quer que eu te foda aqui mesmo e agora? — sussurrou contra os lábios dela.
As pernas de vacilaram após ouvir falar daquela forma com ela e definitivamente a garota estava impossibilitada de utilizar o álcool como uma desculpa, pois, ela estava mais sóbria do que uma pedra. foi rápido, o suficiente, para não deixá-la cair e a segurou em seus braços.
— Não me chame de mentirosa. — falou manhosa, o fitando como uma completa refém.
— Está vendo como gosta de ser controlada? — umedeceu os lábios.
— Está errado! — retrucou.
— Será que estou? — apenas assentiu com o olhar mais submisso que poderia existir. — Pare de me olhar desse jeito! — ordenou, deslizando a mão que estava nas costas dela para bunda e apertando a mesma, o que a fez arfar.
— De que jeito? — deixou a sua boca entre aberta como um motivo para chamar atenção de , o que não foi muito difícil dele perceber.
— Como se quisesse ser minha. — explicou, entrelaçando os dedos nos cabelos da morena.
— Eu nunca iria querer... — tentou parecer indiferente com um sorriso fraco em seus lábios, mas, ele a censurou instantaneamente.
— Não? — a encarou seriamente. — Quer que eu vá embora? — foi soltando sua mão dos fios macios, lentamente.
— Não! — falou apressadamente com a voz abafada, temendo que ele realmente a desse as costas.
— Então me peça o que você quer! — agarrou a garota ferozmente, colocando-a em seu colo em um impulso que foi obedecido por ela, voluntariamente.
Era isso. nunca esteve tão rendida por alguém como naquele momento, talvez existisse algo a mais, talvez existisse tesão e vontade suficiente para que ela entregasse seu corpo a sempre que assim ele a quisesse, talvez eles poderiam se odiar, mas encaixavam perfeitamente bem fisicamente, e que mal tinha isso não é mesmo? Eram só desejos carnais, não sentimentos.
apalpava a bunda dela de forma sútil, ela conduziu as pernas ao redor da cintura dele para ali se fixar e ter mais apoio para colocar suas mãos em volta do pescoço do rapaz. Naquele momento o corredor era o menor do problema deles, pouco estavam se importando com o fato de que poderiam ser pegos a qualquer momento ou que as câmeras de segurança do prédio denunciasse algo.
Eram só eles. Ali. Naquele momento.
— Eu quero ser sua! — não pensou duas vezes antes de falar.
Tudo o que precisava ouvir era isso, toda a vontade de fodê-la cairia por terra, pois, ele iria fazer isso sem pestanejar, faria esquecer a existência de qualquer cara na face da terra, faria ela sempre ir atrás dele em busca de mais. Puxou a garota para um beijo, desesperado pelos seus lábios, precisava senti-la.
A garota completamente domada, o seguia em cada passo e logo estavam se atacando de maneira violenta, mesmo sem fôlego, não conseguiam parar, era como se quisessem isso há tanto tempo que não sabiam como agira. Pareciam primitivos descobrindo o tesão pela primeira vez.
a colocou no chão, sem parar de beijá-la e depositou uma mordida no lábio dela que a fez pensar com certeza que causaria um desconforto na região assim que acordasse no outro dia, mas não se importou. Logo que seus pés alcançaram o piso com segurança e percebeu isso, tratou de tirar o blazer de pausadamente enquanto fixava seu olhar no dela.
— E se nos pegarem? — falou sem jeito olhando para os lados.
— Eu não me importo com o que aconteça se eu te fizer minha essa noite! — despiu as palavras enquanto observou a peça preta cair no chão.
... — tentou dizer algo e ele a interrompeu colocando dois dedos sobre a boca dela.
— Tão maravilhosa... — falou olhando diretamente para a região dos seios dela que estava exposta por causa da regata branca de seda que ela usava. — Tão sedento! — referiu-se a si mesmo enquanto distribuía beijos pelo busto da garota.
— Pare de me torturar! — grunhiu em protesto.
— Você gosta! — contestou.
— De você? — chamou a atenção dele que se prontificou em encará-la. — Nunca! — ela arregalou os olhos.
Levou um total de dois segundos para que ambos caíssem em gargalhadas, estarem naquela situação, mas, ainda em negação era algo que já esperavam e sabiam muito bem lidar com isso ao que parecia. cessou a risada buscando a boca dela, roçando seus lábios, devagar, contra os da morena até que ela o permitisse beijá-la novamente.
E assim que ela deixou, começaram mais um beijo impetuoso sem espaços para pausas ou explicações dos motivos que os levaram a fazer aquilo. puxou com força o cabelo dele, não sabia que gostava de ser selvagem até querer domá-la. Naquele momento seria dele como e onde ele quisesse, desde que ele não perdesse mais tempo.
arrastou suas mãos até o botão do short de napa dela, o abriu devagar, procurando o zíper em seguida e o arrastando para baixo, não evitou olhar para região e foi perceptível o tecido preto, completamente, rendado. Dedilhou a barra da calcinha e arfou, o toque dele estava a enlouquecendo.
— Ia mesmo dar para ele? — a questionou, pressionando-a mais ainda contra parede. A garota ficou em silêncio. — Eu estou falando com você! — retirou a mão da roupa íntima da morena para segurar o queixo dela.
— Eu estou aqui com você, por que isso faz diferença? — mordeu o lábio lentamente.
— Me prometa que não importa o que acontecer, não vai mais dormir com ele. — recostou a testa sob a dela.
— O quê? — sussurrou. — Eu não vou prome...
— Me prometa! — a interrompeu enfiando sua mão dentro da calcinha e não se absteve por soltar um gemido. — Me diga que não vai dormir com ele, mesmo que o encontre em algum lugar, não importa a circunstância, me prometa que não dormirá com ele, . — falou no pé do ouvido de .
— Eu prometo! — pousou as mãos sobre os ombros buscando algum tipo de apoio. — Apenas me toque logo! — disse manhosa.
— Assim? — pressionou dois dedos no clitóris dela e esfregou os mesmos lentamente em movimentos circulares.
— Exatamente assim. — o fitou intensamente.
Se beijaram pela milésima vez aquela noite enquanto deslizava seus dedos pela região intima dela com facilidade, pois, a mesma estava completamente molhada. não via a hora de penetrá-la com seu membro que já estava completamente enrijecido. apartou o beijo quando sentiu o volume passar pela sua coxa.
— Vamos entrar! — ela pediu.
— Ainda não! — retrucou, levando seus dedos até a boca e os chupando para sentir o gosto da garota. — Tão deliciosa! — sorriu sacana.
— Eu quero te sentir dentro de mim. — o agarrou pela camisa social que ele usava.
— Diga isso de novo. — pediu em uma súplica.
— Eu quero te sentir dentro de mim. — passou uma das suas mãos pelo pênis que estufava a calça jeans de .
Nesse momento o barulho do elevador que anunciava a chegada de alguém foi disparado.
— Ai, meu Deus! — Olivia gritou. — Que porra é essa? — cobriu os olhos.
e , extremamente assustados, se afastaram na mesma hora.
— Ai meu Deus! — repetiu.
— Olivia, que merda você está fazendo aqui? — reclamava com a melhor amiga enquanto fechava o botão do short.
— Eu que te pergunto o que está fazendo transando com um estranho no meio do corredor? — resmungou.
O rapaz estava pálido, sem reação.
— Nós não estávamos transando. — a garota repreendeu a amiga.
— E e-eu não sou um estranho. — retrucou nervoso.
— Bem, eu não sei quem você é. — redarguiu.
— Pode descobrir seus olhos, Liv, não há nada que não tenha visto antes. — a morena falou enquanto apanhava seu blazer que estava jogado no chão.
— Eu acho melhor eu ir, ! — disse sem graça ao passo que tentava encaixar suas mãos no bolso da calça. — Te vejo amanhã no trabalho. — sorriu fraco para que nesse momento só queria se enfiar em um buraco.
— A gente se fa...
— Espera aí! Trabalho? — Olivia a interrompeu. — Meu Deus! Você é o famoso ? — o encarou boquiaberta.
— Famoso? — fitou confuso.
— Liv, você quer calar a porra da sua boca, por favor! — a morena puxou a amiga para perto de si.
— Eu não sei quanto ao famoso, mas, sim eu sou o . — assentiu em confirmação com a cabeça.
— Do que você tanto reclama? — Liv fitou indignada. — Ele é um gostoso! — tentou sussurrar, mas, ouviu e acabou soltando uma risada fraca.
— Olivia, por favor! — revirou os olhos.
— Eu sou a melhor amiga da . — apontou para garota, completamente sem graça, ao seu lado. — Você pode me chamar de Liv! — sorriu
— É um prazer te conhecer, eu acho! — falou constrangido. — Acho melhor eu realmente ir. — gesticulou para o elevador.
— Sim, sim! — falou rapidamente, envergonhada.
— Está tudo bem, certo? — ele quis confirmar que dessa vez não o odiaria no dia seguinte.
— Certo! — sorriu com olhos de forma genuína e ele foi recíproco.
— Tchau! — ele mordeu o lábio, risonho e o acompanhou rindo nasalado com as mãos para trás, até que o mesmo entrou no elevador e desapareceu no corredor.
Para Olivia, que observada toda a situação por um outro ângulo, aquilo não parecia ser um comportamento de duas pessoas que se odiavam, ainda não entendia o motivo da amiga dizer que não gostava dele quando eles estavam se pegando loucamente e para pior não havia sido a primeira vez.
— Pode começar a se explicar! — a ruiva olhou para com as sobrancelhas arqueadas.
— Eu não quero falar sobre isso. — passou pela amiga indo em direção a grande caixa de metal.
— Você não quer dizer o motivo de estar quase dando para seu inimigo em frente à porta da sua casa? — perguntou irônica enquanto seguia a garota.
— Vamos apenas beber algo! — apertava o botão do elevador freneticamente.
— Com você cheirando a sexo? — debochou e a morena revirou os olhos.

[...]


encarava um ponto fixo há alguns minutos, a confusão que estava acontecendo em sua mente, pois, não fazia sentido algum o que ela e acabara de fazer, como podia definir sua relação com ele agora? Principalmente, quando não existia uma razão aparente para querer tanto que ele tivesse terminado o que começou.
A ideia de gostar de a causava náuseas, mas, qual o motivo de gostar de ser tocada pelo rapaz? Não conseguia entender e piorava quando ela via que não era carência ou falta do toque de alguém, visto que há uns dias havia beijado Max, estava conversando com o mesmo e provavelmente transado se não tivesse atrapalhado tudo. Então, não entendia toda a bagunça que estava acontecendo dentro de si, quando seu corpo desejava apenas seu rival.
? — Olivia estalou os dedos chamando a atenção da garota.
— Oi! — balançou a cabeça, saindo do transe.
— Esperando você me explicar o que aconteceu. — levantou as sobrancelhas.
— Eu não sei... — deu de ombros. — Ele apareceu falando umas coisas estranhas e eu... — pigarreou.
— Que coisas estranhas? — fitou a amiga desconfiada.
— Tipo... — respirou fundo. — Basicamente disse que estava se sentindo atraído por mim. — falou rapidamente na tentativa de não soar tão absurdo.
— E você, pelo visto, correspondeu né? — sorriu ironicamente.
— Sério? — fez uma careta e Liv desmanchou o sorriso automaticamente.
— Eu acho que estava bom o suficiente para você querer fazer no corredor mesmo, não é? — sentiu o sarcasmo no seu tom de voz.
— Não me culpe! — fez um bico. — Estou há meses sem uma transa...
— Claro! Só quer saber de trabalho. — revirou os olhos.
— Ele me tocou de uma forma diferente. — mordeu o lábio. — Nunca me senti tão desejada, Liv, eu juro! — engoliu seco.
— Eu não estou sentindo coisa boa saindo dessa situação, . — repreendeu a morena de imediato. — Vocês trabalham no mesmo lugar, isso pode dá uma merda gigantesca e até ontem vocês se odiavam. — gesticulou com as mãos.
— Eu ainda o odeio. — corrigiu a amiga ligeiramente. — Mas, não posso odiá-lo e ainda sim querer fazer sexo com ele? — jogou a cabeça para o lado pensativa.
— Onde isso vai te levar? — bebericou a cerveja que estava a sua frente.
— A um orgasmo? — indagou cinicamente.
— E por que ele se pode ter qualquer um desse bar? — cruzou os braços esperando uma resposta de .
— Você mesmo disse que ele era um gostoso, Olivia Miller. — retrucou emburrada.
— Mas, existem outros caras tão gostosos quanto ele. — estreitou os olhos.
— É diferente, é como...
— Se fosse impossível ele gostar de você? — Liv a interrompeu.
E naquele momento percebeu que, possivelmente, sua amiga estava descrevendo o seu padrão de homens. Era uma garota que gostava de desafio, então sempre procurava o que era árduo demais ou o que a daria trabalho suficiente para mantê-la entretida um bom tempo, por esse motivo sempre acabava ficando com caras que eram considerados difíceis demais de serem conquistados.
— O que está querendo dizer? —perguntou, com um sorriso falso.
— Não me venha com essa cara, sempre vai atrás do que não pode ter. — reprovou o comportamento da morena.
— E quem disse que eu não posso tê-lo? — deu de ombros.
— Está tentando ser demitida? — bufou impaciente.
— Não, eu só...
— Só está tentando provar que pode tê-lo na palma da sua mão mesmo ele te odiando? — arqueou uma das sobrancelhas.
— Para com isso! — pediu. — Está me assustando com essa leitura idiota sobre mim. — virou o copo de cerveja.
— Eu te conheço desde sempre! — encarou preocupada. — Isso é o seu ego e você vai terminar se machucando. — apontou o indicador para garota.
— É só sexo! — suspirou.
— Nunca é só sexo quando se tem ego envolvido e se ele estiver pensando da mesma forma que você isso só vai piorar as coisas. — aconselhou a amiga.
— Chata! — estirou a língua.
Em partes sabia exatamente com o que Olivia estava preocupada, estava se tornando interessante para ela, pois, era uma pessoa que cogitaria qualquer outra mulher antes dela, mas, agora estava tão vulnerável, era o momento perfeito para ela descobrir todos os pontos fracos e provar que sempre esteve à frente dele
Mesmo concordando com sua amiga que seria muito arriscado ela se colocar nessa situação, não teria muito a perder visto que também não iria querer ficar desempregado e provavelmente ficaria calado por um bom tempo ou tempo suficiente para que ela se aproveitasse do que pudesse.
E o intuito de usar seu corpo para isso deixava tudo mais emocionante, uma vez que ela não mentiu quando disse que ele realmente a tocou de forma diferente, a fez se sentir desejada, como se ela fosse a única mulher que existisse para ele naquele momento. Então descobrir as limitações dele e ainda por cima ter orgasmos por causa disso, estava parecendo uma ótima ideia.
Decidiu que não comentaria muito mais com Liv em relação as coisas que aconteceriam com , pois, nem ela ao menos sabia o que iria suceder depois que tentasse a psicologia reversa com o mesmo. Logo, esperaria e apenas deixaria que tudo fosse encontrando o seu devido lugar.
Após tentar desconversar o máximo que pudesse na mesa de bar, foi para casa descansar para que pudesse acordar cedo no dia posterior já que trabalharia logo cedo. Direcionou-se para o banheiro e começou a retirar sua roupa, iniciando pelo seu blazer e flashes de a tocando vieram à tona, umedeceu os lábios imediatamente.
“Isso pode dar uma merda gigantesca!”
A frase de Miller ecoou em sua mente e ela bufou irritada.
Pegou o celular que havia deixado em cima da pia há uns segundos e foi diretamente no contato do dito cujo que estava perturbando sua paz, não era possível que ele iria tocá-la e sequer mandar uma mensagem ou implicar com ela. Sentiu o coração palpitar mais forte quando o aparelho vibrou em suas mãos, assustando-a.
— Merda! — fechou os olhos, tentando se recompor.
A vibração se fez presente mais uma vez e tornou a olhar para grande tela presente em suas mãos. Eram duas notificações seguidas pelo nome de , evitou olhar para câmera frontal com medo que a mesma a reconhecesse e liberasse a leitura das mensagens.
— Está adivinhando até quando penso em você agora? — fez um bico após reclamar.
“Chegou em casa?”
“Está com raiva de mim?”
encarou, confusa, as mensagens. Desde quando demonstrava tanta preocupação assim, nem ao menos fazia sentido. Por que ele estava se importando tanto em como ela estava se sentindo em relação a tudo o que tinha acontecido entre eles? Não tinha como ficar mais caótico, provavelmente, o universo, logo estaria com o chácaras desalinhados.
“Do que tem medo?”
A morena respondeu, ansiosa.
“O que quer dizer?”
“É que você parece sempre pisar em ovos quando esse tipo de situação acontece entre a gente.”
engoliu seco. Odiava o fato dela não conseguir entender as entrelinhas, ele era péssimo para explicar como se sentia e não funcionava sobre pressão, achava que isso já tinha ficado claro para garota, mas, ela sempre vinha e o atacava da forma mais direta possível, e como responde-la se o rapaz ao sequer sabia do que tinha medo?
Resolveu ligar para com receio de que mais coisas ficassem subentendidas, não sabia o que falaria, mas, tinha plena consciência que de certa forma seria melhor assim, talvez o que precisasse ficar explicito fosse salientado para ele e o próprio conseguisse dar a resposta que ela queria.
— Alô? — atendeu.
— O que está fazendo? — tentou puxar assunto.
— Eu estava indo tomar banho antes de você começar a me perturbar. — reclamou.
— Isso significa que está pelada? — sorriu ao pensar na possibilidade.
— O que você quer, ? — não deu espaço para jogos, queria que ele fosse franco.
— Ai! — resmungou. — Por que tem que ser tão seca? — desconversou mais uma vez.
— Eu estou cansada! — encostou o telefone no ombro conseguindo apoio para retirar sua blusa e, consequentemente, seu short.
— Me desculpa! — colocou ela no viva voz para tirar sua camisa.
— Pelo que? — ela segurou o aparelho com a mão, novamente.
— Por não te fazer dormir relaxada hoje, sua amiga nos atrapalhou. — riu fraco do outro lado da linha e passou sua mão por cima do tecido rendado da calcinha, relembrando onde ele a tocou mais cedo.
— Talvez foi para o melhor, não acha? — questionou, mordendo o lábio.
— Por que você acha isso? — abriu sua calça jeans, puxou a mesma para o chão e logo posicionou o celular na orelha de novo.
— Pensei que me odiasse, mas, agora quer me foder, está me deixando confusa, senhor . — olhou para o espelho a sua frente e não evitou um sorrisinho.
— Talvez eu queira te foder porque eu te odeio, senhorita . — umedeceu os lábios e acomodou-se na cama.
— Olha só quem perdeu o medo de falar. — foi sarcástica e só então se deu conta que havia sido direto com ela.
— Ah! Qual é! É só sexo! — ironizou, disfarçando sua timidez com o comportamento de .
— É mais fácil assim, não é? — indagou, pegando impulso para sentar-se na pia do banheiro.
— Como assim? — expressou dúvida na sua feição.
— Acreditar que só é atração física. — justificou.
— Porque é apenas atração física. — rebateu.
— Então vamos fazer isso. — mordeu o dedo indicador, ansiosa.
— O que? — franziu o cenho, confuso.
— Sexo. — cuspiu a palavra sem desvios e pode ouvi-lo se engasgar freneticamente.
Era impressionante como ele perdia a compostura quando se tratava dela dessa forma, quando ela mostrava tanta atitude ficava completamente perdido, a morena não era nada cautelosa no momento em que estava à frente das provocações, sabia exatamente onde queria chegar.
— O que foi? — continuou a falar. — Você quase me fez gozar no meio do corredor do meu apartamento ...
— É diferente! — a interrompeu, sentando-se na cama.
— Como? — o testou.
— Nós não forçamos nada em nenhuma das vezes que aconteceu algo entre nós dois. — argumentou.
— Covarde! — proferiu por entre dentes.
— Nós poderíamos perder nossos empregos, ! — exasperou, indignado.
— Apenas se descobrissem! — contestou, risonha. — E levando em conta que você quase tirou minha calcinha uma vez dentro da própria empresa, somos bons em esconder as coisas. — disse convencida.
, agora, acreditava que existia um desejo de ambas partes, mas, apesar de tudo não conseguia crer que ela realmente estava falando sério, não parecia do feitio de querer agir de forma tão imprudente. Respirou fundo antes de responde-la.
— Está jogando comigo, ? — mordiscou o interior da bochecha ao sentir um frio na barriga.
— Acha mesmo que se eu estivesse com jogos, eu teria deixado você encostar um dedo em mim? — questionou. — Não me diga que está com medo? — estalou a língua no céu da boca repetidamente em reprovação. — Você é mesmo um covarde! — expeliu em tom de deboche.
— Quer mesmo fazer isso? — soou nervoso.
E rapidamente o seu celular vibrou, causando uma leve ansiedade quando viu a notificação de uma mensagem temporária da garota que continha uma foto da própria olhando para cima, com o sutiã preto a mostra e uma pergunta sugestiva: “Você não quer?”.
— Você não presta! — exacerbou em negação enquanto massageava seu membro, por cima da cueca, que insistia em pulsar.
— Você acha? — ela gemeu e ambos riram em consequência da ação dela.
— Eu te odeio, ! — levantou-se e seguiu caminho para seu banheiro.
— Não, você não odeia. — desceu da pia, sorrindo. — Agora eu preciso tomar um banho. — explicou, indo em direção a sua banheira, ligando a torneira e observando a água cair automaticamente.
— Poderíamos fazer uma chamada de vídeo. — sugeriu ao mesmo tempo que tirava a sua cueca e soltou uma gargalhada gostosa que ecoou para ele da melhor forma possível.
— Boa noite, ! — desligou sem dar uma chance para que o mesmo se despedisse.
— É amigão, parece que vamos ter que resolver isso sozinhos. — falou enquanto observava seu pau duro. — Não acredito que vou bater uma para você, ! — bufou, entrando no box.
Odiava a ideia que se tocaria pensando nela. Sentia-se tão desconfortável por que nunca em dois anos que isso passaria pela cabeça dele, em nenhum momento a enxergou dessa forma, o que havia mudado então? Teria sido o beijo no natal que despertara sentimentos e desejos que estavam adormecidos ou ele só estava sendo “homem” e buscando o próprio prazer?
As dúvidas rondavam a mente dele de forma caótica, exatamente como a morena vinha roubando as últimas horas da sua noite por não sair do seu pensamento. Direcionou a mão direita até o membro ereto e começou a massagear a cabeça do mesmo, sentindo os arrepios dominarem todo seu corpo de forma uniforme.
Fechou seus olhos e iniciou um movimento frenético de “vai e vem” no seu pau, que cada vez mais ficava duro com a possibilidade de estar dentro de , a sua imaginação fazia questão de lembra-lo de todos os detalhes possíveis da garota.
A maciez dos fios de cabelos, a pele hidratada e exalando o cheiro de canela que ele adorava, a delicadeza dos lábios, o sorriso doce, o olhar, completamente, submisso suplicando por mais do toque dele e aquela voz pedindo para ser dele, a frase: “Eu quero ser sua!” deve ter sido repetida ao menos umas cinco vezes em flashes da sua memória. Gemeu involuntariamente e colocou a mão esquerda na parede para que não se desiquilibrasse quando gozasse.
A alguns quarteirões dali fazia o mesmo dentro de sua banheira, os pequenos dedos deslizando sobre seu clitóris, tentando reproduzir a mesma ação que fazia mais cedo quando a tocava. Recostou a cabeça no porcelanato e mordeu o lábio ao sentir que ativou seu ponto de prazer, nem a água que se movimentava na mesma frequência seria capaz de pará-la.
— Eu não acredito que estou fazendo isso! — Sussurrou para si mesma enquanto a lembrança do contato de com sua intimidade permanecia vivida em sua mente.
Talvez, há alguns meses seria loucura imaginar que ambos estariam buscando o deleite de uma forma, tecnicamente, mútua. Porém, agora ambos aceleravam o ritmo e os gemidos pareciam estar sincronizados mesmo que os dois não estivessem no mesmo lugar, até que ambos chegaram ao orgasmo de forma que sentissem uma enorme vibração dominar o corpo e um êxtase inexplicável.
Eles, realmente, haviam se masturbado um pensando no outro?


CONTINUA...



Nota da autora: Oi meu amores, deixando essa notinha aqui para dizer o quanto estou super ansiosa com essa fanfic, pois, eu parei de escrever por muitos anos e perdi, completamente, a animação com isso. Até que por um acaso me veio na mente, uma fanfic que li há muitos anos atrás aqui mesmo, e de imediato minha primeira ação foi entrar no site e procurar por essa história para descobrir que autora abandonou. A decepção bateu e me deu uma dorzinha no coração por pensar que nunca saberia o final que se passava na cabeça dela.
Então lembrei de como deixei tantas histórias não terminadas ao decorrer desses anos e decidi voltar a ler fanfics finalizadas para lembrar da sensação de um final que ficasse na minha mente por tempo indeterminado, até que voltei a ler as que estavam em andamento e assim sucessivamente.
O site me ajudou 100% nesse processo, por que voltei a ficar viciada e simplesmente não parei mais e não demorou muito para que as ideias já começassem a borbulhar novamente dentro de mim e não foi diferente, o desejo de voltar a escrever me consumiu por inteira de maneira nostálgica.
Então, espero que gostem de ler a história responsável pelo meu comeback e que possam acompanhar esses personagens juntos comigo até que o final deles também chegue.
Eu prometo não abandonar, de dedinho.
Enfim, quero agradecer a minha beta Sial e a minha amiga Anne por me aturarem, só Deus sabe o quanto tirei o juízo delas para que essa história estivesse aqui e as duas só me devolveram amor, carinho e paciência.
P.S.: A meta é ser igual a elas!

Deixei o link da playlist a qual ouço sempre que escrevo para vocês poderem se conectarem aos personagens tanto quanto eu.



OLÁ! DEIXE O SEU MELHOR COMENTÁRIO BEM AQUI.

Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


comments powered by Disqus